Fazia
festas na barriga e dizia ao bebé: “estamos no barco”. As palavras chegavam ao
bebé pelo cordão umbilical. O bebé tranquilizava. De regresso a casa comia
gelado de chocolate branco. A bebé lambia-se.
Dava
de mamar, olhando o relógio dourado, da sua avó, para controlar tempos da
mamada. Dez minutos cada mamilo.
Fixou
os ponteiros: rodaram, rodaram, rodaram…
Passou
tanto tempo!
“Força
filha!”. Sua neta nascia. Palmada no rabo, choro.
O
relógio dourado mudou de pulso.
Marina Delgado, 51 anos, Pucariça,
Abrantes
Desafio RS nº
23 – história de mulheres
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