15/12/15

Tremeu

Tremeu feliz.
Agora tudo batia certo.
Conseguira responder sem hesitação na voz.
Já não faria mais recados por obrigação, não queria.
Há muito que desejara expressar recusa, dar um murro na repressão.
Não e não!
Deixou o fogão, a cama…
Partiu com vontade de respirar.
Preferira a vertigem do desconhecido, da imperfeição.
Negara aquilo que desejou, quis sentir o outro vazio.
Ganhara o sufoco limpo, nos pulmões oprimidos, no ar daquela madrugada.

Graça Pereira, 57 anos, Setúbal

Desafio RS nº 32 – a arte de dizer não

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