Todas as tardes ficava pasmado com a luz
do sol diluída até desmaiar, dourada, finalizada,
no puxador antigo da gaveta da escrivaninha. Nela
mantinha arquivados os seus poemas em asfixia. Ah!
Mas aquela melancólica réstia de luz apoquentava-o. A garganta cansada
por suportar o azedume permanente que o fazia ficar trancado
dentro das memórias. Rios de sol convidavam-no,
desafiavam-no. Idiotice era viver assim, longe dos seus
sonhos. Tanto tempo longe deles. E, sorrindo, abriu finalmente a gaveta.
Paula Coelho Pais, 56 anos, Lisboa
Desafio nº 128 – 12 palavras com 4 no meio
Sem comentários:
Enviar um comentário