Não precisava
ir cedo. Mas sabia que ele ia naquele comboio. Via-o à espera na estação e
entrava na mesma carruagem. Sentava-se de frente, longe. Ele lia o tempo todo.
Ficava a olhá-lo. Se ele tirava os olhos do livro ela desviava o olhar. Coração
aos pulos.
Nunca
falaram. Nunca cruzaram os olhos. Nunca soube o nome dele. Vê-lo dava-lhe um
conforto para o resto do dia.
Mudou de
cidade, nunca mais o viu. Ainda pensa nele.
Marina Delgado, 51 anos, Pucariça, Abrantes
Desafio Escritiva nº 5 – cruzar comboios
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