O Amolador
O que fizera da sua vida? De que tecido poroso eram urdidas as suas horas?
Agarrado a uma caranguejola, gastava os dias a pedalar, amolando facas,
cutelos, tesouras e afins.
Desiludido e angustiado, chegou o dia em que decidiu cortar baraços, romper
as teias das conveniências, voar mais alto...
Desandou. Foi parar a outras terras. Mas... de novo, o mister falou
mais alto:
de amolador de facas passou a afinador de máquinas.
Afinal, sempre era outra coisa...
Elisabeth Oliveira
Janeiro, 71 anos, Lisboa
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