31/01/14

Programa 186 – 31 Janeiro 2014

OUVIR o programa! 

No site da Rádio Sim

Quando me sento à janela
Quando eu me sento à janela:
penso em tudo o que não tenho e queria ter;
vejo tão bem a vida a passar,
não consigo agarrá-la como queria,
não consigo trincá-la como me apetecia!
É noite e o camião do lixo ensurdece os corações abandonados
trancados, apaixonados, conformados, desesperados…
Difícil mudar um ritmo que se enraizou,
a monotonia que se colou
numa voz que só quer gritar prá folha um verso:
E será um verso de amor…

Isabel Pereira da Costa, 46 anos, Paris, França

Versos: Fernando Pessoa, “Quando ela passa” (in Poesia I, 1902-1929, 3ª ed., Pub. Europa-América); Alexandre O’Neill, “Poesia e Propaganda” (in Poesias Completas, 1951/1986, INCM)

Desafio nº 35 – partindo de dois versos de autor

Sou um bule rachado, e daí?

Sou um bule rachado. Sou feito de barro macio, com flores pintadas. Gosto muito de transformar a cor transparente da água em sabores deliciosos! Para mim, o sabor do morango é o mais sensacional… Sabores saborosos, foi o que sempre quis!
Aqui começa a minha história: fui criado com a magia da mãe natureza e, assim, nasci. Por isso é que posso ter o dom de falar!
Agora sou crescido, torno o coração das pessoas mais quente…

Diogo Neves, José Zuzarte Reis, Daniel Cobileac, João Batista, Torres Novas, 3º ano (8/9 anos), Colégio Andrade Corvo, prof. Carla Veríssimo

Desafio nº 4 – começando a frase “Sou um bule rachado, sou”

Não!

Não, eu não quero acreditar
Não tinha que ser assim
Não podia o tempo voar
Não devíamos esbarrar no fim

Não sonhei sonhos em vão
Não te amei em uma só estação
Não afoguei em ti minha ilusão...
Não foi um amor de verão

Não repitas mais esse não
Não me cause essa desilusão
Não mereço essa situação...
Não machuques mais meu coração

Fique comigo um pouquinho
Dar-te-ei colo, carinho
Leve-me contigo pelo caminho...
Serei teu ninho

Majoli Oliveira, 53 anos, Caçapava, São Paulo, Brasil

Desafio nº 59 – 14 vezes a palavra não

A minha suave dor

Sou um bule rachado. Sou de cor branca, de porcelana. Sirvo a Rainha Vitória: visto leite, com água…
Uma vez rachei, magoei-me com muita força e senti saudades da minha mesa, onde servia a minha querida Rainha. Nunca senti tantas saudades de a servir com os meus belos chás e umas bolachas de manteiga, bem quentinhas! Quando servia o chá, ouvia falar a sua voz melodiosa. Posso ser um bule rachado, mas nunca esquecerei a minha Rainha…

Afonso Cardoso, Nelson Fanha, Tiago Afonso, Paulo Shan, Torres Novas, 3º ano (8/9 anos), Colégio Andrade Corvo, prof. Carla Veríssimo

Desafio nº 4 – começando a frase “Sou um bule rachado, sou”

Programas Rádio Sim, Janeiro 2014




Todos os programas, sempre com Helena Almeida, na Companhia da Rádio - podem ouvir-se aqui
(ou pelos links que estão em baixo)

Indicativo do Programa - Música e letra: Margarida Fonseca Santos; Arranjos, direcção musical, piano e voz: Francisco Cardoso - Histórias de Cantar CD - Conta Reconta

Horário na Rádio Sim - 21h20, todos os dias


Quer saber que histórias foram lidas? Vá por aqui:

Em Janeiro de 2014:
P165 – 2 Janeiro 2014 – desafio nº 44 – Majoli Oliveira  

Não à solidão

Não posso e não quero pensar em esquecer!
Não quero acreditar que partiu sem sequer me pedir autorização. Claro que lhe teria dado como resposta um rotundo não!  
A vida não tinha alegria sem a sua presença. Não poderia esquecê-lo. Ele não se esquecia do  aniversário dela. Sempre mandava uma mensagem, uma palavra amiga. Agora não! Não há poema, não há flor...
Não ao esquecimento! Não à vida sem presenças valiosas! Não ao desamor! Não à solidão!

Rosa Maria Pocinho dos Santos Alves, 50 anos, Coimbra

Desafio nº 59 – 14 vezes a palavra não

Sonhar ou viver

− A sério? Não! Não pode ser! Não disse a ninguém que não ia…
− E mesmo não indo, ficaria sempre um não por dizer, não era?
− Não há motivos para não dizer tudo o que penso ou não
− E tu não pensas da mesma forma?
− Não, sabes que não
− O sonho termina quando se deixa que o medo seja maior e chegas ao futuro apenas quando o construíres
− E viver dentro do sonho é desperdiçar a vida, não?!

Alda Gonçalves, 46 anos, Porto

Desafio nº 59 – 14 vezes a palavra não

Não sei adormecer

Estou na cama mas não consigo adormecer. Não abro os olhos para não espantar o sono, mas mesmo assim ele não vem. Espero. Com paciência. Não me mexo e quase não me atrevo a respirar. Tento ter calma e não pensar, não me lembrar de nada. Mas as perguntas não pedem licença e as preocupações não fazem cerimónia, não adianta. É minha esta cabeça? Então porque não me obedece e não pára de fabricar? Não sei adormecer.

Sofia Diniz, 36 anos, Colónia, Alemanha

Desafio nº 59 – 14 vezes a palavra não

Isso basta-me

Dizes-me o que devo ou não fazer, mas eu não quero ouvir-te…
Sou um ser da luz e não quero mais a escuridão da ignorância, não quero mais a sombra da injustiça, não quero mais a paz podre, onde não posso dizer não, ao que não quero.
Não insistas, eu aprendi a dizer não.
Não sei para onde vou, não conheço o caminho, não sei o que vou encontrar… Sei o que não quero e isso basta-me!

Maria de Fátima Esteves Martins, 45 anos, Coimbra

Desafio nº 59 – 14 vezes a palavra não

Os amigos

Não, não me esqueci dos amigos! Mas, por vezes, não tenho tempo para dedicar a quem não merece falta de tempo. Aos amigos não se pode dedicar um momento à pressa: não aos amigos! Podemos não acabar de ver o filme que estávamos a adorar mas não podemos deixar inacabada uma conversa: não aos amigos! É permitido esquecer um aniversário de quem não nos diz nada, mas… não dos amigos! Não, não esqueço os amigos. Não: definitivamente!

Maria José Castro, 53 anos, Azeitão

Desafio nº 59 – 14 vezes a palavra não

Não estou parada

Não estou parada? Não!
Não parar não significa inquietude solitária.
Não consigo ficar à espera que algo aconteça ou… não.
Os olhos reparam que o físico não acompanha a mente.
Não sinto o resfriar da mente como um freio de comboio que não consegue parar na estação. Não descem pensamentos em forma de passageiros, não nos despedimos, não… sem lágrimas. Não deixo que entrem novos passageiros, pensamentos, que não entrem no gratuito instante de simplesmente se viver.

Ana Cristina da Costa, 50 anos, Paris 

Desafio nº 59 – 14 vezes a palavra não

Sopa de Letras

Não, não e não! Não quero, não como, não gosto de sopa! – dizia eu, miúda birrenta.
A mãe não alterava a voz, fingindo não se irritar:
Não vês que não é sopa? É um jogo de letras a nadar no prato.
Não acredito! A sério?! Nunca vi letras a nadar! E não sei jogar…
Com paciência, a mãe começava o jogo.
Não sei se foi pelas “palavras” engolidas mas hoje não dispenso sopa, nem jogos com palavras.

Palmira Martins, 58 anos, Vila Nova de Gaia

Desafio nº 59 – 14 vezes a palavra não

Borrifar a raiva

Estava ruborizado e a tremer, apetecia-lhe gritar e xingar o Sistema, mas ficou imobilizado como uma abelha num nenúfar com o patrão, um burro, a zurrar
Deu um pontapé no entulho e magoou uma unha. Só queria fugir daquele lugar imundo, não tinha hipótese neste trabalho, jogara tudo e perdera.
Mais tarde, sentiu fome – comeu ovos com queijo e um caramelo à luz da vela. Pegou num livro que lhe murmurava esperança e lhe borrifava a raiva.

Maria de Fátima Esteves Martins, 45 anos, Coimbra
Desafio nº 58 – tabela de 2 palavras obrigatórias para o alfabeto, uma à escolha

30/01/14

Programa 185 – 30 Janeiro 2014

OUVIR o programa! 
No site da Rádio Sim


Alvoroço na granja
Grande alvoroço na granja! Os galos cantam, galinhas cacarejam, grunhem os porcos, grasnam os patos, gatos miam, os grilos cantam, os gaios voam de galho em galho, saltam gafanhotos, barulhentas gralhas esvoaçam em grupo. Há grande algazarra no galinheiro, o galo capão galando as galinhas! Os galgos velozes seguem Germano, que vem galopando no galeão, cavalo gabado na região. Gertrudes, cozinheira, grelha a garoupa, coze o grão, salteia os grelos e guisa a galinha com vinho Gatão.

Joana Marmelo, 50 anos, Cáceres, Espanha
Desafio nº 57 – palavras começadas por G em todo o texto, estando entre cada palavra com G, poderá haver até três palavras livres

O papagaio

No tempo em que não era mais possível inventar palavras, certo papagaio obstinado apenas repetia “Não”. Os donos, não estando para brincadeiras, decidiram-se pela super-cola. Não que fossem contra os direitos dos animais, não! Não que não gostassem de ouvir papagaios no noticiário das oito, não! Mas não gostavam – mesmo! – era de lhe ensinar novas palavras. Aquele não custara-lhes horas. Agora, não suportando tanto não, impunham-se medidas cautelares: não lhe cortariam o bico, não, isso seria desumano!

Graça Santos, 55 anos, Paço de Arcos

Desafio nº 59 – 14 vezes a palavra não

Sem til!

Escrever um texto? Não! Responderam em uníssono. Não seríamos capazes. Não temos vocabulário suficiente, não sabemos conjugar os verbos, não sabemos utilizar muito bem os possessivos e é melhor não arriscar.
Quem não arrisca não petisca. Uma troca de olhares, tímidos sorrisos e não há tempo a perder.
O texto começa e alguém exclama “oh, não”! O nosso teclado não tem o til, não podemos escrever não.
Escrevemos sem til?
Não! Inserir símbolo, selecionar, ok. Já está.

Alunos do 4º ESO (equivalente ao 10º ano, Português como língua estrangeira), Cáceres, Espanha – prof. Joana Marmelo

Desafio nº 59 – 14 vezes a palavra não

Gémeos?

Não estremeceu, porque não chamaram o seu nome. Não sabia nada sobre o assunto. Não tivera tempo de estudar. Também não respirou fundo. Não sabia se não mudariam de ideias.
Seria que não podia sair com passo miudinho? Se o irmão não estivesse de sentinela…
Olhou-o. Não podia contar com ele. Isso também não era novidade.
Não sabia porque ainda se admirava. Tão diferentes, até parecia que não eram irmãos e gémeos. Seria que eram? Ou não?"

Quita Miguel, 54 anos, Cascais

Desafio nº 59 – 14 vezes a palavra não

A vida animal

A abelha pica o burro. Ele está a borrifar-se e come caramelo.
O doutor trata do jacaré, o qual treme.
O entulho vai para a falésia, erro do sistema.
A vaca, animal ruminante ganhou um galardão pelo trabalho de voluntariado. É uma hipótese para quem está desocupado.
O Pimpão partiu o braço, imobilizou-o, partiu a unha, deu um pontapé no mármore e no xisto. Foi aos ziguezagues e mergulhou num livro de nenúfares, ovos, queijos e velas.

EB Coruche, 2º/3º D, profª. Carmo Silva

Desafio nº 58 – tabela de 2 palavras obrigatórias para o alfabeto, uma à escola

A abelha, o nenúfar e o jacaré

– Que NENÚFAR lindo,  dois dias atrás era um simples BOTÃO,
GRITA a ABELHA ao guloso JACARÉ que, IMOBILIZADO na sua rocha de XISTO, lê à luz da VELA o LIVRO preferido “Receitas de CARAMELO”.
– Nem OUSES PRONUNCIAR, não te dês ao TRABALHO, estou ENTERRADO na minha leitura – MURMURA o jacaré, SUSTENDO o olhar para não DISPERSAR.
– Como ZIGUEZAGUEIA ao vento, parece QUERER UNIR o Céu e a Terra. – diz ROBURIZANDO a abelhinha, deixando FUGIR uma lágrima.

Isabel Branco, 53 anos, Charneca da Caparica

Desafio nº 58 – tabela de 2 palavras obrigatórias para o alfabeto, uma à escola

Desafio nº 59

Preparados para sofrer? Acho que vamos mesmo sofrer, todos, a começar por mim.
Ora, já tivemos um desafio onde o sim entrava 7 vezes.

Vamos subir a fasquia – agora é a palavra NÃO que terá de aparecer 14 vezes.

O meu texto ficou assim:
Não, não és precisa, apaga esse sorrisinho. Irrita-me não conseguir apagar-te do espelho. Não aguento ver-te todos os dias, dizendo que não sou capaz de não me frustrar, avisando-me de que não sou a pessoa que outros vêem. Não vês que não te oiço? Escusas de me lembrar que é arriscado não te ter. Não preciso do teu lado de mim. Não tenho receio de enfrentar a vida, não. Fartei-me dessa tua forma de não me apoiares.
Margarida Fonseca Santos, 53 anos, Lisboa
Desafio nº 59 – 14 vezes a palavra não
EXEMPLOS
OUVIR

29/01/14

Programa 184 – 29 Janeiro 2014

OUVIR o programa! 

No site da Rádio Sim


Ter maneiras...
frios osga – gatanhada dama gico coeso  sorriu

Os dias estavam frios e para se aquecer um pouco decidiu praticar ioga. Ao ver uma osga a desenhar uma gatanhada na parede, que assustou toda a gente, deu uma gargalhada baixinho, pois era uma dama e as damas têm maneiras. Todos se entreolharam envergonhadamente.
Rapidamente, desafiando a sorte, num passo mágico, coeso, mas complicado, torceu o tornozelo e tanto lhe doeu que desesperadamente um grito deu! Lá perdeu a postura e a osga sarcasticamente lhe sorriu.

Clara Oliveira, leitora do Instituto Camões em Pequim
Desafio nº 25 – palavras com sílabas encadeadas

Praia da Falésia

Estou na Praia da Falésia.
Saboreando um caramelo, lendo o livro Nenúfar no Charco, um barco à vela navega no mar.
Uma abelha aos ziguezagues não deixa de me xingar. Que ousada! O melhor é dispersar
Não vou fazer o jogo dela. Estou-me borrifando, vou lanchar. Tarte de queijo, bolo mármore. Não tenho hipótese. Tenho que a imobilizar.
Não me sustenho!
Tremendo, pronunciando palavrões que me deixam ruborizada, dou-lhe uma unhada, enterro-a na areia e grito, aliviada.

Joana Marmelo, 50 anos, Cáceres, Espanha

Desafio nº 58 – tabela de 2 palavras obrigatórias para o alfabeto, uma à escola

Menino ou menina?

Numa linda tarde de Outono, perto de minha casa passeava os meus cães.  Corrida para aqui, saltos para ali, lá andavam eles satisfeitos nas suas brincadeiras. Minutos depois avisto um senhor, também ele passeava o seu cachorrinho. Chego perto e começo a fazer festas ao animal. De repente dou por mim estou a fazer esta pergunta:
– É menino ou menina?
Ao qual o senhor respondeu com uma expressão quase de indignação:
– Desculpe, minha senhora, é uma cadela.

Isabel Branco, 53 anos, Charneca de Caparica
(história sem desafio)

28/01/14

Programa 183 – 28 Janeiro 2014

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Publicar!
Já não falavam há semanas. Então, como estás?
Publiquei fotos no facebook, viste?
Não, não tenho…
Muito giras, vai ver! E o artigo que publiquei sobre uso excessivo das redes? Crítico! Já “gostaste”? Não disseste nada sobre o que te publiquei no mural!
Ainda não…
Tens de te atualizar!
Publicar, publicar, mais do que alguém consegue ler, todos querem aparecer. Oh, vã tirania do publicar!, pensei. Com tempo e moderação, arrisquei. Mas já estava a publicar outra.

Inês Cardoso, 32 anos, Toronto
Desafio nº 12 – uma palavras que aparece meia-dúzia de vezes, pelo menos

Sem verter uma lágrima!

Aos ziguezagues pela rua, deu um pontapé, acertou em cheio no ovo. Fez nascer um jacaré! É dos livros e não há hipótese de fugirImobilizadosusteve o grito.  Tremia ao raspar a unha na pedra de xisto... Armado contra um caramelo acabado de nascer?
Devia era dispersar daquele cenário, sem medo, pensou ruborizado. Melhor enterrar o assunto e comer uma sandes de queijomurmurou.
Notificou o botão da alavanca e acordou, sem verter uma única lágrima.

Regina da Graça, 49 anos, Coimbra

Desafio nº 58 – tabela de 2 palavras obrigatórias para o alfabeto, uma à escola

27/01/14

Uma festa memorável

Para o jantar, deixou o jacaré a levedar numa falésia, assente numa tábua de xisto e mármore. Cobriu-o com queijo derretido pela vela e salpicou-o com abelhas caramelizadas e raspas de ovos de colibri. Decorou-o com nenúfares azuis em ziguezague, nada de entulho!
Manteve-se Imóvel. Uniu o botão à casa da camisa. A tremer e sem dispersar, mas ruborizado, recebeu o galardão pela hipótese sobre o sistema do pontapé.
Até tocou a banda! Foi uma festa memorável.    
     
Catarina Confraria Peças, 42 anos, Lisboa  

Desafio nº 58 – tabela de 2 palavras obrigatórias para o alfabeto, uma à escola

Amigo...

Com um caramelo na boca, e sem as palavras do livro pronunciar, e até mesmo sem tremer, e com um apenas simples murmurar baixinho até a abelha dispersar.
Se borrifar de água o queijo, e ele verter, e sem você ruborizar, sustenha-o, e sem fingir, enterre bem a unha no xisto, e aí como o nenúfar na água imobilizar.

Maria Silvéria dos Mártires, 67 anos, Lisboa

Desafio nº 58 – tabela de 2 palavras obrigatórias para o alfabeto, uma à escola

Programa Rádio Sim 182 – 27 Janeiro 2014

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Pobre abelha
Quando a abelha se pronunciou, ninguém ligou. Bem podia murmurar ou até ruborizar – de nada adiantava. O jacaré fugia, com o livro, enterrando assim as hipóteses de unir esforços e suster as ameaças imobilizadas na falésia. Ainda ousou notificar o doutor, carregando no botão de xisto, mas, sem querer, escorregou no caramelo, acertou no copo, que verteu o conteúdo para cima do burro. Ficou este a zurrar, deixou o trabalho a meias e a abelha, desesperada, gritou!

Margarida Fonseca Santos, 53 anos, Lisboa

Desafio nº 58 – tabela de 2 palavras obrigatórias para o alfabeto, uma à escolha

Abelhas.pt

Querer armar uma colmeia é arte, e abelhas em ziguezague, é ousar e tremer. Convém não ir perfumado, se o aroma é caramelo, dispersar a pontapé. Há a hipótese de enterrar a unha na pele e ruborizar imobilizado pela dor.  Xingar o sistema e do alto da falésia observar o botão abrir como um nenúfar. Jogar como vem nos livros, até as velas murmuram quando ganham. Não! Gritam: É um serviço de partilha e biblioteca na cloud.


Alda Gonçalves, 46 anos, Porto
Desafio nº 58 – tabela de 2 palavras obrigatórias para o alfabeto, uma à escola

25/01/14

Que pratinho...

Apaixonou-se pela ABELHA. BORRIFOU nele, ENTERROU-LHE o ferrão...
ZURROU, deu PONTAPÉS e FUGIU até cair  no lago... SUSTEVE a respiração ao ver o JACARÉ saindo dos NENÚFARES. Branco como MÁRMORE, TREMENDO, safou-se por uma UNHA negra.
– HEI-DE ser sempre um CARAMELO!
Deprimido, QUIS um DOUTOR. Este lia um LIVRO e XINGOU-O, pois não estava na hora da consulta.
OUSOU VERTER uma bejeca para animar. RUBORIZADO, cambaleando, ouviu um GRITO, caiu assustado.
IMÓVEL, o jacaré, gozava o pratinho...

Isabel Lopo, 67 anos Lisboa

Desafio nº 58 – tabela de 2 palavras obrigatórias para o alfabeto, uma à escolha

Uma falésia qualquer

Deve haver uma falésia qualquer
Para eu fugir com meus livros
Sentar no mármore, chupar caramelo
Contemplar  abelhas ziguezagueando nenúfar
Hipótese alguma o trabalho ruborizar
Pois esse sistema dispenso notificar
Longe dos entulhos vou enterrar meu grito
Imobilizar o jacaré  com pontapé
Tremendo a ruminar ovo e queijo
Ousarei amar o botão de rosa
Com unhas e velas murmuro a xingar
Doutor vamos jogar, até verter nosso querer
Sem levedar nossa união
Dispersar o xisto desse  galardão

Ângela Maria Green, 56 anos, Novo Horizonte - São Paulo - Brasil

Desafio nº 58 – tabela de 2 palavras obrigatórias para o alfabeto, uma à escolha