27/02/18

Mariana Gomes ― desafio RS 47

Um urso místico e solitário que andava de xaile e um jaguar extraordinário encontraram-se. O urso em primeiro deu-lhe uma lamparina que até ficou a ver quatro varejeiras.
Eles eram rivais e tiveram algumas zangas. Um dia fizeram uma aposta em que o vencedor ganhava notas e o outro ficava falido. Terminaram e ficaram numa grande hesitaçãoporque um oculto bárbaro que cometia crimes e não tinha dedos os espicaçava atrapalhava.
Impossível entender toda esta atrapalhação.
Mariana Gomes, 6ºB, 11 anos, Olhão, Escola EB 2/3 Professor Paula Nogueira, Prof.ª Cândida Vieira
Desafio RS nº 47 – 23 palavras obrigatórias!


Tiago Dias ― desafio RS 47

Era uma vez, um urso chamado Miguel, que tinha quatro dedos. Era trapalhão, estava sempre zangado e também ficara falido.
Miguel fora preso pelo seu crime bárbaro: roubar uma lamparina mística e várias notas.
Um dia, o seu rival jaguar foi, sem hesitação, espicaçá-lo. Era impossível terminar aquela solidão que Miguel sentia!
Mais tarde, o jaguar foi-se embora com o seu belo xaile.
No primeiro minuto que Miguel entrou na cela, apareceram, ocultamente, quatro grandes moscas varejeiras.
Tiago Dias, 6ºA, 11 anos, Olhão, Escola EB 2/3 Professor Paula Nogueira, Prof.ª Cândida Vieira
Desafio RS nº 47 – 23 palavras obrigatórias!


Inês Coelho ― desafio 105


Vivia triste, encurralada numa rotina de pressas, contudo imaginava-se, no futuro, feliz, alegre com tempo para tudo e todos, e imaginava-se realizada, com sonhos cumpridos.
Não sabia ela que o tempo é esgotável e que nem todos têm o mesmo. Que alguns têm mais do que outros, mas que o aproveitam de formas diferentes: alguns ficam espantados a maravilhar a beleza do mundo, em vez de agir, realizar sonhos e voar mais alto do que os outros.
Inês Coelho, 12 anos, Braga
Desafio nº 105 – frase de Einstein


Desafio RS nº 47 – 23 palavras obrigatórias!

Primeiro estava eu no trabalho quando o Zangão, o meu rival, um urso, conseguiu falir quatro empresas com a varejeira. Conduzem um grande Jaguar e usam sempre um xaile de pele. É muito bárbaro! Eu, atrapalhado, perdi o comboio, porque hesitei. E sofri de solidão na empresa. Ele fez um crime com um dedo místico: mandar a empresa à falência. Após isso encontrei uma lamparina oculta e recebi do génio uma nota impossível de terminar para espicaçar-me.
Gonçalo Pacheco, 6ºC, 11 anos, Olhão, Escola EB 2/3 Professor Paula Nogueira, Prof.ª Cândida Vieira


Vasco Barros ― desafio RS 47

Encontrava-se o BÁRBARO numa GRANDE ATRAPALHAÇÃO dado este ter estado a ESPICAÇAR um grande URSO FALIDO sem NOTAS. Esta situação aconteceu à luz de uma LAMPARINA, aos PRIMEIROS QUATRO minutos do nascer do dia, sendo cúmplice um JAGUAR MÍSTICO, que assistiu ao CRIME OCULTO de apontar o DEDO ao seu RIVAL.
Andava também no local da ZANGA uma mosca VAREJEIRA vestida com um XAILE numa grande SOLIDÃO. Sem HESITAÇÃO tomou uma ação IMPOSSIVEL: TERMINAR com esta zanga.
Vasco Barros, 6ºB, 11 anos, Olhão, Escola EB 2/3 Professor Paula Nogueira, Prof.ª Cândida Vieira
Desafio RS nº 47 – 23 palavras obrigatórias!


Margarida Sousa ― desafio RS 47

Um urso tinha uma varejeira. Impossível aproximar-me, porque não parava de espicaçar. Dei-lhe um xaile. Ficou meu amigo. Depois apareceu um jaguar e deitou-se. Também me deitei.
No dia seguinte, fui a primeira a acordar. Nisto, apareceu um bárbaro grande, místico, zangado, que tinha um rival e uma lamparina. Abalou quando me viu terminar a refeição.
Quatro semanas depois, apareceu um criminoso falido, sem um dedo, atrapalhado, hesitante, solitário e oculto. Fugi, pois ele queria-me roubar notas.
Margarida Sousa, 6ºB, 12 anos, Olhão, Escola EB 2/3 Professor Paula Nogueira, Prof.ª Cândida Vieira
Desafio RS nº 47 – 23 palavras obrigatórias!


Constantino Mendes Alves ― desafio 105


Não aprendia, era burro. A letra rapaz, qual é a letra? Batia-lhe todo dia da mesma maneira, com a mesma dor. Burro era o que era, não passava disso. Sou burro, ora aí tem! Insolente burro. Certificado e assinado.
Um dia, viu uns bonecos de trapo que falavam pelos cotovelos, coisas giríssimas, de encantar… cresceu um súbito tremor de poesia. E as letras, agora sei que as quero, para as poder dizer, as coisas giríssimas de trapo.
Constantino Mendes Alves, 59 anos, Leiria
Desafio nº 105 – frase de Einstein


Tomás Redondo ― desafio 35

Morria de sono, pois ontem à noite fui a um café, e não correu bem… Estava bêbado. Diziam-me que era só um… só mais um… vá é o último… e fiquei bêbado.
Chegou a um ponto que havia uma mulher que começou a abraçar-me e como eu estava bêbado não me importei.
De repente apareceu um polícia dizendo que o tinha de acompanhar à esquadra para umas perguntas. Só me lembro de dizer:
Eu daqui não saio.
O livro dos desejos, Virgílio Alberto Vieira
Nome da poesia: A vingança do chinês
Tomás Redondo, 11 anos, Olhão, Escola EB 2/3 Professor Paula Nogueira, Prof.ª Cândida Vieira
Desafio nº 35 – partindo de dois versos de autor


Diogo Seixal ― desafio 47

No dia quatro sonhei que aconteceu um crime bárbaro.
Presenciei o impossível: um urso castanho numa grande zanga com o jaguar rival.
Primeiro o jaguar estava a espicaçar o urso falido, que tinha encontrado uma nota. Quando já tinha um dedo em cima da nota, houve uma hesitação e atrapalhação que pareciam nunca mais terminar.
Entretanto enquanto punha o meu xaile, encontrei uma lamparina mística com uma varejeira oculta. A varejeira disse-me que estava numa imensa solidão.
Diogo Seixal, 6ºA, 12 anos, Olhão, Escola EB 2/3 Professor Paula Nogueira, Prof.ª Cândida Vieira
Desafio RS nº 47 – 23 palavras obrigatórias!


Rodrigo Peres ― desafio 35

Era apenas um retrato de Luís Vaz de Camões que tinha só um olho e uma boca. Fui à rua e só via o retrato por todo o lado. Para qualquer lado que me virava não via outra coisa. Decidi fechar os olhos e voltar a abrir para ver se desaparecia, nada... Foram tantas vezes que até me doía os olhos de tanto abrir e fechar. Então quando acordei, percebi que tudo tinha deixado de fazer sentido.
Vieira, A. (1998). Poesia, Dois Corpos Tombando na Água. Editorial Caminho. Lisboa.
Rodrigo Peres, 11 anos, Olhão, Escola EB 2/3 Professor Paula Nogueira, Prof.ª Cândida Vieira
Desafio nº 35 – partindo de dois versos de autor


Constantino Mendes Alves ― desafio 101


Sinto a batata atada ao presunto. O instinto extinto. Socorro! Um presumível matador atira ao pesunho. Horrível! Veste a bata e salva o presunto. Pressinto uma batalha se houver absinto. Que lindo serviço! O batalhador assassino sorvendo tinto. Tataratata! Cornata de nata, o pinto faminto chegou. Agora indistinto no forno dilata. A bravata chegava ao fim. Apenas uma barata, minto um burocrata se aproximava. O terrível comedor. Comerá a batatada atada ao quinto capítulo alínea absinto retinto.
Constantino Mendes Alves, 59 anos, Leiria
Desafio nº 101 ― partindo das palavras BATATA e PRESSINTO


Valdir Fernandes ― desafio RS 47

Um dia, um grande bárbaro do crime ocultou quatro ursos: o primeiro terminava o seu xaile. Ao passar encontrou uma lamparina mística. Para terminar a atrapalhação e hesitação agarrou-a e esfregou e esfregou. Notou que de lá saiu uma varejeira com um jaguar. Impossível! Fui calhar com o bandido Dedo Torto! Ah! Ah! Olha que tenho um mata-moscas e não tenho medo de o usar! Rivais?! Sim, rivais. Espicaçaram-se, zangaram-se… bandido falido e com uma enorme solidão.
Valdir Fernandes, 6ºC, 11 anos, Olhão, Escola EB 2/3 Professor Paula Nogueira, Prof.ª Cândida Vieira
Desafio RS nº 47 – 23 palavras obrigatórias!


Érica Augusto ― desafio RS 47

Numa grande gruta mística e oculta vivia um falido bárbaro rodeado de quatro varejeiras, que tinham como rivais, um urso e um jaguar.
Não hesitava em espicaçar os rivais e fazia o impossível para arranjar zangas, pois o seu primeiro objetivo era vingar o dia em que ficou sem dedos.
Numa noite, colocou o xaile, pegou na lamparina e sem atrapalhação foi terminar o crime que tanto aguardava.
Quando voltou, notou que vivia num quadro de solidão.
Érica Augusto, 6ºB, 11 anos, Olhão, Escola EB 2/3 Professor Paula Nogueira, Prof.ª Cândida Vieira
Desafio RS nº 47 – 23 palavras obrigatórias!


Constantino Mendes Alves ― desafio RS 33


Olhos de água, azuis, tão belos como mar paradisíaco. Eu olhava, pobre. Era assim, sempre, um olhar que prolongava horizontes. O sorriso vulgar, o que interessava isso? Um rosto comum, para quê lembrar? Mergulhar naquele líquido cristal, era todo o mundo, mais ainda. A verdade, não era a verdade, o amor, não era amor. Todos os segundos contavam, tudo o que eu poderia retirar, era pouco, ali era o infinito. Mas, há sempre um mas, cruel, endoideci.
Constantino Mendes Alves, 59 anos, Leiria
Desafio RS nº 33 – uma história de enganos


Rania Sequeira ― desafio 35

Sou Gaivota, sou Gaivota
Pelo mar tenho rota,
Navio novo que me há de levar,
de volta ao mar.
Vem cá minha amiguinha
que eu te quero levar
pois o meu coraçãozinho
quer-te muito navegar
Iluminam toda a terra
só de nos ouvir chegar.
Um marinheiro trazia
rosa de encantar para
eu te catar.
Rosa fina, rosa profunda
porque me catar?
Já tenho coração cheio
de tanto amar,
verdade pura deixar…
Minhas amadas no mar.
Que dó...
“O Mar na cultura popular portuguesa”- Maria Isabel de Mendonça Soares
Rania Sequeira, 11 anos, Olhão, Escola EB 2/3 Professor Paula Nogueira, Prof.ª Cândida Vieira
Desafio nº 35 – partindo de dois versos de autor


Gabriel Guerreiro ― desafio RS 47

No meio da solidão estava um grande bárbaro falido. Devido a um místico e oculto crime, o seu rival (Gabriel), sem hesitação fez o impossível! Gabriel espicaçou o dedo dum urso e dum Jaguar, de forma atrapalhada. Primeiro acendeu uma lamparina e terminou enrolando uma varejeira no seu xaile.
Toda esta zanga fez com que se notasse a morte de quatro seres.
Contudo, Gabriel, o seu único inimigo, foi preso e o grande Bárbaro falido continuou .
Gabriel Guerreiro, 6ºB, 11 anos, Olhão, Escola EB 2/3 Professor Paula Nogueira, Prof.ª Cândida Vieira
Desafio RS nº 47 – 23 palavras obrigatórias!


Eurídice Rocha ― desafio 35


CÔNCAVO
mas sofrer não nos faz forçosamente belas na escuridão.
aquele silêncio embrulha-nos alma,
prende-nos como anzol despedaçando peixe,
trincha-nos ventre fetal futilizando espírito
dilacera-nos corpo desatinado em grito silencioso…

olha-me nos olhos… preciso de te beber pelos olhos.

corrente dor assalta-me crânio
não há norte…
teu embuste escondeu-se repentinamente
nada há …
só esta dor acalentada infindavelmente me habita
pouco há…
precipício asfixia  angústia
nada há, mesmo nada…

tempo pereceu quando cada gesto que fazias semeava uma esperança.                                                                                        
Eurídice Rocha, 51 anos, Coimbra
Desafio nº 35 – partindo de dois versos de autor
“Mas sofrer não nos faz forçosamente belas”, Adília Lopes, Caras Baratas, junho 2004
“Cada gesto que fazias semeava uma esperança” Vinicius de Moraes, Jardim Noturno, 2.ªed. 2003


Constantino Mendes Alves ― desafio 128

Apagou o cigarro maldito. Finalizado, o relatório segue em arquivado e vai para a gaveta. Mais tarde deixar-lhe-ia uma réstia de qualquer coisa como azedume. Abriu a janela, o sol queimou-o e deixou-lhe a garganta seca, trouxe-lhe agora uma asfixia súbita e começou a ficar apreensivo, de novo completamente pasmado com os factos relatados. Idiotice! Crime não comprovado. Raul Rio, mais uma vez à solta, livre como um passarinho, sorriu azedo, disse baixinho, o crime não compensa.
Constantino Mendes Alves, 59 anos, Leiria
Desafio nº 128 – 12 palavras com 4 no meio

Sofia Costa ― desafio 135


Com o ano letivo no fim, em menos de uma semana este era o terceiro conflito entre os irmãos Gonçalo e Sofia descrito pelo pai Luís como um hábito que o deixava extremamente insatisfeito. Por mais que os tivesse avisado e repreendido, o mérito do final de toda a confusão gerada foi da mãe Salomé que, com opropósito de apaziguar as normais rivalidades, e para proveito dos irmãos, marcou férias em família numa distante ilha paradisíaca.
Sofia Costa, 13 anos, Agrupamento de escolas João da Silva Correia, S. João da Madeira, prof Ana Paula Oliveira
Desafio nº 135 – 7 palavras com ITO


Constantino Mendes Alves ― desafio 100


Ontem, foi ontem, que me aconteceu. Derramei-me no diário como um rio no oceano. O segredo da minha dor rebentou, não encontrei vizinhos, nem companheiros, muito menos qualquer amigo para emparedar este sofrimento. Sou diferente, não ouço, não vejo, não sinto como o indiferente. Lancei-me nas páginas como em céu aberto. Só aqui os sentimentos têm uma audiência perplexa, mas confidente, só aqui uma mão me afaga o súbito crescimento… e foi por isso que me escrevi.
Constantino Mendes Alves, 59 anos, Leiria
Desafio nº 100 – «e foi por isso que me escrevi»


Sara Garizo ― escritiva 29


Conheceram-se num dia de trabalho e foi amor à primeira vista. Eram jovens, bonitos e apresentavam-se impecavelmente vestidos. Quando deram o primeiro beijo, Afia sentiu borboletas na barriga e Lápis chegara a casa. Os beijos foram aumentando na proporção inversa que a vida de Lápis foi diminuindo. A ausência de espaço em cada encontro adensava a sua vida, que se ía encolhendo até ao bico. De um último beijo ficaram aparas infinitas, em espiral sobre si mesmas.
Sara Garizo, 42 anos, Madalena
Escritiva nº 29 – história de amor de objetos


Constantino Mendes Alves ― desafio 122


Era só um mosquito no leite, mas vejam… Não era a primeira vez. Aproximou a chávena. O chefe tinha-lhe dito que não ousasse, que não podia, que era muito irregular. Sentou-se, roeu a esferográfica, traçou a perna, recostou-se, não viera ao mundo para aquilo, que fosse dar uma volta. Odiava chefes. Fazia as coisas à sua maneira, nada de protocolos, a missão era para cumprir, rodou a colherzinha, levantou-a, esperneava impotente, um insectozinho era o que era.
Constantino Mendes Alves, 59 anos, Leiria
Desafio nº 122 ― um mosquito no leite

Sofia Lopes ― desafio 35


Continuamos à espera
que a fome acabe
que a guerra termine
e que a paz de expanda.

Eu estou à espera
que o machismo vá abaixo
e que o feminismo vá ao topo.

Tu estás à espera
de mais chocolate
e de mais “slime”.

Pois ele
só quer uma casa,
alimentos,
e uma família.
Ele está à espera.

Eu, tu e ele:
quero paz
queres amor
quer saúde.

Espero que leias isto
com olhos de ver!
Sofia Lopes, 6ºA, Escola Dr. Costa Matos, prof Cristina Félix
Desafio nº 35 – partindo de dois versos de autor
2 versos do poema “Óculos esquecidos”, de João Pedro Mésseder


Constantino Mendes Alves ― desafio 133


Caiu da estrada para um monte silvas. Odiava a estrada, a rotina de avançar sem ver. Agora isto e aquilo, depois, mais tarde, então, mais um dia, odiava mais um dia. Ficou. Apavorado, mas ficou. As crianças na escola, a esposa no trabalho. Ficou. À janela. Horas. Decidiu, mal. Podia a solução ser na estrada, com outra rotina, com outra alteração. Fez. Mal. Caiu.
Nunca se levantou, silvas cobriram-no, picaram-no. Padecia, eufórico, desastroso, livre… sem qual arbítrio?
Constantino Mendes Alves, 59 anos, Leiria
Desafio nº 133 ― cair nas silvas


Quita Miguel ― escritiva 29

Livros
Há anos, que livros são, por preferência, bens que me possuem. A cada página me realizam, desde que estejamos na zona da ficção e no tempo atual, salvo raras exceções.
Os livros mais conceituados, por alguns prémios e críticos, são aqueles que ficarão esquecidos por mim, pois acho-os, em geral, chatos e cansativos.
Do que gostaria? Cavaquear com um livro, abrir o coração às suas páginas que me adoçam a alma e terminá-lo com uma visão iluminada.
Quita Miguel, 58 anos, Cascais
Escritiva nº 29 – história de amor de objetos
Faça aqui o download do conto «Sonho Esventrado» 
https://www.smashwords.com/books/view/595005

Constantino Mendes Alves ― desafio RS 34

Espantava-se momentaneamente, sempre. Não aprendera o espanto, nem o estremecimento que sempre sentia com tudo, com as coisas que eram coisas, e com aquelas que o não eram, tudo. Numa flor prende-se-lhe o lábio no dente, na árvore o pisca-pisca dos olhos, no horizonte o seu semblante, como um vulcão, estremecia. E um sonho, múltiplo de espanto, germinava na sua alma. Sonhava, esquecia-se do temor e da tristeza.
Um homem que sempre sonhava, do espanto da vida.
Constantino Mendes Alves, 59 anos, Leiria
Desafio RS nº 34 – frase de Mia Couto

Sérgio Felício ― desafio 13

SEXTA-FEIRA 13
Sexta-feira saí de minha casa. Dia belo, repleto sol! Caminhava na rua, contemplei gato preto… dia treze… prossegui itinerário…  tempo depois, céu com bastantes nuvens… continuei feliz. Dia igual aos outros. De repente, chuva deveras intensa, encharcou-me da cabeça aos pés. Sorte - estabelecimento de chapéus. Chapéu ficou barato. Chovia. Chapéu estraçalhou-se.  Nem acreditava no dia 13, nem nos gatos pretos.  Pensava que era uma lenda. Estava enganado.
Que mais poderia esperar de uma sexta-feira 13? Era barata...!
Sérgio Felício, 37 anos, Coimbra
Desafio nº 13 – Frase para terminar: Que mais poderia esperar de uma sexta-feira 13? Era barata!

Constantino Mendes Alves ― desafio 127

O mestre e o seu astrolábio. As estrelas demonstravam que aquele era o Caminho. Então, uma tempestade que merece que se registre, ondas na forma de monstros, distribuíam o medo pelos tripulantes. Um marinheiro destro pegava no leme sem distração e abnegação. Aquela sobra de coragem fazia parecer aquele estrondo medonho num gentil monstrinho. Era hora de erguer a vela superior, um povo a erguia, magistral! Dobrávamos o cabo, nós um Portugal não castrado, restrito, mas universal.
Constantino Mendes Alves, 59 anos, Leiria
Desafio nº 127 – stra, stre, stri e stro x 3


Glória Vilbro ― escritiva 29


Em jovem o meu pai montava a cavalo. Quando deixámos África, ele quis trazer recordações das distantes cavalgadas. Abrimos o caixote (contentor, como dizíamos) e lá estavam as botas, esporas, estribos, luvas... No meio destes objectos deformados pela humidade, e molhados de saudades, não encontrámos a sela. Então foi como se esta ausência doesse mais do que a falta do cavalo, do capim e da cacimba. A sela perdera-se das recordações, alcançando assim a glória da eternidade.
Glória Vilbro, 50 anos, Negrais, Almargem do Bispo - Sintra
Escritiva nº 29 – história de amor de objetos


Constantino Mendes Alves ― escritiva 28

Em primeiro lugar, verifique se os pés assentam na Terra, quando ligar o interruptor da imaginação evita voos ou ambições descabidas. Sonhar é bom, regule o aparelho para 8 horas diárias de sono. Atenção este aparelho usa neurónios e emoções, é necessário utilizá-los e regularmente. Tem tubo digestivo e aceita apenas alimento saudável. Evite gorduras e açúcares.
Nota importante: Este aparelho apenas serve para alcançar uma vida de felicidade, evite estragar, submeter, usurpar.
Use, mas não abuse.
Constantino Mendes Alves, 59 anos, Leiria
Escritiva nº 28 ― manuais de instruções


Teresa Silva Isabel ― desafio 117

Tenho sessenta anos de psoríase. Nunca lhe dei muita confiança. Da praia, dirigi-me à entrada. Queria gelados. Vinha muita gente. Todos me olhavam. É por causa do biquíni novo de licra, brilhante, cores suaves. Era lindo! Todos me olhavam. Eu inchei, cresci, fiquei contente. Só pensava. É mesmo giro! Muito giro. De repente reparei. Olha?! Não é o biquíni que vêem. Fiquei a gostar ainda mais do meu biquíni que me fez sentir tão bem. Sobrevivi.
Teresa Silva Isabel, 70 anos, Caldas da Rainha
Desafio nº 117 – uma história para ajudar a combater a psoríase


Constantino Mendes Alves ― desafio RS 48

O nariz, os olhos, a boca, que diabo, isto é um espelho! Aqueles comprimidos, efeitos secundários… perdas de consciência, sensação psicótica. Sem stress, sem alarme, estás apenas a delirar, o meu rosto, claro, as mãos reconhecem o meu rosto, é uma ilusão. O meu subconsciente domina a consciência, um dia teria de acontecer, então serei assim… no fundo do ser. Sensacional! Um rosto doce, como uma melancolia líquida, poderoso autorretrato de um poema, quanta vida a emergir…
Constantino Mendes Alves, 59 anos, Leiria
Desafio RS nº 48 ― um rosto diferente no espelho


Tomás Apolinário ― desafio RS 47


O tio atrapalhado tinha pregado o dedo na solidão. Parecia que tinha levado um tiro dum bárbaro criminoso muito grande e zangado. Cheio de barba oculta, de xaile seria o primeiro da época com notas sem parar. Com hesitação, deveras impossível, até matou um urso exterminador que tinha quatro amigos, um deles um rival místico que tinha um jaguar que dava lamparinas nas varejeiras falidas espicaçadas. Elas terminavam sempre mortas por ele, só para ele se divertir.
Tomás Apolinário, 6ºC, 11 anos, Olhão, Escola EB 2/3 Professor Paula Nogueira, Prof.ª Cândida Vieira
Desafio RS nº 47 – 23 palavras obrigatórias!


Carolina Teixeira ― desafio 47


Era uma vez um urso que estava sempre zangado com o seu amigo jaguar porque era muito bárbaro, atrapalhado e falido e ainda usava um xaile impossível do tamanho dos seus quatro dedos. Gostava muito de moscas grandes e varejeiras. Primeiro cometeu um crime oculto e rival, depois perdeu todas as notas do místico, com a hesitação e solidão a espicaçar a lamparina que tinha terminado de comprar. Por estes motivos o urso não gostava do jaguar.
Carolina Teixeira, 6ºA, 11 anos, Olhão, Escola EB 2/3 Professor Paula Nogueira, Prof.ª Cândida Vieira
Desafio RS nº 47 – 23 palavras obrigatórias!