28/04/16

De Sintra a Lisboa, durante a semana

Não precisava ir cedo. Mas sabia que ele ia naquele comboio. Via-o à espera na estação e entrava na mesma carruagem. Sentava-se de frente, longe. Ele lia o tempo todo. Ficava a olhá-lo. Se ele tirava os olhos do livro ela desviava o olhar. Coração aos pulos.
Nunca falaram. Nunca cruzaram os olhos. Nunca soube o nome dele. Vê-lo dava-lhe um conforto para o resto do dia.
Mudou de cidade, nunca mais o viu. Ainda pensa nele.

Marina Delgado, 51 anos, Pucariça, Abrantes
Desafio Escritiva nº 5 – cruzar comboios


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