Os números
das horas já não lhe diziam nada. Acordava com pis na cabeça e números primos a
zumbirem nos ouvidos. O roncar obtuso do marido ofendia a raiz quadrada do seu
ser e os grunhidos
que ele fazia na casa de banho faziam-na vomitar equações
elevadas a dez. Já não conseguia aguentá-lo. Decidiu, então, fugir. A tangente
que lhe fez permitiu-lhe atingir o ponto de fuga perfeito. Nunca mais a viu.
Ela tornara-se um número inteiro.
Filomena Afonso Mourinho, 43 anos, Serpa
Desafio RS nº 38 – a matemática dos dias
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