Sempre achei que o tipo era animal bravio e pouco dado a intimidades, pontes emocionais ou intelectuais. Para ele, os versos eram enigmas, sentia-os, sem conseguir explicá-los. Viu, um dia, um mendigo encostado à parede do prédio e ficou em choque. Resultado: deu-lhe de comer, roupa, banho... O perfil começava a esboçar-se. Tinha vindo de longe, sem família, com os pertences num caixote de papelão. Imigrara. No rosto, uma réstia da guerra e uma ferida por sarar.
Margarida Fonseca Santos, 62 anos, Lisboa
277 – 10 obrigatórios de 6 em 6
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