Que
desventura! Alinhadas para a próxima fogueira. A nossa vida fora pautada por
constante doação aos humanos. Contribuíamos para a sua felicidade. Estávamos
destroçadas!
Um dia,
o vento Norte limpou-nos a poeira. Ficámos limpinhas, a brilhar.
Um
marceneiro nem queria acreditar – tanta beleza desperdiçada?
Homem
sensível, logo passou à ação – transformou-nos numa linda cómoda, verde-mar,
dourada, espelhada.
Fomos
oferecidas a uma brilhante senhora. Contribuíamos, diariamente, para melhorar a
sua deslumbrante beleza.
A nossa
felicidade era incontrolável. Éramos intemporais.
Fernanda
Costa, 57 anos, Alcobaça
Desafio nº 184
― monólogo de lenha
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