Quando chegou ao trabalho ― atrasado, como sempre ― sentiu
algo fora do lugar, mas não fez caso. Ao entrar na sala comum (ou open
space, como agora lhe chamam), fazendo por ser discreto, ninguém o olhou
com desdém. "Já me safei", pensou para si. Só ao sentar-se na sua
cadeira é que notou: não se ouvia telefones. Nem um único. Pôs-se de pé num
salto, e foi quando finalmente percebeu: "Eu não trabalho aqui, caraças.
Enganei-me no metro".
Francisco Henriques, 34 anos, Lisboa
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