31/03/20

Ana Paula Oliveira ― desafio 203


Quando o bicho nasceu, achou-se o mais poderoso do mundo. Mais poderoso que os poderosos.
De imediato, partiu mundo afora, num JOGO em que as peças são a VIDA e a morte e que, para ele, se tornou um VÍCIO que não quer largar.
E não poupa nenhum país por onde passa a uma VELOCIDADE estonteante. Revestido de ADRENALINA, põe todos em PERIGO. Destrói a economia. Destrói afetos. Não permite abraços.
O mundo atual vive no RISCO.
Ana Paula Oliveira, 59 anos, S. João da Madeira
Desafio nº 203 risco + 6 palavras

Helena Nunes ― desafio 203


Não sei se risco ou se me deixo riscar.
Se procuro a liberdade de riscar a minha vida ou se me deixo apagar
num enredo sem emoção.
De quanta coragem preciso para escrever a vida tal como a imagino?
E quanto medo tenho de sentir para fechar o meu livro?
Quanto de mim terei de ser para viver?
A vida é um instante e eu não quero ficar na estante.
Por isso, pego na caneta.
E risco.
Helena Nunes, 26 anos, Vila Franca de Xira
Desafio nº 203 risco + 6 palavras

Toninho ― desafio 203


Vários pomares na redondeza. Ali morava o menino aventura. A mãe vivia em agonia, devido à gravidade dos meninos quando se reuniam. Numa manhã recebeu notícias de um ataque de cães aos meninos. Temerosa passou pela angústia de pensar no filho. Correu pelo caminho na louca aflição. Assustada o viu numa árvore em risco. O short rasgado mostrava o bumbum ferido. Com chinelo à mão em transe sorria e gritava. Voltaram abraçados com deliciosas mangas na sacola.
Toninho, 64 anos, Salvador-Bahia, Brasil
Desafio nº 203 risco + 6 palavras
Publicado aqui: Desafio 203

Natalina Marques ― desafio 203


Não SUBAS tão ALTO
que podes cair.
E o teu amigo
de ti, vai se rir
nem sempre o que pensas
podes sempre FAZER.
e o muito que sabes
não deves OMITIR.
e não leves tanto
a vida a CORRER.
Pois de repente
podes vir a PERDER
o que tanto te custou
para adequirir.
Ao longo da vida,
de muito aprender.
Todos sabemos
que a vida é um RISCO
mas também sabemos
que temos, que o correr.
Natalina Marques, 60 anos, Palmela
Desafio nº 203 risco + 6 palavras

Matilde C ― desafio 137

O sol já havia nascido naquela aldeia. No topo da colina, numa pequena casa cor de rosa, vivia um homem pobre e doente que levava uma vida cinzenta. Havia perdido tudo, amigos, família, trabalho e até saúde. Passava seus dias na janela da casa onde um dia havia construído uma família. De isqueiro na mão, acendia um cigarro e ficava ali especado, feito burro, à espera que a vida lhe devolvesse tudo aquilo que lhe havia roubado.
Matilde C, 13 anos, Odivelas
Desafio nº 137 ― rosa, isqueiro, burro

Sara ― desafio 202

Deves pensar que nasci ontem! Só sabes prometer, quanto ao cumprir, não tens tempo. Agora percebo que ontem era tarde para acabarmos e não adianta lamechices nem lágrimas de crocodilo. Mas, ontem quando te vi agarradinho a ela, percebi tudo. Fui um passatempo tal como a conversa de ontem que já lá vai. Só prometidas para ontem e nunca para amanhã. Mas digo-te, o ontem já lá vai. Não te quero nem hoje, nem ontem, nem amanhã.
Sara, 32 anos, Coimbra
Desafio nº 202 ― 7 vezes a palavra ONTEM

Rosélia Bezerra ― desafio 203


Estamos em tempo de Pandemia,
O humor mina, vem atroz letargia,
Como gerar as intensas emoções,
Se temos compaixão e os senões?
Urge Deus nos dar alento, consolo,
Precisamos riscar todo ruim dolo,
Gerenciar sabiamente as tensões,
Não nos entregarmos aos leões.
Requer ânimo e força de vontade,
Não dispensarmos a generosidade,
Mimar-nos com delicadeza de alma,
Mostrar o coração de quem se ama.
Assim seja nossa vida a cada dia. 
Assim seja, Deus sempre nos alivia.
Rosélia Bezerra, 65 anos, ES, Brasil
Desafio nº 203 risco + 6 palavras

Chica ― desafio 203

Dias de temor.
Um vírus apareceu e fez riscos e rabiscos em nossos dias, tornando-os iguais, sábados, domingos, feriados.
Estamos presos por trás das vidraças. 
Escadas e elevadores são usados apenas o necessário. 
Ninguém as usa pra simplesmente passear
É preciso ter coragem para enfrentar esse corona, mas, aqui no Brasil, o principal inimigo: o presidente
Obedecer o monstro é correr sérios riscos de contrair a doença, atrapalhar o trabalho dos médicos e de quem de direito!
Chica, 70 anos Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil
Desafio nº 203 risco + 6 palavras

30/03/20

Desafio nº 203


Vamos encontrar um universo de 6 palavras que gravitam
em significado e para cada um de nós, 
à volta da ideia de RISCO
Há várias interpretações.

O texto em 77 palavras nasce dessas 7 palavras (incluindo risco), 
que podem ser adaptadas.

Escrevi assim:
Dessas 7 palavras (6+RISCO) sairá o nosso texto.
Vazio altura coragem lápis desenho ponderado
Acordei alagada em suor. Ao meu medo das alturas, somara-se outro, o do vazio. Acordei quando a coragem fugiu. Sem fazer barulho, levantei-me e fui até à cozinha. Agarrei num lápis, ali deixado pelos meus filhos, e tentei fazer um desenho que representasse os meus medos. O resultado foi tão extraordinário que ponderei fazer um curso de desenho. Senti que tinha talento. Mas o mais novo apareceu e comentou: «Foste tu que desenhaste esses riscos? Está horrível!»
Margarida Fonseca Santos, 59 anos, Lisboa
Desafio nº 203 risco + 6 palavras

28/03/20

Ricardo R ― desafio 199


Certo dia, fui surpreendido por um ser húmido e irrequieto. Estava sentado no sofá, quando, de repente, vi uma rã, tinha olhos estranhos, grandes e olhava-me admirada.
Saltou por cima do meu ombro, fintando-me.
De salto em salto, correu toda a sala, obrigando-me a um enorme esforço até a conseguir apanhar. Era húmida e escorregadia. Pensei contar à minha mãe, mas percebi que ela não me deixaria ficar com a saltitona como lhe chamei.
Vive comigo no meu quarto e somos amigos.
Ricardo R., 12 anos, 6.º D, Agrupamento de Escolas de Póvoa de Santa Iria, professora Sandra M. Fernandes  
Desafio nº 199 ― rã no sofá

Rafael F ― desafio 199


Era uma vez uma rã que foi encontrada no sofá. Tudo começou quando a Joaninha estava a ver televisão e procurava o comando. Ela espreitou debaixo do sofá, atrás das almofadas… nada, em vez disso, encontrou uma rã. Que fazia uma rã no sofá da sala? Ficou muito assustada e gritou, espantando a rã.
Agachado, atrás do cortinado, o seu irmão Bernardo, agarrado à barriga ria-se à gargalhada.
Era mais uma das suas partidas… aquele maroto!!!
Rafael F., 11 anos, 6.º E, Agrupamento de Escolas de Póvoa de Santa Iria, professora Sandra M. Fernandes  
Desafio nº 199 ― rã no sofá

Carla Silva ― desafio

Mudanças
Rosa não queria acreditar em tanta mudança.
O aroma marinho dera um lugar ao cheiro característico das fábricas, o soar do sino da igreja era abafado pelas buzinas ruidosas.
O velho moinho onde Mário a pedira em namoro tornara-se um aglomerado de ninhos de andorinhas e era também onde as formigas procuravam alimento. 
Sentia que lhe tinham arrebatado o sonho de regressar a onde fora feliz. 
Tudo se perdera no tempo, o seu amor... a sua aldeia.
Carla Silva, 45 anos, Barbacena, Elvas
Desafio nº 198 ― anagramas de rosmaninho

Helena Rosinha ― desafio 202


Foi ontem à tarde. Ouvi o som, o pregão fora de moda e aproximei-me da janela.  Encostei a cabeça ao vidro, já não era ontem, era outro tempo. Abraçada à avó, observava fascinada a roda a girar, as faíscas… 
― Não apareceu ontem ― disse a avó enquanto ele afiava as tesouras.
― OntemOntem nasceu-me a Clarinha, nem saí de casa. E fui eu que a aparei, acredita?
Naquele ontem, eu acreditava em histórias felizes. Ontem choveu em mim.
Helena Rosinha, 67 anos, Vila Franca de Xira.
Desafio nº 202 ― 7 vezes a palavra ONTEM

26/03/20

Maria de Lurdes Duarte ― desafio 52


O silêncio era completamente devastador. Não se ouvia o menor ruído nas ruas. Era como se a alma da cidade se tivesse evaporado.
De súbito, ao longe, muito lá ao longe, de um ponto qualquer indefinido, uma música, a princípio quase imperceptível, foi-se desenhando no horizonte. Foi subindo de tom e, aos poucos, foi engolindo o silêncio e penetrou-me a alma. 
A música é um tempero da alma. Outro tempero é a poesia. Nutri-me e segui adiante.
Maria de Lurdes Duarte, 56 anos, Arouca
Desafio nº 52 – uma história com música, ruído e silêncio

Inês P ― desafio 200

Só fui uma vez ao teatro, mas gostaria de ir mais vezes. Dessa vez fui ver a peça “Ulisses” e gostei muito.
Chegamos lá e tinha uma rampa gigante. Numa parede havia vários posters.
Entrei para a sala sentei-me. O palco estava coberto de fumo com várias luzes coloridas.
A peça começou logo de seguida, tinha uma atriz e três atores. Eu achei a peça muito engraçada.
Quando a peça acabou, começou a tocar música.
Quero repetir!
Inês P., 6ºD, Escola Dr. Costa Matos, Gaia, prof Cristina Félix
Desafio nº 200 ― o TNSJ, no Porto

João O ― desafio 200


A minha profissão é ser ator e vou atuar no Teatro Nacional de São João. A peça chama-se: «O centenário do Teatro Nacional de São João», e vamos relembrar os melhores momentos até ao dia de hoje.
Quando entrei para o palco, todos aplaudiam e a peça iniciou-se. Até houve um teatro de piadas em que as personagens estavam disfarçadas de pessoas famosas. Eu gostei muito de todas as piadas.
Gostei muito deste excelente dia de celebração! 
João O., 5ºB, Escola Dr. Costa Matos, Gaia, prof Cristina Félix
Desafio nº 200 ― o TNSJ, no Porto

Rodrigo Q ― desafio 200

No dia vinte de setembro fui visitar o Teatro Nacional de S. João, com a minha família. Fui ver "A menina do Mar". O espetáculo durou duas horas e quando acabou a primeira hora fez-se uma pausa de dez minutos.
Nessa pausa acabei de descobrir um pouco da história do teatro. Acreditam que no século passado houve um incêndio?! 
Acabada a pausa, fui ver a segunda parte. Sorri muito, o rapaz foi ver os amigos no mar.
Rodrigo Q., 5ºB, Escola Dr. Costa Matos, Gaia, prof Cristina Félix
Desafio nº 200 ― o TNSJ, no Porto

Leonor G ― desafio 200

Num dia eu e a minha turma fomos ao teatro e senti-me emocionada ao entrar, porque nunca lá tinha estado.
Quando entramos, duas senhoras vieram ter connosco para nos entregar um livrinho informativo da peça que íamos ver.
Depois sentamo-nos num banco de espera até nos virem chamar.
Quando nos chamaram para assistir à peça, a narradora apresentou-se e outros senhores também.
No final muitas crianças fizeram perguntas.
Eu gostei do espetáculo e também me diverti muito.
Leonor G., 5ºB, Escola Dr. Costa Matos, Gaia, prof Cristina Félix
Desafio nº 200 ― o TNSJ, no Porto

Henry G ― desafio 200

No Teatro Nacional São João,
já fui lá vezes um montão.
Arte e arquitetura 
ficarão no meu coração.

Lá fazem peças de comédia,
jornalismo e da vida real.
Quem será o tal que tem aquelas ideias?
Só podem ser do Espaço Sideral!

Carnaval, Páscoa, Natal e Ano Novo
será que fazem da vida antiga como a do povo,
da burguesia e da nobreza?
E os atores têm que ter muita delicadeza
porque senão aquilo fica uma tristeza...
Henry G., 6ºB, Escola Dr. Costa Matos, Gaia, prof Cristina Félix
Desafio nº 200 ― o TNSJ, no Porto

Leonor P ― desafio 200

Teatro Nacional São João, nasceu há 100 anos, a 7 de março de 1920, na cidade do Porto.
Está classificado como Monumento Nacional e considerado um dos mais bonitos edifícios da cidade.
A minha turma visitou este teatro e conheceu o centro de documentação, os camarins e o fosso do palco.
As peças a que aí assistimos foram "Comer a língua" e " U".
Para que nunca caia no esquecimento, tenho um livrinho para anotar memórias.
Leonor P., 6ºB, Escola Dr. Costa Matos, Gaia, prof Cristina Félix
Desafio nº 200 ― o TNSJ, no Porto

Joana Marmelo ― desafio 52


Aquela que foi cama conjugal tornou-se ,agora, individual, apesar da dimensão.
Foi partilhada durante muitos anos, foi cúmplice de bons e de maus momentos, acolheu-nos na saúde e na doença.
Nunca senti tanto o silêncio da noite como desde que se tornou só minha.
Agora, um simples ruído faz-me estremecer e a solidão gela-me a alma.
As duas almofadas permanecem e continuo a ocupar o meu lugar, aquele que defini como meu.
Apenas a música por companhia.
Joana Marmelo
Desafio nº 52 – uma história com música, ruído e silêncio

Rosélia Bezerra ― desafio 52


Estou na varanda, 
um sol levinho, 
uma música afinadinha 
do bem-te-vi 
alegram meu coração.

Veio uma imagem 
em meu pensamento 
da linda história de Amor 
do Príncipe gigante 
com sua pequena Rosa.

Um ruído sonoro terníssimo 
bem dentro de mim
faz eco com o silêncio externo
desta quarentena necessária.

Claro que entendi, 
a exemplo do romance
que veio ilustrar minha tarde, 
estamos vivendo 
a Experiência do Deserto.

É tempo quaresmal!
Tempo de dedicação 
à nossa estimada rosa.
Rosélia Bezerra, 65 anos, ES, Brasil
Desafio nº 52 – uma história com música, ruído e silêncio

Chica ― desafio 52

Nesta quarentena, a tv nos mostra lindos momentos de interação entre vizinhos nas sacadas do mundo.
Giuseppe italianão, aqui no Brasil, resolveu colocar pra fora seu talento adormentado há mais de setenta anos.
Escolheu música: La bella polenta!
Ao primeiro acorde, Michelina sentiu o "drama e tratou de "sumir" ...
Não deu outra: ruído das janelas foram se fechando uma a uma! 
Giuseppe só queria ajudar, ficou frustrado... 
Ela sabia! Por vezes, o silêncio alimenta mais que polenta!!!
Chica, 70 anos Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil
Publicado aqui:
https://colorindonossosdias.blogspot.com/2020/03/giuseppe-e-o-talento.html
Desafio nº 52 – uma história com música, ruído e silêncio

24/03/20

Relembrando o 52


Gostava de vos trazer este desafio, que terá de juntar as palavras
música, silêncio e ruído.

Lembro-me de um professor de acústica que dizia: “ouvir pássaros de manhã depois de uma noite de insónia, é ruído; ouvi-los quando se está apaixonado, é música”.
Este é só um exemplo, não se prendam a ele. Podem ser significados metafóricos, claro!

Desafio nº 52 – uma história com música, ruído e silêncio

Marta F ― desafio 89

No século XXI, em todo o mundo, apareceu um vírus, a Covid-19. Dizia-se e confirmava-se que os elefantes e os outros animais não transmitiam o vírus.
A minha amiga Margarida, estava com tosse seca. Era um dos sintomas… Dei-lhe um lírio, mas ainda piorou as coisas. Pensei: «Será que a planta lhe transmitiu o vírus, ou tem alergia? Não se sabe…»
Quando lhe levava chá, estava sempre a tossir. Apetecia-me pegar no agrafador e prender-lhe a boca.
Marta F., 4ºA, EB Cabo-Mor, Gaia, Professor Pedro Santos 
Desafio nº 89 – hist c tosse+lírio+elefante+agrafador

Carolina B S ― desafio 199

Uma rã vivia num pântano sujo e mal cheiroso. Certo dia, decidiu que não queria ser a única naquele pântano, então foi em busca de um novo lar.
Procurou em cima e em baixo, até que encontrou um castelo.
Entrou, não viu ninguém, por isso sentou-se no sofá. Começou a ouvir um barulho de saltos altos a vir na sua direção e depois um grito. Assustou-se, pulou para os cabelos da princesa e depois fugiram ambas apavoradas.
Carolina B S, 9 anos, Sintra.
Desafio nº 199 ― rã no sofá

Francisco C ― desafio 199


Numa manhã, perto do charco, uma rã pôs- se a admirar o sol. De repente, sentiu um odor agradável vindo da casa dos humanos! Eram umas bolachas.
Partiu em busca das bolachas… Por fim, quando chegou à tal casa, reparou que a televisão estava acesa e pensou que se se sentasse um pouco no sofá, a ver televisão não faria mal:
― Mãe, está uma rã no nosso sofá, ainda para mais, está a comer as nossas bolachas!!
Francisco C, 6ºB, Escola Dr. António Augusto Louro, professora Isabel Preto
Desafio nº 199 ― rã no sofá


Judite ― desafio 169


Perante acontecimentos sombrios, não me calei, adverti sensibilizei, não aceitaram, consideravam-se donos da verdade. Daquilo, não os imaginava capazes. Percebi e lembrei-me das palavras. Tremia, mas acreditava, tinha Fé! Ainda que trôpega, percorri todos os Santos, iluminei-os, orei. Alguma coisa estava acontecendo, o Céu escureceu, relâmpagos e trovões - choveu copiosamente. Tudo parecia desabar a qualquer momento. Repentinamente, tudo terminou. Dizer tudo seria impossível! O Sol começou a brilhar. Felizmente, já podia sonhar com a Luz.
Judite, 27 anos, Santarém 
Desafio nº 169 ― frase ao contrário

Verena Niederberger ― desafio 202


UM SONHO
ONTEM pensei muito na minha Tia Lilly
ONTEM, mesmo, tive com ela um sonho.
ONTEM, estava linda e me olhava serenamente.
O seu jeito doce me fez recordar o tempo na fazenda.
O bolo que só ela sabia preparar.
Tenho que fazer logo outro, pois o de 
ONTEM logo ONTEM terminou.
No sonho, 
ONTEM, me disse que eu teria que me cuidar.
 Que Saudades tenho daquela época.
Tempo bom que não volta jamais.
Parece que foi 
ONTEM!
Verena Niederberger, 69 anos, Rio de Janeiro - Brasil
Desafio nº 202 ― 7 vezes a palavra ONTEM

23/03/20

Domingos Correia ― desafio 199

O tempo passou
Desapareceram rios, lagos e charcos. A rã era velha e sentia-se secar. As rãs mais novas, vigorosas, partiram à procura de terras húmidas. Ela, cansada, refugiou-se numa casa abandonada, instalando-se no velho sofá. Às vezes, deslizava do sofá e humedecia-se em alguma água que havia ainda no chuveiro.
O tempo passou. Sentia-se morrer. E quase morrendo, adormeceu.

Subitamente, acordou sobressaltada com o barulho da chuva. E embora fosse ainda noite, fez-se dia na alma da velha rã.
Domingos Correia, 62 anos, Amarante
Desafio nº 199 ― rã no sofá

Rafael M ― desafio 199


Hoje encontrei uma rã no sofá, foi muito estranho pois eu vivo em Lisboa.
O meu pai conseguiu tirá-la do sofá e levá-la para  seu habitat, quando a minha irmã a viu deu um berro.
A minha quarentena está a ser uma seca pois tenho aulas online, o que eu mais faço para passar tempo é jogar fortnite com os meus amigos.
Hoje também a ferramenta onde eu tenho aulas online está estragada então não tenho aulas.   
Rafael M, 10 anos, Lisboa
Desafio nº 199 ― rã no sofá

Gonçalo ― desafio 199


Olá, sou a rã Conan. Venho contar como fui encontrada no sofá de uma casa desconhecida.
Estava a caçar quando, num piquenique, pousa a mosca mais suculenta que já vira. Aproximei-me em silêncio, mas dei comigo levada entre toalhas, num saco.
Libertei-me numa casa. Sentei-me no sofá a ver um programa na televisão sobre batráquios. Juro que vi o meu tio Renan!
De repente, uma criança tentou agarrar-me. Fugi a sete patas até ao charco mais próximo.
Gonçalo, 11 anos, 6.º D, Agrupamento de Escolas de Póvoa de Santa Iria, professora Sandra M. Fernandes
Desafio nº 199 ― rã no sofá

Mariana ― desafio 199


Havia um menino chamado Eduardo. Ele era fascinado por anfíbios. Ia todos os dias ao lago para observar as rãs. Todos os dias havia rãs novas.
Um dia, decidiu nadar com elas, imitando os seus movimentos. Tempo depois tentou mergulhar como elas. Infelizmente, bateu com a cabeça e desmaiou. Quando acordou, foi para casa e sentou-se no sofá, mas, naquele momento, a família começou a gritar apontando para ele. Olhou para o espelho: ele era uma rã!
Mariana, 12 anos, 6.º E, Agrupamento de Escolas de Póvoa de Santa Iria, professora Sandra M. Fernandes
Desafio nº 199 ― rã no sofá

Inês G ― desafio 199


Era um dia chuvoso
O céu estava nervoso,
As nuvens rompiam
Até estremeciam…

Sentei-me no sofá
Para ver o filme do Ali Babá
Encontrei uma rã,
A olhar para o ecrã.

Gritei de susto
Não sabia o que fazer
Chamei a minha mãe
Ela veio a correr!

Quando olhei para ela
Estava deitada no chão
O que havia de fazer?
Exclamei: “Ai a minha mãe!”

Quem era a rã?
Era uma vilã?
Ou apenas…
Uma boa vivant?
Inês G, 12 anos, 6.º D, Agrupamento de Escolas de Póvoa de Santa Iria, professora Sandra M. Fernandes
Desafio nº 199 ― rã no sofá

Isabel Sousa ― desafio 64


Depois do fim, Júlia apenas comunicava em silêncio. De sorriso largo, olhos cintilantes, expressões delicadas, toda a gente entendia o que dizia. Aos poucos, foi contagiando os seus interlocutores com o inovador modo de comunicação, todos expressavam os sentimentos, em silêncio.
Num dia de chuva intensa, cruzou-se com Bernardo, as gotas que caíam no seu rosto brilharam mais intensamente, o rapaz também não conseguiu falar, amaram-se em silêncio. Despediram-se e partiram para suas casas, tornando-se reciprocamente inesquecíveis.
Isabel Sousa, 40 anos, Lisboa          
Desafio nº 64 – texto começando por “Depois do fim…”

Toninho ― desafio 202


De volta ao passado
Ontem ao luar assisti serenata em Diamantina. Relembrei do tempo em Ouro Preto, que ainda ontem via fotos no celular. Ontem andava pelas ruas de pedras, sentia um som vindo delas. Quando conheci o Pelourinho, vivi mesma sensação de murmúrios. Talvez seja porque ontem li Jorge Amado na varanda do casarão. Andando pelos becos de Diamantina, ontem encontrei um ancião, que me contou sofridas histórias. Confesso que ontem emocionei, quando despedia do ancião. Ontem voltei ao passado.   
Toninho, 64 anos, Salvador-Bahia, Brasil
Desafio nº 202 ― 7 vezes a palavra ONTEM

Isabel Lopo ― desafio 202


Quando pensamos no ONTEM, pensamos em liberdade. ONTEM passeávamos ao sol pela cidade, ONTEM convivíamos com amigos, ONTEM trocávamos risos despreocupados...
Mas o ONTEM já passou e temos de nos reinventar. Agora as famílias confinadas às suas casas estão a aprender a viver numa outra realidade. O ONTEM já foi. Hoje vive-se em partilha, criatividade, angústia e esperança... Quando o amanhã chegar, o ONTEM ficará na história como uma grande amargura, mas também como um grande ensinamento.
Isabel Lopo, Alentejo
Desafio nº 202 ― 7 vezes a palavra ONTEM

Marta Rodrigues ― desafio 202

O ontem o hoje e o amanhã
Ontem um ritmo frenético. Hoje o mundo suspenso.
Ontem sem pensar no outro. Hoje unidos.
Ontem não tínhamos tempo. Hoje temos tempo para a família, amigos e para nós.
Ontem não falávamos com os vizinhos. Hoje cantamos em coro à janela.
Ontem poluição. Hoje céu limpo.
Amanhã não faça como ontem.
Porém, hoje em todo o mundo: preocupação, medo e tristeza. Ontem não. Hoje vamos pensar que, quando tudo tiver passado, vai ser: amanhã alívio e felicidade.
Marta Rodrigues, 21 anos, Albufeira #ficoemcasa
Desafio nº 202 ― 7 vezes a palavra ONTEM

Lica ― desafio 202

Hoje vai ser o ontem de amanhã. O ontem é passado, hoje é o futuro do ontem. Mas é melhor não ir por aí, porque nem o ontem nem o hoje têm a ver com a realidade. O tempo não existe, nós é que o fazemos, porque temos necessidade de coisas concretas, como os relógios.
Ontem consegui fazer o que me apeteceu, como antes de ontem, e antes de antes de ontem ― privilégios que a idade traz.
Lica, 81 anos, Lisboa #sempreemcasa
Desafio nº 202 ― 7 vezes a palavra ONTEM

Catarina Ferrão ― desafio 202

Ontem foi ontem.
Ontem pode não querer dizer ontemontem, mas que já passou. É passado.
Ontemontem era hoje e hoje era amanhã, assim como amanhã, hoje será ontem.
Ontem foi. Ontem fui. Ontem fomos.
Hoje ficamos. Amanhã ficaremos.
Todos juntos no isolamento. Todos juntos por causa do isolamento.
À espera do futuro, tão incerto, que demora a chegar.
Tempos tão abstrusos como o tempo quando pensamos nele.
Mas hoje, temos tempo para pensar no tempo.
Catarina Ferrão, 50 anos, Albufeira #ficoemcasa
Desafio nº 202 ― 7 vezes a palavra ONTEM

Theo De Bakkere ― desafio 202

O aniversário
― Se ontem já tivesse passado e amanhã também, o que teríamos feito naquele dia entre ontem e amanhã?
― Ó pá! Não sabes mais nada do dia de ontem?
― Evidentemente, lembro-me ontem, mas hoje é hoje e não ontem.
― Ó homem! Já não sabes qual dia especial foi ontem. Tinha-o marcado no calendário, aliás esse dia sempre recordarei, como se fosse ainda ontem.
Ontem! Talvez fizéssemos compras?
― Não, tonto, ontem nós tínhamos celebrado o trigésimo aniversário de casamento.
Theo De Bakkere, 68 anos, Antuérpia, Bélgica
Desafio nº 202 ― 7 vezes a palavra ONTEM