25/10/15

Talvez...

O tempo gastou a casa. Gastou as palavras das estórias contadas. Gastou as risadas inocentes.
A casa gastou-se, como as outras coisas, acabou. Visitei-a, demoradamente, em cada sala ecoava-as, as estórias, as palavras. Qualquer coisa que resistia ao tempo, morava-a. Não sou de pensar, de ter deus, de ser otimista. Mas quando cheguei de lá, mudei-me. Vesti, remocei-me, talvez a memória não seja tão íntima, egoísta, talvez venha do espaço, do que não se sabe nada, sim.

Constantino Mendes Alves, 57 anos, Leiria

Desafio nº 98 – fotog de P Teixeira Neves

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