A vida subtraíra-lhe os sonhos antes de ela os ter.
Limitara-se a somar-lhe multiplicações de trabalho. Chegar sem desfalecer ao
catre onde embalava o descanso era a prova real – sobrevivia. Era assim o seu
ângulo de visão, raso por desconhecimento, agudo pela dificuldade. Quando
aquele rapaz lhe invadiu os limites, formou-se um conjunto ilimitado de
sobreposições. Mas, estando ela mal preparada para o resultado, equacionou
pontos de fuga. O destino traçou-se, então, em retas paralelas, sem
interseções.
Margarida Fonseca
Santos, 55 anos, Lisboa
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