18/09/19

Fernanda Costa ― desafio 184

Que desventura! Alinhadas para a próxima fogueira. A nossa vida fora pautada por constante doação aos humanos. Contribuíamos para a sua felicidade. Estávamos destroçadas!
Um dia, o vento Norte limpou-nos a poeira. Ficámos limpinhas, a brilhar. 
Um marceneiro nem queria acreditar – tanta beleza desperdiçada?
Homem sensível, logo passou à ação – transformou-nos numa linda cómoda, verde-mar, dourada, espelhada.
Fomos oferecidas a uma brilhante senhora. Contribuíamos, diariamente, para melhorar a sua deslumbrante beleza.
A nossa felicidade era incontrolável. Éramos intemporais. 
Fernanda Costa, 57 anos, Alcobaça
Desafio nº 184 ― monólogo de lenha

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