31/07/16

Os olhos de Luana

Os olhos de Luana fugiam de todos. Miúda encorpada, de pele como chocolate macio, era tão criança quanto os outros, exceto nas dimensões desproporcionadas do corpo e no sofrimento que, apesar da idade, lhe daria licenciatura, se sofrer desse canudo. Não ouviu nem escreveu: olhou o céu durante 90 minutos; derramou lágrimas outro tanto tempo. No fim da aula, como sempre, ficou mendigando mimos. Levantou a camisola velha e deixou-me ver os vergões esculpidos nas suas costas.
Maria José Castro, 56 anos, Azeitão 

Desafio nº 109 – solidão no meio de gente

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