31/08/20

Fernanda Malhão – desafio 218

 Uma relação ardente

Tinham estado perto um do outro por muito tempo, mas não sentiram a mínima atração um pelo outro, nem uma pequena faísca. Mas um dia, quis o destino que passassem um pelo outro com vigor e rapidez. Aquele breve momento de atrito mudou para sempre as suas vidas. A caixa ficou com a marca do fósforo para sempre na sua superfície, e no fósforo nasceu uma chama ardente, que o consumiu lentamente até o transformar em cinzas.

Fernanda Malhão, 44 anos, Gondomar

Desafio nº 218 – imagem de fósforos

Fernanda Malhão – desafio 105

 O Einstein nas dietas

Será que todos nutricionistas estudaram mesmo pela mesma cartilha? Não há uma vez que eu vá a uma consulta que não ouça: Não pode continuar a fazer a mesma coisa e obter resultados diferentes! Tenho a certeza de que o Einstein quando disse esta frase não estava a se referir as dietas de emagrecimento. A questão é que mesmo fazendo coisas diferentes, não tem sido muito eficaz na obtenção de resultados diferentes, continuarei à procura do caminho.

Fernanda Malhão, 44 anos, Gondomar

Desafio nº 105 – frase de Einstein

Chica – desafio 218

 Apagou

Três horas da madrugada. Forte ventania, temporal a acordou. Correu para fechar janelas... Resolve dar uma olhadinha, no celular.  Vê então que entrara o desafio da Margarida. Vê a imagem sugerida... Logo uma ideia. Faria ao levantar cedinho manhã.

Desliga celular, volta a dormir... 

Levanta cedinho. Lembra do desafio.

O que escrever sobre palito de fósforo aceso? Inspiração? 

Bah, percebe que a única que teve apagou-se tal qual aquele fósforo aceso. 

Foi embora, apagou... Restou isso...

Chica, 70 anos Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil

Desafio nº 218 – imagem de fósforos

Publicado aqui: https://chicabrincadepoesia.blogspot.com/2020/08/apagoooooou.html

Elsa Alves – desafio 79

 Sonhos desfeitos

Conheceram-se no primeiro ano da faculdade. Cheios de sonhos, planos, ambições. Amavam-se. Queriam ser profissionais de sucesso. Contrariando os conselhos dos pais decidiram viver juntos. Um apartamento minúsculo. Despesas pagas a meias por tarefas em part-time. Mal pagas. Não era fácil trabalhar e continuar os estudos. Veio um filho. Aulas. Tomar conta da casa. Cuidar do miúdo. As discussões começaram. E ficaram. Foram quase felizes num sempre muito pequeno. Mas não conseguiram aguentar. A separação foi inevitável.

Elsa Alves, 72 anos, Vila Franca de Xira

Desafio nº 79 – quase felizes, num sempre muito pequeno

Rosélia Bezerra – desafio 218

 A combustão do amor

Havia ardor, calor, amor

No instante de carinho,

Era como fogo no ninho,

Logo vinha combustão,

Era só tocar o coração.

Acender toda sensação

Requer delicado jeitinho,

Fumaça ferve na emoção,

Arrepia, exala sintonia:

Dois sentimentos, harmonia

Pertença fervida na alegria

Dá prazer à vida, serotonina

Basta delicado toque

Para fazer combustão.

Amor é belo retoque,

Modela corpo e alma,

Basta pequeno empurrão.

É como levar choque

Fósforo do contato faz

Aquecimento, não desfaz.

Sabor é abrasamento...

Rosélia Bezerra, 65 anos, ES, Brasil

Desafio nº 218 – imagem de fósforos

Publicado aqui: https://www.poesia-espiritual.com.br/2020/08/a-combustao-do-amor.html

Ana – desafio 205

 O sonho – parte II

Veste-se. Pede à avó que lhe ajeite o tutu e lhe faça o penteado.

carpete da sala é o palco. Pais e Teresa, aguardam pacientemente.

Entra confiante… no sonho. Sente o calor das luzes e o vibrar do público. A música a comandar o seu corpo contente. Poucas coisas a fazem mais feliz do que dançar. Talvez pão com doce de tomate…

E quando a música termina e o corpo acorda, o público está de pé.

Ana, 41 anos, Mealhada

Desafio nº 205 ― sílaba TE

30/08/20

Desafio nº 218

Neste desafio, damos uma imagem para escreverem. É esta:




Que história vos surge?

 

A minha ficou assim:
Uma caixa de fósforos
Nunca ninguém se tinha interessado por eles. Foram ficando no mesmo canto da lareira, foram passando de proprietário e o pó foi-se acumulando no exterior. No interior? Aí reinava uma tranquilidade permanente de quem já assumira a reforma como um destino definitivo e vivia o dia a dia sem pressa, sem sobressaltos. Até ao dia em que à falta de isqueiros e de fumadores na sala, tiveram que aceitar a morte para fazer brilhar um primeiro aniversário. 
Paula Isidoro, 39 anos, Salamanca, Espanha

Desafio nº 218 – imagem de fósforos

29/08/20

Elsa Alves – desafio 78

 Alegria

Adorei a aldeia. Agradou-me aquele refúgio, no meio do vinhedo. Um lugar onde, exilada do mundo, arranjaria um novo rumo. Vi-o adequado ao meu querer – livre do veneno diário – ligado à leveza, à harmonia. Um dia, haveria ali alegria. Do longe veio um raio de luz que me iluminou.  Ignorei o irreal amanhã. Dera-lhe valor alguma vez? Não. Iria viver no agora. Fugir do que ainda vivia em mim. Arranjaria equilíbrio. Não era fácil, não... Era exequível...

Elsa Alves, 72 anos, Vila Franca de Xira

Desafio nº 78 – escrever sem C P S T

Elsa Alves – desafio 77

Desafios desafiantes

Escrevo este texto sobre o blogue, ultrapassados já os seus duzentos desafios. Voltei atrás. E que desafiantes eles têm sido, perdoem-me a redundância... Desde os que exigem mais domínio a nível morfológico, até à capacidade de organizar a narrativa, nada falta. Há-os mais adequados aos mais jovens e também os há para nós, os mais velhos. São para os dois sexos, sem qualquer diferença. Em simultâneo estimulam a leitura. Ler auxilia a escrita. Receita completa e saudável. 

Elsa Alves, 72 anos, Vila Franca de Xira

Desafio nº 77 – texto sobre o blogue

28/08/20

Fernanda Malhão – desafio 104

 Agosto sem sol mas com muita iluminação

A temperatura esfriou muito! Para sobrante Agosto teremos encobertas manhãs. Parece Outono! Sinto-me angustiada! Tranquiliza-te e mentaliza paisagens! Ommmmm. Satura-me a tua energia! Mais paciência! O segredo: alegra-te, tem eloquência, maravilha-te pelos obstáculos. São aprendizagens, tesouros! Entendo, mas praia, o Sol anulam traumas e melhoram Pensamentos. O Sol alimenta, traz energia, muda posturas obtusas. Solta-te! Atitude! Transforma-te emulher poderosa! Ócio só acarreta transtornos e mais problemas! Orienta sabiamente trajetória! É momento para ofuscar sombras!

Fernanda Malhão, 44 anos, Gondomar

Desafio nº 104 – letras obrigatórias: A T E M P O S

Fernanda Malhão – desafio 103

 No fim da linha

Nada mais havia a fazertentaram de tudo o que a medicina pode oferecer, mas sem resultado. Os órgãos estavam todos a entrar em falência. Se tivesse evitadoo consumo de álcool durante estes últimos anos provavelmente o seu fígado teria recuperado, assim a cada dia ia ficando pior. Agora, restava esperar que a morte tivesse pena da sua alma e viesse buscá-lo o mais rapidamente possível. Pobre homem, bom coração, mas o álcool desgraçou sua vida!

Fernanda Malhão, 44 anos, Gondomar

Desafio nº 103 – 3 frases impostas por ordem

Fernanda Malhão – desafio 102

 Ladrão na Ciência

Todos estavam maravilhados à volta do jovem protagonista daquele interessante protótipo. Era uma prótese feita a partir de uma proteína extraída de um protozoário. Tinha umas protuberâncias que pareciam encaixar perfeitamente no osso. Estava decidido, não iriam protelar mais a entrega do prémio, seria ele o vencedor. Até que o conceituado Professor entra de rompante pela sala a gritar:

– Protesto! Este homem roubou os meus protocolos que estavam protegidos informaticamente. Exijo um inquérito, isto é muito grave!

Fernanda Malhão, 44 anos, Gondomar

Desafio nº 102 – muitas palavras com PROT

Rosélia Palminha – desafio 215

 DESMASCARADO

Aproximava-se o carnaval, preparei-me para a folia. Idealizava a máscara que levaria ao baile. Inédita, caso contrário seria reconhecida. Também decidi levar luvas, talvez de boxe, para esconder bem as mãos.

Combinei com o João, meu namorado, que este ano não ia ao baile. Precisava estudar.

Ele trazer-me-ia as notícias.

Bem pensado, melhor executado.

Mantive inicialmente alguma distância, mais tarde comecei por me evidenciar.

Dançamos, divertirmos, abusamos.

... E foi com este teste que o meu mundo desabou!

Rosélia Palminha, 72 anos, Pinhal Novo

Desafio nº 215 7 palavras obrigatórias

27/08/20

Fernanda Malhão – desafio 101

 A corja na taberna

rei, o pintor, o Tone e o resto dos homens de más rés, foram reto à taberna, com seus cavalos pretos a levantarem um  que  visto. O rito era sempre igual, isso sabíamos: beberem até perderem o tino, labuzarem-se com tortilhas de batata pesto, e fumarem muito. A taberneira tirava a bata e vinha cá fora controlar aquela tosse. Saíam com as pernas a dar um nó, mas certamente nenhum destes vai preso!

Fernanda Malhão, 44 anos, Gondomar

Desafio nº 101 ― partindo das palavras

Elsa Alves – desafio 77

Resultou? 

– O texugo e a doninha eram inimigos.
– Odiavam-se, avô?
– O texugo achava-se o caçador mais forte.
– E era?
– Bom... a doninha achava-se ela mais esperta.
– E então?
– Eram ambos excelentes caçadores, mas demasiado orgulhosos...
– Como assim?
– Deviam ser mais humildes e trabalhar juntos.
– Como, avô?
– Caçar, reunindo força e esperteza, partilhando experiências.
– Seria proveitoso?
– Claro, a partilha é sempre bom método.
– Neles resultou?
– Não posso dizer se resultou ou não.
– Porquê, avô?
– Já cheguei às 77 palavras...
Elsa Alves, 72 anos, Vila Franca de Xira
Desafio nº 77 – texto sobre o blogue

Elsa Alves – desafio 76

 Amiga ou inimiga?

A Marta era a minha grande amiga. Julgava eu... Afinal, qual amiga, qual carapuça!!! Era minha inimiga. A turma era a mesma na faculdade. Ela tinha bastantes dificuldades . Eu ajudava-a. E fez-me esta maldade: disse às camaradas que eu era uma atrasada mental. Que eu era excelente aluna apenas graças a ela. Que usava cábulas. Eu? Mentira! Riram-se de mim. Puseram-me de parte. Mas vinguei-me. Fui a aluna mais premiada nas pautas. Atrasada era ela. Apareceu chumbada. Bem-feita!

Elsa Alves, 72 anos, Vila Franca de Xira

Desafio nº 76 – escrever sem a letra O

26/08/20

Elsa Alves – desafio 75

 Entre irmãs

De manhã Beatriz caminhava sem destino certo. Sempre sozinha. Aqueles passeios, assim, não tinham graça nenhuma. "São saudáveis." Eram as palavras da irmã mais velha. "Vem comigo." Fazia-lhe este pedido com insistência, mas nada... "Que chata!" Um dia lá conseguiu convencê-la ao passeio. Foi incrível... Nunca tinham conversado tanto as duas irmãs. Que maravilha! A partir desse dia passearam sempre juntas. Faziam confidências. Trocavam segredos íntimos e riam-se muito deles. Contavam anedotas. Hoje ainda recordam esses passeios...

Elsa Alves, 72 anos, Vila Franca de Xira

Desafio nº 75 – frases de 7 e 2 palavras

Fernanda Malhão – desafio 100

 O poder da escrita

Por muito tempo andei um pouco perdida, não por falta do que fazer, pelo contrário, mas se calhar escondendo-me em tarefas que pareciam infinitas. Algumas tarefas eram mesmo imprescindíveis, mas outras eram apenas para agradar outras pessoas, muitas vezes sem sentido para mim. Mas desde que descobri que escrever os meus objetivos permite-me ter uma clareza do que eu tenho realmente de fazer, passei a usar isso ao meu favor e foi por isso que me escrevi.

Fernanda Malhão, 44 anos, Gondomar

Desafio nº 100 – «e foi por isso que me escrevi»

Francisco CG – desafio 1

Será que não?

Era uma vez um rapaz... Um belo rapaz! Com um belo sorriso e olhos castanhos... Um dia ele tinha achado um pássaro, branco que nem a neve! Mas quando viu três rapazes a arrancarem-lhe as penas os olhos dele ficaram em fúria! Ardiam que nem o fogo! Chegou lá e ralhou com os rapazes. Eles viram que ele estava em fúria, por isso fugiram. E agora pássaro e rapaz vivem felizes para sempre...
Ou será que não?

Francisco CG, 11 anos, Rossio ao Sul do Tejo, Abrantes

Desafio nº 1 – palavras impostas: pena, sorriso, fogo

Elsa Alves – desafio 74

Quando pensava nos primeiros anos de casada, parecia-lhe que eles tinham sido um sonho. Como era possível a situação ter-se alterado tanto? Os passeios que davam, as conversas que tinham. Os gostos comuns. Os risos. Os prazeres partilhados. Combinavam-se encontros com amigos. Faziam-se festas divertidas. O desemprego alterou tudo. As dificuldades económicas trouxeram outras. A alegria desapareceu. Veio o álcool. A violência. Era só quando se olhava ao espelho que via o nada em que se transformara...

Elsa Alves, 72 anos, Vila Franca de Xira

Desafio nº 74 – nada em que se transformara

25/08/20

Fernanda Malhão – desafio 99

 A discussão

– Só uns míseros quatrocentos e quatro euros? – proclamou indignado, sentindo uma atroz dor no peito.

– Nem mais um tostão! – disse a patroa, achando que ele estava era a fazer teatro.

– Esperava mais da companhia Albatroz. Agora vejo que há anos atrofio a minha criatividade nesta empresa. Irei arranjar um patrocinador!

– Faça como quiser, desapareça! Não quero mais vê-lo à minha frente!

Saiu desvairada a bufar de raiva e tragicamente foi atropelada mesmo a porta da empresa.

Fernanda Malhão, 44 anos, Gondomar

Desafio nº 99 – 8 a 10 palavras com ATRO

Maria João Cortês – desafio 209

 Sei muita coisa

Sei que amanhã será um novo dia.

Sei que há dias bons e dias maus.

Sei que os bons são poucos,

E que os maus são muitos.

Sei que o Sol não brilha todos os dias,

sobretudo não brilha para todos.

Sei que há pessoas felizes,

E outras que não o sabem ser.

Sei que há gente rica por dentro,

outros que só o são por fora.

Sei muita coisa, mas....

Eu só sei que nada sei.

Maria João Cortês, 77 anos, Lisboa

Desafio nº 209 – ritmo do texto SEI

Fernanda Malhão – desafio 98

 Tudo passa

Da minha janela observava as traseiras da casa da D. Rosa, vejo o quintal abandonado, cheio de tralhas, de lixo, de silvas, em completo abandono. Já não havia roseiras, nem relva verde, nem lençóis estendidos, nem crianças a brincar, nem D. Rosa e as suas cantigas. Por momentos consigo imaginá-la a olhar tudo aquilo com apagado semblante, mas volto a mim e olho para o meu próprio quintal. O que será dele quando um dia eu partir?

Fernanda Malhão, 44 anos, Gondomar

Desafio nº 98 – fotog de P Teixeira Neves

Elsa Alves – sem desafio

 Pecado no feminino...

Antecipava um prazer despudorado. Sem vergonha em admiti-lo... Só outra mulher compreenderia aquele desejo proibitivo... E a absoluta necessidade de satisfazê-lo. Sentia a boca seca. As narinas frementes. As mãos trémulas. O olhar congestionado. Interrogava-se:  ia cometer um pecado capital? Queria lá saber... O corpo comandava-lhe a razão... Quando o empregado lhe entregou o tentador suspiro, o maior da montra, despedaçou-o, sofregamente, em trincadelas rápidas, o açúcar desfazendo-se, a saliva doce escorrendo-lhe, sensualmente, pelos cantos da boca...

Elsa Alves, 72 anos, Vila Franca de Xira

23/08/20

Ana – desafio 217

 A bata branca

Vou batalhando para a convencer. Ando a insistir, mas foge como uma bala da senhora da bata.

Leva a camisola da bola, que condiz com a bota e que ela adora. Espero que não cause dano à dona Raquel, que olha de lado, espantada com a sua lata.

– Vá, não custa nada – digo.

– Vai ver que nem nota – insiste a Raquel com toda a paciência.

E lá foi.

– Que tola que fui – disse-me – foi só uma picada.

Ana, 41 anos, Mealhada

Desafio nº 217 – batalhando letras

Ana e filha – desafio 206

 Dia de sol

É dia de sol. A Aida veste a sua saia favorita e com sandes de paio na marmita, vai à praia com a família. Eram, sempre tardes divertidas, estas. Costumava lançar o papagaio com o pai, fazer castelos de areia com a mãe e procurar segredos em conchas e pedrinhas com a mana Ai, que debaixo desta estava um caranguejo!). Mas a Aida tinha um sonho secreto: encontrar a menina do mar que bailava para a raia.

Ana, 41 anos e filha, 7 anos, Mealhada

Desafio nº 206 7 plvras com ditongo «ai»

Ana – desafio 206

 O sonho

A sua paixão era, sem dúvida, bailar. Desde cedo o demonstrou. Bailava a toda a hora, com ou sem música.

Vestia a saia rosa oferecida pela sua cúmplice, avó Adelaide que ajudava em todos os pormenores, desde a sapatilha ao cabelo primorosamente penteado e, vaidosa, chamava o pai para a ver.

A sala passava a palco e a família, ora plateia, ora assistente de bastidores. E assim se alimentava o sonho de, um dia, tudo ser real.

Ana, 41 anos, Mealhada

Desafio nº 206 7 plvras com ditongo «ai»

Verena Niederberger – desafio 217

 O AMOR

Batalhando, pequena Alba fazia progresso a cada dia.

Depois de alguns meses teve alta do hospital.

Seus pais para a tristeza não davam mínima bola.

A filha nasceu com dano cerebral severo.

Sempre estariam ao lado da pequena.

Nada os faria desistir de lutar.

Foram muitas idas e vindas a médicos e terapias.

Cada melhora era comemorada com grande emoção.

O Amor preencheu a vida desta família com esperança,

em soluções possíveis e dias, cada vez, melhores.
Verena Niederberger, 69 anos, Rio de Janeiro – Brasil.

Desafio nº 217 – batalhando letras

Helena Rosinha – desafio 217

 Ondas

Batalhandoando eu há décadas! Por isso, não podem comigo nem à lei da bala – nada que me incomode. E continuarei a denunciar qualquer ameaça ou dano ambiental. Veja-se, por exemplo, a polémica intervenção, felizmente abortada, na Quinta da Lota. Só um nabo não enxerga o óbvio: a destruição da flora e fauna, desequilibra todo o ecossistema. Mais hotéis, mais comércio, é a onda deles; a minha é intervir, impedir mais atrocidades, pelo futuro do nosso planeta.

Helena Rosinha, 67 anos, Vila Franca de Xira

Desafio nº 217 – batalhando letras

Theo De Bakkere – desafio 217

 Na ala vermelha do hospital

Batalhando com a febre, o rapaz deu baixa à ala vermelha do hospital. Quando estremunhou do coma via uma aparição airosa em bata branca e já se imaginava no céu sétimo. Dali a nada lábios encarnados aproximavam-se e perguntarem-lhe se estava acordado. Uma onda de amor maior que uma onda em Ericeira o inundara. Embora fosse um surfista instruído perderia visivelmente a tola.

Os lábios sorriam afavelmente para ele. Coitado! Tolo dela, sofria novamente dum acesso febril.

Theo De Bakkere, 69 anos, Antuérpia -Bélgica

Desafio nº 217 – batalhando letras

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Fernanda Malhão – desafio 97

 Persistência

Admiro pessoas persistentes, que não desistem ao primeiro obstáculo, mas há quem leve a persistência ao extremo. Uma colega de liceu sempre quis ser médica, não entrou à primeira, nem à segunda, na verdade concorreu anos a fio, mais precisamente 14, sem desistir. Quando nós comemorávamos 20 anos de término da faculdade, a nossa colega comemorava o término do curso de Medicina. Nunca quis um plano B, hoje é uma médica feliz e humana com os pacientes.

Fernanda Malhão, 44 anos, Gondomar

Desafio nº 97 – galinha de encontro ao vidro

Fernanda Malhão – desafio 96

 Rumo à liberdade

De cada vez que queria sair com os amigos, a coisa azedava lá em casa. Aos dezanove anos deixou a casa dos pais, prezava a liberdade. Com toda a braveza partiu rumo a cidade. Tinha leveza de espírito, trabalhava em qualquer coisa que cruzava em seu caminho. Ao fim do dia de trabalho, caminhava a beira rio para esvaziar sua mente, também poetizava pequenos versos em um pequeno caderno. Sendo razoável, foi a melhor decisão que tomou!

Fernanda Malhão, 44 anos, Gondomar

Desafio nº 96 – palavras com Z e V

Maria João Cortês – desafio 215

 O caso era notícia

O CASO estava a tornar-se NOTÍCIA.

Homens de MÁSCARAS brancas, lanças pontiagudas nas MÃOS, tochas acesas, ameaçando aqueles que pacatamente faziam o seu trabalho.

Faziam lembrar uma seita racista que existiu na América, e que se julgava desaparecida do MUNDO, para sempre.

Mas não, lá estavam eles. Até à DISTÂNCIA metiam medo.

Felizmente um contingente policial conseguiu capturá-los, e quando lhes fizeram os TESTES necessários, verificaram que eram todos estrangeiros. Foram então recambiados para a terra deles.

Maria João Cortês, 77 anos, Lisboa

Desafio nº 215 7 palavras obrigatórias

Toninho – desafio 217

 Um índio

Jota vivia batalhando como indigenista.

Estagiava em alto nível os conhecimentos dos costumes.

Mas sua parceira era a anta Januária, mulher sem noção das coisas indígenas.

Contrariando nos cuidados com dentição indígena infantil, dava bala para se aquietarem.

Quando Januária criou disputa por uma bola com jogo de dado, enfurecido correu atrás dela pela taba.

Vendo o cacique sorrindo dela segurando o vestido, até cair mostrando os fundilhos, não resistiu caindo na gargalhada.

Januária sumiu na mata.

Toninho, 64 anos, Salvador-Bahia-Brasil

Desafio nº 217 – batalhando letras

Publicado aqui: desafio217

21/08/20

Fernanda Malhão – desafio 94

 Noite assustadora

Que noite assustadora! A tempestade aproximava-se a passos largos, o vento assobiava como uma sirene a avisar que perigo vinha a caminho, apressaram-se a voltar para casa, mal entraram um clarão iluminou intensamente a cozinha, depois um grande estrondo. Quando subiram a escada ouviram uma porta a bater com força. Deram um pulo susto, viram uma sombra a surgiu perto da janela, quando chegaram perto viram que era só ilusão, uma árvore que dançava com o vento.

Fernanda Malhão, 44 anos, Gondomar

Desafio nº 94 com clarão, porta a bater e ilusão

Ana – desafio 207

 Amigos inseparáveis 

Eram dois mas só tinham uma sombra. Não se largavam. Uma manhã acordou e chamou-o:

– Chico, hoje tive um sonho mau, mas foi bom. Um ser minúsculo entrou pelos buraquinhos das persianas. Depois, começou a crescer, como se fosse um balão a encher. Assustou-me! Acordei e chamei pela mãe. Ela veio num instante. Abraçou-me e beijou-me. Tu sabes que ela, com tanto trabalho, nem sempre tem tempo para estes mimos, mas são a melhor coisa do mundo. 

Ana, 41 anos, Mealhada 

Desafio nº 207 ― frase de Afonso Cruz

Ana – desafio 207

 Um 

Eram dois mas só tinham uma sombra. No banco do jardim, mão na mão, apreciando cada movimento causado pela brisa. Passeando sem destino, sob o azul do céu, de sorriso nos lábios. À janela, esperando mais um final de dia, reconhecendo-se na azáfama de quem passa, no olhar de quem sonha. 

Mais tranquilos que melancólicos, não dão conselhos, embora sábios. Companheiros há mais de 70 anos, agora mais que nunca, partilham a sombra, numa vida que desacelerou.

Ana, 41 anos, Mealhada 

Desafio nº 207 ― frase de Afonso Cruz

Ana e filha – desafio 207

 Brincando com as sombras:

"Eram dois mas só tinham uma sombra" era o jogo favorito das duas amigas. Fosse a correr ou a saltar, não se podiam afastar muito. Apenas o que lhes permitisse manter uma sombra única. Se uma se colocasse à frente da outra e ambas abrissem os braços, seriam uma lagarta ou aranha. Se abanassem as mãos sobre a cabeça como se fossem orelhinhas, seriam um coelho. E, entre outros animais, passaram a tarde mais divertida das férias.

Ana e filha de 7 anos, Mealhada

Ana, 41 anos, Mealhada 

Desafio nº 207 ― frase de Afonso Cruz

Maria Silvéria dos Mártires – desafio 217

 Batalhando nesta vida

Caminho por aquele Atalho

Por vezes de Bata vestida

Quando é para servir na Boda

Naquela noite de Natal.

Quando desfilas em Bando

E como um cavalo Alado.

Mas cai em plena Batalha

Em que nem sequer uma Toalha

Chega para forrar minha Talha

Olha e observa como Ando

Tal qual assim andando

E para ti sempre olhando

Todos os meus bens vou

Aos mais pobres doando

Que aquela estrada Atalha

Talhando sua morada.

Maria Silvéria dos Mártires, Lisboa

Desafio nº 217 – batalhando letras (ordem livre e palavras maiores)

Elsa Alves – desafio 73

Nunca esperara

Ainda não era capaz de explicar como tudo acontecera. Mesmo SABENDO, tão bem, como ele era. Só DEPOIS de o assunto ter ficado resolvido (ficara?) é que tentou descansar. SABENDO que a memória do caso não desapareceria tão cedo. Conseguiu dormitar DEPOIS de tomar um comprimido. SABENDO que, quando acordasse, veria toda a cena à sua frente. E, DEPOIS, o que faria? Mesmo SABENDO que o companheiro era agressivo, nunca esperara que ele lhe levantasse a mão...
Elsa Alves, 72 anos, Vila Franca de Xira
Desafio nº 73 – frases com sabendo e depois


Theo De Bakkere – desafio 217

 Não se lembra

Batalhando com as lágrimas, a balconista em bata branca negava fraude.

O dono, gritou com ela, em voz alta como se estivesse na lota de Matosinhos:

– Talvez a conta bata certa, mas, não falta apenas uma bala de goma mas uma lata inteira.

– Talvez o Senhor próprio as comesse, e já não se lembra.

O patrão tornou-se tão zangado que se engasgava com o rebuçado que tivera na boca. Que momento com vergonha! Dali a nada, calou-se.

Theo De Bakkere, 69 anos, Antuérpia-Bélgica

Desafio nº 217 – batalhando letras (ordem livre)

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20/08/20

Teresa Ferreira Teixeira – desafio 199

Rãs parta!

A Teresinha adorava rãs.  Passava horas a brincar com elas, na bordinha do pequeno lago de jardim, entre os canteiros de verbena.

“Teresinha!... hora da sesta!”, chamou a madrinha Ofélia. Contrariada, resolveu levar uma rãzinha no bolso: adormeceram juntas no sofá.  Mal passaram pelas brasas… a rã saltou, aflita com calor e sede.  Aaii!...  gato assustado, cadeirão partido, madrinha arranhada, que gritou: “Rãs parta!”, e a rã partiu, dum salto. Ainda bem que a janela estava aberta…

Teresa Ferreira Teixeira, 60 anos, Porto

Desafio nº 199 ― rã no sofá

Chica – desafio 217

A lição

Sempre BATALHANDO, ALDA eximia cozinheira da família tinha problemas em usar ALHO ao preparar seus pratos. 

Do ALTO de seu orgulho, sem dar BOLA para os gostos, o usava sempre. 

Afinal, fora durante anos, DONA de restaurante bem sucedida. 

Porém, ficou triste, sentida, certo dia, quando encontrou, no fundo do armário, uma LATA com um dos pratos tão carinhosamente preparados, já mofado. Em NADA lhe agradou!

Só assim aposentou tal tempero e a família bem agradecida ficou!

Chica, 70 anos Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil

Desafio nº 217 – batalhando letras

Publicado aqui: https://chicabrincadepoesia.blogspot.com/2020/08/a-licao.html

Fernanda Malhão – desafio 217

Faz sentido essa batalha?

Batalhando diariamente construiu um lar digno para a família. Chegou à casa a tresandar à alho, com esforço tirou uma bota, depois a outra, deixou corpo exausto cair no sofá, já não sentia nadaOlha por breves instantes o teto, mas o peso das pálpebras era demasiado, ao fechar os olhos, passa um filme na sua mente em alta velocidade, onde vê toda sua vida em retrospetiva.

– Que vida mais tola! – pensou ele antes de adormecer profundamente.

Fernanda Malhão, 44 anos, Gondomar

Desafio nº 217 – batalhando letras

Elsa Alves – desafio 72

Nunca mais

Saiu devagar. A mala bem apertada na mão direita. Olhando em frente. Segurando as lágrimas que teimavam em correr. Deixou a porta fechada à chave. Para quê? Ele não voltaria. Estaria com "a outra" em casa dela. Ou nalgum hotel. Chamou um táxi. "E para onde que quer ir?" Ela sem resposta. O motorista atencioso, percebendo a sua atrapalhação. "Tenha calma. Eu espero. Não há problema.” Era isso mesmo. Ele adivinhara. Nunca mais ia haver problema nenhum.

Elsa Alves, 72 anos, Vila Franca de Xira

Desafio nº 72 – frases de 2, 3 6 ou 7 palavras

Fernanda Malhão – desafio 95

Gémeos só no nascimento

Alberto e Adalberto eram gémeos, mas em nada parecidos. Alberto era batalhadoresbelto, sempre na labuta, morava em Istambul, tinha um negócio de bicicletas. Já Adalberto tinha uma brutal preguiça, era barrigudo, não se habilitara em nenhum ofício, era quase analfabeto, passava dias a ver futebol, burlava a venda de bilhetes. Queria viver sem obstáculos liberto de tarefas. O pai, Baltazarbatalhou para livrá-lo dessa vida, sempre com lembretes, não adiantou nada, acabou numa cela bolorenta.

Fernanda Malhão, 44 anos, Gondomar

Desafio nº 95o máximo de palavras com BTL

Rosélia Bezerra – desafio 217

Batalhando com sucesso

Batalhando estou com sucesso,

nestes meses tão irriquietos.

Do alto do meu condomínio,

ando pelo lado dos entrelaços.

Bala de groselha adoça ciranda

na tardezinha da jornada,

bata a alegria ou insucessos.

Bola rolando na areia, alaridos?

Dado à situação tão delicada,

data de cinco meses isolada.

Gurizada, os pássaros, nada...

Não vejo onda no mar a alegrar,

olho-o da garagem a espreitar.

Contemplo, em êxtase, sol em declínio,

ponho-me na rede da varanda,

Extasiada, não entediada.

Rosélia Bezerra, 65 anos, ES, Brasil

Desafio nº 217 – batalhando letras

Publicado aqui: https://www.poesia-espiritual.com.br/2020/08/batalhando-com-sucesso.html

Desafio nº 217

Vamos lá trabalhar as nossas cabeças:

A partir das letras de BATALHANDO, quantas palavras de 4 letras descobrem? Precisam de 6. Ponham-nas por ordem alfabética e, começando em batalhando, escrevam o texto.

 

Eu experimentei assim:

Ia batalhando, encantando a miúda, ando a ver se passamos de conhecidos a namorados. Mas não cheguei a esboçar um projeto de vida comum. A bala entrou disparada, direitinha ao pai da noiva, já grogue com os vinhos da boda farta. Não lhe acertou, furou uma bola de borracha onde um miúdo brincava. Caiu e vai precisar de uma tala no braço. Então a tola da rapariga agarrou-me e pediu: leva-me daqui! E eu levei, pois claro.

Margarida Fonseca Santos, 59 anos, Lisboa

Desafio nº 217 – batalhando letras

19/08/20

Helena Rosinha – desafio RS 15

Natureza em beleza

Detesto tudo que é bicho. Recordo o terror de ser perseguida por um burro espantado, ou uma tarde na mata transformada num festival de gritaria, graças aos lacraus que avistámos. Férias no campo? Impensável! 

Agora convidaram-me para uma estadia num turismo rural — “Natureza em beleza”, rezava o anúncio. Ainda hesitei, mas decidi experimentar.

À chegada, tomo conhecimento das atividades programadas: 

   – passeio de burro 

   – piquenique no pinhal

   – visita às colmeias e prova de mel

Estão a brincar comigo!!

Helena Rosinha, 67 anos, Vila Franca de Xira

Desafio RS nº 15 – anúncio de turismo rural


Elsa Alves – desafio 71

Socorro!!!

Estava só. Sabia-se, praticamente, perdido. Julgara-se um grande explorador... Tinha sido um enorme idiota. Devia ter aceitado a companhia dela. Mas não conseguira reconhecer a sua fraqueza. Um rapaz, ser incapaz de se orientar sozinho? E, uma rapariga conhecer todos os caminhos da floresta? Sabia que era um preconceito estúpido, mas sentia-o desse modo.  Queria lá acreditar que aquela menina era mais forte que ele... Afinal, essa era a verdade – o melhor era chamar por ela: "Socorro!"

Elsa Alves, 72 anos, Vila Franca de Xira

Desafio nº 71 – frases de 2 a 12

Fernanda Malhão – desafio 93

O exemplo de Clara

Clara era rapariga de fibra! Decidida e independente. Desejava viajar e aprender.

– Chega de estar limitada pelas ideias da família!

E assim fez! Antes de arrancar, esteve meses a preparar a necessária reserva financeira. A casa ficará arrendada, assim terá verba para esticar mais a viagem. As várias etapas abrangem mais de vinte países. Será a fase mais feliz e desafiante da vida de Clara! Espera trazer na bagagem ricas experiências para serem partilhadas. Apetecia-me ser assim!

Fernanda Malhão, 44 anos, Gondomar

Desafio nº 93 – escrever sem O nem U