A
rua deserta, o ar pesado. Ao longe, sons de passos apressados. Revolveu-se, por
dentro e por fora. A noite aborrecia-o sempre, esquecendo a ladainha do dia. Um
novo som, desta vez mais enigmático, aproximou-se. Um andar desarticulado,
desarrumado, como se a cadência do andar mostrasse como a vida o cadenciara.
Observou-o com atenção. O coxo cruzou-se com ele sem lhe dirigir a palavra,
sustendo a respiração para evitar o cheiro da pobreza. A noite continuou,
deserta.
Margarida Fonseca Santos
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