Não deixa de ser irónico encontrar-me aqui, um entre
tantos outros, diferente na cor, tamanho, estilo. Ouço-os, saudosistas,
rememorarem tempos antigos; cheios de si, vangloriam-se dos seus feitos. Não
entendem que esse tempo acabou e persistem.
Deixo-os falar,
em breve até isso perderão. Aproxima-se o fim a que nos destinaram. Qual será o
meu? Não será certamente a lareira duma casa abastada, mas a fogueira num
barraco de miséria, que também a lenha se divide em classes.
Helena Rosinha, 66
anos, Vila Franca de Xira
Desafio nº 184
― monólogo de lenha
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