Madrugava. No corpo o cansaço da véspera, e da outra véspera,
o cansaço de todas as vésperas. Saía para vender peixe na cidade longe, como
fizeram antes mãe, avós, bisavós. Na cubata, entregues a ninguém, ficavam os
mais velhos, filhos gerados à razão das vindas do homem, sempre fora. O mais
novo, de poucos meses, levava-o colado a si; no caminhar, o mesmo
balanço, o mesmo respirar. Nunca se separavam. “Eram dois, mas só
tinham uma sombra.”
Helena
Rosinha, 67anos, Vila Franca de Xira
Desafio nº 207 ― frase de
Afonso Cruz
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