Abria o postigo, manhã cedo, e lá estavam elas, nas pedras,
dando-lhe os bons-dias. A casa da praia não era um luxo, tampouco segunda
habitação, era a casa dele. Ali nascera, brincara, iniciara a arte. Um dia,
vieram engenheiros e arquitectos, depois chegaram tractores, escavadoras.
Arrasaram-lhes a vida.
Uma estância turística ocupa agora o espaço do antigo
bairro dos pescadores. Não sobrou barraco para contar as suas histórias. Quem
sabe, elas não ressoam no grito das gaivotas?
Helena Rosinha, 67
anos, Vila Franca de Xira
Desafio nº 192 ― gaivotas em pedra
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