Acordou. Mais uma noite mal dormida. Como tantas
outras ultimamente. Horas que se arrastam, a pensar ou a fugir ao pensamento. A
fugir de si mesmo.
Levantou-se, devagar saiu da cama e foi pé ante pé, devagar, muito devagarinho,
até à casa de banho. Olhou-se ao espelho. Aquele que está na imagem, não é ele.
É-lhe desconhecido. Olheiras fundas, olhos encovados, feições alteradas.
Pálido, rosto deformado. Não se reconhece. É assim desde que lhe foi
diagnosticado parkinson.
Alda Goncalves, 49 anos, Porto
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