30/07/16

Descrença

Juntou-se-lhes no final da tarde, na hora em que o crepúsculo a estimulava a virar-se para dentro. Não sabia porque ali entrara. Não gostava de catedrais, daquela dimensão desmedida, do peso de um Deus em que não acreditava. Olhou as pessoas à volta e sentiu-se esmagada pelas suas crenças. 
«Vá lá, faz um esforço, acredita», pensou, no momento em que se deram as mãos. 
Tentou sentir algo mais, porém tudo o que a preenchia era a solidão.
Quita Miguel, 56 anos, Cascais
Desafio nº 109 – solidão no meio de gente

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