30/11/19

Desafio nº 192


Que texto vos surge olhando para esta imagem? 
Bom, há uma limitação… O título é «Gaivotas em Pedra».
Divirta-se!

O meu ficou assim:
― Vê!, são pedras especialíssimas ― grasnou a gaivota Catastrófica, muito dada a teorias dramáticas. ― Isto é um sinal gravíssimo do fundo do mar!
A gaivota Simplícia, farta da outra, encolheu-se e concentrou-se no calor do sol, pois a noite fora fria. Mas a Alarmista, conhecida pelos seus dotes de sirene de 112, versão aquática, pôs-se a guinchar que nem um carro de bombeiros. Apanhou logo com uma cana de pesca na cabeça, que o pescador já não as podia ouvir.
Margarida Fonseca Santos, 59 anos, Lisboa
Desafio nº 192 ― gaivotas em pedra
Fotografia de Rosário P. Ribeiro

28/11/19

António Azevedo ― desafio 38


Vivemos num silêncio cheio de frases não ditas. Mas, será VIver este deVIAMeaçador dOS dias? ENUMero e SInalizo todas as LEmbranças dum outro tempo, duma outra vida. Cada um na sua coNCha já só vive o frIO da solidão, o CHeiro bafiento da ausência do outro. SEI que atingimos o fim deste caminho pois o tempo erODiu o nosso futuro. EFetuei demoRAdas análiSES sobre como aqui chegámos. o cheguei, tODavia, a aceITar AS minhas próprias conclusões!
António Azevedo, 54 anos, Lisboa
Desafio nº 38 – partindo de uma frase, utilizar os pares de letras desta para o texto

Maria S ― desafio 39

Todo o meu ser existe contigo. Logo que vejo o sol, tudo me responde sobre o teu nome.
O vento Sul diz-me, muito em segredo, que tu és o melhor do mundo. Eu penso tudo isso – sempre!
Por vezes, sinto os teus beijos, refletidos num rio que provém dos teus olhos – escondem-se reluzentes, num gesto doce e meigo.
O meu sorriso depende do teu delicioso sorriso – cor de mel.
Junto de ti, vivo em todo o universo – muito feliz.  
Maria S, 17 anos, EPADRC, Alcobaça, Prof. Fernanda Duarte
Desafio RS nº 39 – história de amor sem A!

26/11/19

Filomena Galvão ― desafio 191


Joana é muito gulosa, e por isso mesmo é muito redondinha. Ela bem tenta fazer dieta, mas é incapaz de resistir a uma guloseima. Sempre que passa à porta da pastelaria, os bolos riem-se para ela. Primeiro, ela só pede um café. No entanto, há uma voz interior que lhe azucrina a cabeça e lhe sussurra: é só um docinho, vá lá. E ela cede e murmura: mais quilo, menos quilo. Perdido por cem, perdido por mil!
Filomena Galvão, 58 anos, Corroios
Desafio nº 191 ― perdido por cem, perdido por mil

João Pedro C ― desafio 178


Era uma vez um menino que estava a dormir. De repente, ouviu um
barulho, TOC, TOC… Ignorou a primeira, a segunda, a terceira. Mais tarde,
era a quarta vez que ouvia aquilo.
Esboçou uma frase, mas não chegou a dizê-la, preferiu escrevê-la.
Que ruído! Assustado, guardou rapidamente o papel no bolso.
Desceu as escadas, vagarosamente, e, ao chegar à porta, o ruído
repetiu-se. Quando a abriu, encontrou um menino a pedir doces na noite
de Halloween. Puxa!
João Pedro C, 8º D, Escola Secundária da Gafanha da Nazaré, prof Isabel Sardo
Desafio nº 178 ― 3 frases para usar no texto

Carla Silva ― desafio 182

Pureza dos Anjos
Pureza dos Anjos fez camas, varreu chão, arrumou copos, deu ração ao cão, regou as rosas, podou a sebe que ameaçava apoderar-se do vaso dos cravos, coseu uns casacos, um véu e um gorro. Arejou a casa e desabou no sofá pensando no caçador que roubara o seu coração.
É que apesar das promessas do Monarca, o caçador era o homem dos seus sonhos.
E nem fada, nem bruxa, nem o que fosse mudava o seu pensar. 
Carla Silva, 46 anos, Barbacena Elvas
Desafio nº 182 ― 3 histórias sem i, t, l

Iúri D ― desafio 167

Chego amanhã, ao nascer do sol! Após este dia chuvoso, amanhã estará um dia quentinho ― certamente.
Quero conhecê-la, gostaria que me ensinasse a ser alguém na vida ― mais adulto!
Uma amiga, que foi sua aluna, acha-a uma escritora original. Os seus livros melhoram a humanidade.
Poderíamos escrever um livro em conjunto. Sei que tem melhores ideias, mas eu tenho experiências pessoais, que ajudarão.
Para chegar a sua casa, seguirei o Sol. É uma estrela que nunca nos engana.
Iúri D, 16 anos, EPADRC – Alcobaça – Prof. Fernanda Duarte
Desafio nº 167 ― «chego ao nascer do sol»

Carla Silva ― desafio 180

O tempo passa
Apesar de continuar a mesma, algo mudou. A dor que me dilacera interiormente não desapareceu mas está mais ténue. O que não significa que esqueci. Acho que nunca esquecerei e às vezes dói, dói muito. 
Talvez porque o tempo parece não passar. Mas o tempo passa. Mesmo quanto tal parece ser impossível, mesmo quando se teima em permanecer no passado, ele passa. 
E aquele sorriso, ainda que breve, é a prova disso. Passa e leva algo consigo.
Carla Silva, 46 anos, Barbacena, Elvas
Desafio nº 180 ― 10 palavras do livro que estamos a ler

Odília Baleiro ― desafio 191


Acordou surpreendida pela chuva que continuava a cair. A seca era extrema a sul! As paisagens moribundas, incapazes de sustentarem os animais, faziam dó. Na memória dos tempos de moça do Alentejo, só de galochas se podia andar, porque as ruas eram riachos largos. Levantou-se, abriu a janela e foi fustigada por enorme bátega de água… Saiu para a rua, ia sem guarda chuva. "Perdido por cem, perdido por mil", pensou. Que gozo encharcar-se até aos ossos!
Odília Baleiro, 64 anos, Lisboa
Desafio nº 191 ― perdido por cem, perdido por mil

António Azevedo ― desafio 37

Como exprimir o que sinto neste momento? O sentimento que reside no meu peito é impossível de esconder. Tenho de o conseguir expor em locuções e termos perceptíveis. Recuso um desejo longínquo, oculto e infrutífero. Quero permitir que ecoe o que me consome e me nutre. É-me impossível viver neste equívoco em que me encontro. Necessito de um gesto recebendo, ou repelindo, o que de mim ofereço. Continuo, porém, sem conseguir exprimir os meus sentimentos por ti...
António Azevedo, 54 anos, Lisboa
Desafio nº 37 – uma história sem usar a letra A

Helena Rosinha ― desafio 190

Imaginem, o Baltazar antiquário! Está diferente, bem-falante, atencioso, aspeto cuidado. Juro, nenhum sinal do bandoleiro de outros tempos. Julgo que a idade jogou a seu favor, justiça lhe seja feita. 
Na loja, expunha bibelots de porcelanacristais, brincos de ouro, pratas, banquinhos incrustados de marfim… “Bravo”, exclamei de admiração.  nos despedíamos, as bochechas repentinamente empalideceram-se-lhe; os joelhos, fraquejaram; caídos, os braços tremelicavam; lá fora, buzinas, carros a travar, buldogues loja adentro… 
Ah, Baltazar, não tens emenda! 
Helena Rosinha, 67 anos, Vila Franca de Xira
Desafio nº 190 ― de 3 em 3, B ou J

Paula Castanheira ― desafio 191

― Vamos tomar um copo?
― Humm. Um copo, ou dois dedos de conversa?
― Tu sabes!
― Precisas desabafar, tão certo, como dois e dois serem quatro.
― Vou desistir!
― De publicar o livro?
― Sou um zero à esquerda! Nenhuma editora acredita nele.
― O romance é viciante e tem grande qualidade literária.
― Eles não pensam assim.
― Só tentaste em duas. Não há duas sem três! Vais desistir do teu sonho?
― Perdido por cem, perdido por mil.
― Vou ajudar-te. Vais ser famoso!
Paula Castanheira, 55 anos, Massamá
Desafio nº 191 ― perdido por cem, perdido por mil

23/11/19

Maria Silvéria dos Mártires ― desafio 190

Gaivotas ensaiavam lindo bailado, com alegria e júbilo corriam a praia brincando
com algazarra e jovialidade açoitadas pela leve brisa do vento sem jeito, para que num brado dissipasse o nefasto joio que alastrava a bela seara verdejante numa fatídica abominável e péssima birra que era uma judiaria tudo contra a beleza desvalorizando a parte justa das gaivotas lindas balbuciando que eram como joias raras que com brilho davam ao universo justiça de Deus, felicidde e bênçãos.
Maria Silvéria dos Mártires, 72 anos Lisboa
Desafio nº 190 ― de 3 em 3, B ou J

Theo De Bakkere ― desafio 191

Pedalar com um louco
Com a subida a pique que foi feita debaixo duma tromba de água gelada começava o sofrimento. O trilho irregular tornou-se um lamaçal em que as pernas já doíam de tanto esforço físico e a cara pintava-se de castanho. Foi quiçá a mais difícil volta que empreendera. Com sempre o vento de frente, devia pedalar com um louco. «Perdido por cem, perdido por mil!» No entanto, havia momentos… já não dava mais e queria ir a pé.
Theo De Bakkere, 67 anos, Antuérpia, Bélgica
Desafio nº 191 ― perdido por cem, perdido por mil

22/11/19

Dezembro a escrever - escolas


Toninho ― desafio 191


Momento de fúria
João para tudo tem um ditado, grande romântico da paz. Mestre charadista pelos botecos da vila. Dizia que “dava um boi para não brigar, mas daria uma boiada para não sair”. Assim naquela noite cinco rapazes embriagados começaram uma briga no boteco. Quieto no seu canto assistia, quando levou um tapa no ouvido. Possesso e surdo sacou um facão e colocou a turma em fuga desesperada, enfrentou a gang gritando, que “perdido por cem, perdido por mil”.
Toninho, 63 anos, Salvador-Bahia, Brasil
Desafio nº 191 ― perdido por cem, perdido por mil

Paula Castanheira ― desafio 190

Resta-lhes a paz!
Janelas agora vazias.
Outrora belas.
Filtros de luz!
Jazem agora abandonadas,
esquecidas, beliscadas!
Intermeios de vidas.
 testemunharam tanto!
Havia beijos, corações,
que batiam juntos!
Gente perdida, desavinda, brigas,
começos e recomeços, jornadas!
Calor, frio, tempestades.
Bravas protetoras sem descanso!
Jamais recusaram mundo.
Seria bastante!
Mas foram também jardim.
Cravos, sardinheiras, trepadeiras begónias!
Vestidas de cortinas, jogos de cores.
Abertas, jorraram esperança.
Acalmaram sofrimentos!
Bateu nelas, neve fria.
Janelas que ainda falam.
Brando murmúrio!
Paula Castanheira, 55 anos, Massamá
Desafio nº 190 ― de 3 em 3, B ou J

Renato ― desafio 185

Irlanda, país ilustre e desenvolvido. Ilustre qualidade de vida, ideal destino turístico. Independente e autónomo, Irlanda, tem um mar incrível para fazer inesquecíveis dias de praia. Impressionante país, vários jovens incluem-na como destino. Irlanda apaixonante, derivado aos imensos festivais incríveis “St. Patricks Day”. Inverso é o clima, intenso sobretudo no Inverno, com ventos intempéries e bastante chuva. Indiferença sentida, pois independentemente do clima, incluem-na em destinos favoritos. Irlanda país maravilhoso, imagino imenso lá ir um dia.
Renato, 13 anos, 8ºC, Escola Pêro Vaz de Caminha, prof Alice Dias
Desafio nº 185 ― palavras com i

Fernando Morgado ― desafio 191

Passo por ela e sinto vergonha em lhe dizer olá. Talvez ela me julgue um dos tarados que a bajulam.
Encontro-a sempre que, “por acaso”, vou ao shopping onde ela trabalha. Olho-a como se não olhasse, sinto um rubor quando ela me oferece um sorriso. Um dia… nem uma palavra sai.
Acordo num pesadelo em que a vejo de abraço com outro.
Hoje, vou passar na rua dela. Perdido por cem, perdido por mil, escrevo no muro: AMO-TE.
Fernando Morgado, 64 anos, Porto
Desafio nº 191 ― perdido por cem, perdido por mil

Sofia Amorim ― desafio 163

Problematizar
Lá ia ela no metro, sonhadora, misteriosa, a suspirar pelo belo Mateo.
Tratava-se de um amor raro, nunca antes visto na história do planeta, não fosse ela uma zebra e ele um caracol.
Pobre Beatriz! Tinha um problema em mãos! Amar um caracol? Como lhe daria amparo? Como o afastaria do mal?
Que difícil era amar assim! Quase uma maleita! Talvez estivesse a problematizar…
Contudo, nada a faria desistir, pois o seu lema era “Não existem impossíveis”!
Sofia Amorim, 31 anos, AE de Gavião, psicóloga
Desafio nº 163 ― palavra grande gera mais 6

António Azevedo ― desafio 36


Resolveu aproveitar a tarde. Estava radiosa e linda. Tão solarenga que quase faz esquecer que é Outono, mas o vento frio não o permite. Está com vontade de andar. Encaminha-se para o seu jardim preferido. O efeito do sol nas folhas das árvores é extraordinário. Recorda com carinho as idas aquele jardim com os seus netos, agora homens feitos. Cada canto, cada banco, evoca uma memória. Umas alegres e divertidas, outras não. Entardece. São horas de regressar.
António Azevedo, 54 anos, Lisboa
Desafio nº 36 – uma frase de um conto de autor, usando as palavras por ordem inversa
Eça de Queirós, in Contos – “José Matias”
Com efeito, está frio... Mas que linda tarde!

Natalina Marques ― desafio 191

Concluíram as apostas, mas Maria, em segredo, já tinha o coração ocupado, e não era nenhum dos dois.
Entre os quatro, havia uma amizade saudável, qualquer que ela escolhesse, seriam amigos para sempre. O tempo passava, e a decisão dela tardava, até que Bernardo e João presenciaram o beijo trocado entre ela e o Manel que os desafiara para fazer as apostas.
― Paciência.. PERDIDO POR CEM, PERDIDO POR MIL.
― O pior é que foi mesmo por mil.
Natalina Marques, 60 anos, Palmela
Desafio nº 191 ― perdido por cem, perdido por mil

20/11/19

Odília Baleiro ― desafio 190

Amanhecia! Beija, a ave residente, jardinava à procura de boa comida para eles. Bananas, morangos, fisálias.. .que bom manjar abundante no jardim colorido da casa branca. O seu companheiro, Jana, preguiçava no ramo, balouçando. Os filhotes de bico aberto com fome  estavam inquietos. A banana era a preferida. Beija esvoaçava divertida e bela, a asa de Jana roçou a sua, bendizendo a sua felicidade. Jana soprou e um beijo atingiu-a com ternura. Bonita família, a sua!
Odília Baleiro, 64 anos, Manta Rota
Desafio nº 190 ― de 3 em 3, B ou J

António Azevedo ― desafio 35


Hoje de manhã saí muito cedo alterando a rotina diária, numa necessidade de romper com os gestos repetidos dia após dia. Sigo sem destino, e sem razão, pelas ruas e vielas. Ando apenas pelo prazer de o poder fazer, liberto de qualquer obrigação nessa divagação. Ao caminhar apercebo‑me de pormenores escondidos que antes me escapavam. Repentinamente um alarme estridente toca no meu bolso. A labuta quotidiana emerge neste sonho acordado. Mas que há para lá do sonhar?
António Azevedo, 54 anos, Lisboa
Desafio nº 35 – partindo de dois versos de autor
Fernando Pessoa, Alberto Caeiro in “Poemas Inconjuntos” (1930) – Hoje de manhã saí muito cedo
+
Vergílio Ferreira in “Conta-Corrente 1” (1969-1981) – Mas que há para lá do sonhar?

Sofia Amorim ― desafio 163

Está uma manhã fria de rachar.
A neve teima e continuará a teimar cair, monótona, silenciosa e perfeita. Até a pequena e despida árvore do quintal treme.
Tapei o pé com a primeira meia. Apesar de feia, apenas ela fará a minha mente perceber perfeitamente que já são horas de sair e alcançar a meta de hoje. Mochila às costas, ementa feita, chaves no bolso, paz no coração, aí vou eu. Só não consegue quem não tenta!
Sofia Amorim, 31 anos, AE de Gavião, Psicóloga
Desafio nº 163 ― palavra grande gera mais 6

Chica ― desafio 191


Valério estava com excesso de peso, com sérios problemas de saúde. Um dia, encontrado quase morto! SAMU foi chamado, providências tomadas e daquela ele escapou bem, sem sequelas. Porém a temida dieta era necessária. O filho cuidava cada deslize do pai, reprovava e prometia não mais o ajudar! Ameaçava dele desistir!
Porém, ele não se corrigia e cada vez que extrapolava, comia um doce, outro, outro, pois era da ideia que perdido por cem, perdido por mil...
Chica, 70 anos Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil
Desafio nº 191 ― perdido por cem, perdido por mil

Roselia Bezerra ― desafio 191


Mariana era uma moça que gostava de ajudar.
Entrou num projeto de alfabetização de adultos.
Tinha tarefas a cumprir, mesmo assim dava um jeito de aceitar cada um que chegava.
A sala estava repleta, ela bem cansada da labuta. Dando a Hora da Ave Maria, chegava pontualmente.
Não tinha carteira vaga e mais uma pessoa a lhe esperar. Ao invés de lhe negar a vaga, lhe disse com um sorriso largo: perdido por cem, perdido por mil.
Roselia Bezerra, 65 anos, ES, Brasil
Desafio nº 191 ― perdido por cem, perdido por mil

Desafio nº 191


Há frases com números que são mesmo muito engraçadas. Vamos usar uma delas.

Escrevam o vosso texto em 77 palavras, sabendo que, lá para o fim, irá aparecer:
«Perdido por cem, perdido por mil!»

E já experimentei:
Uma bonita jarra, dizia a mãe. Para si, que limpava o pó à casa, era irritante. Cheia de relevos pirosos, dourados estimadíssimos, gosto muito duvidoso, trazia-lhe uma memória: fora oferecida por dona Jacinta, mulher de bigode e, por isso, beijos picantes. A jarra no chão, partida em cem pedaços (era dado a exageros, só tinha nove anos). Colá-los? Tarefa impossível. Varreu a jarra da sua frente. «Perdido por cem, perdido por mil!», pensou, do cinto não escaparia…
Margarida Fonseca Santos, 58 anos, Lisboa
Desafio nº 191 ― perdido por cem, perdido por mil

19/11/19

António Azevedo ― desafio 34


Fomos aconselhados a virar aquela esquina e não foi necessário procurar. Encontrava‑se no sítio previsto. Toquei‑lhe no ombro, olhou‑nos atrapalhado. Com o passar do tempo estava cada vez mais esquecido. Às vezes acontecia acertar num nome, ralhar por causa da minha barba ou contar algo do seu dia. Frequentemente as frases eram soltas e desconexas ou simplesmente não falava connosco. Perante as suas fragilidades e teimosias, era chegada a nossa vez de consolar e de ser pacientes.
António Azevedo, 54 anos, Lisboa
Desafio nº 34 – grelha de 16 palavras obrigatórias


Iúri D ― desafio 189

Eu não sei o que é medo, nunca senti tal emoção.
Contudo, o medo está vivo.
A minha amiga tem medo de me perder,
e muito medo de sofrer
Com certeza, um medo imaginário.
Vou acalmá-la sobre todo o medo.
Será inexistente, qualquer réstia de medo, nesta amizade.
Nunca escutaremos o medo.
Afastarei toda a negrura do medo, desta minha amiga.
Medo, nunca existirá nas nossas cabeças.
Sem medo, sorriremos.
Os bons Doces Conventuais, sem medo, juntaram-nos.
Iúri D, 16 anos, EPADRC, Alcobaça 
Desafio nº 189 ― muito medo…


Sara P ― desafio 90

Duas pessoas encontraram-se no metro em Londres e apaixonaram-se, mas o único problema era que cada uma tinha o seu destino.
Eles sabiam que mesmo que estivessem “longe dos olhos, perto do coração”. Era dia 14 de fevereiro e a rapariga apanhou o autocarro para Paris para lhe fazer uma surpresa.
Infelizmente, assim que ela chegou encontrou-o no restaurante com uma rapariga, que parecia ser sua namorada.
“O que os olhos não veem, o coração não sente”.
Sara P, 13 anos, 8ºano, AE de Alandroal, profs Cristina Lourenço e Vera Saraiva
Desafio nº 90 – com provérbios contraditórios

Rodrigo R ― desafio 90

O ditado popular: “O apressado come cru”, aplica-se ao caso da D. Alzira que namorava com o Dr. Jacinto. Mas o jacinto queria mais…
Ele estava desesperado com a ideia de casar.
Entretanto ele foi pedir conselhos ao seu melhor amigo, a Chico Bento. E ele fê-lo ver que não pode fazer tudo ao mesmo tempo, de um dia para o outro.
Chico Bento e Alzira tinham razão, embora o Dr. Jacinto não concordasse, “tempo é dinheiro”.
Rodrigo R, 13 anos, 8ºano, AE de Alandroal, profs Cristina Lourenço e Vera Saraiva
Desafio nº 90 – com provérbios contraditórios

Pedro M ― desafio 90

Eu, quando tenho trabalhos de casa, mais vale fazê-los no dia que os recebo do que deixá-los para o dia seguinte. ”Não deixes para amanhã, o que podes fazer hoje”.
Fiz os trabalhos de casa, joguei futebol, estudei as matérias, mas estava tão empenhado que estudei a matéria avançada. Quando a professora perguntou eu já sabia tudo, adiantei-me, não valeu a pena. A professora explicou de uma maneira diferente. “Não ponhas a carroça à frente dos bois”.
Pedro M, 13 anos, 8ºano, AE de Alandroal, profs Cristina Lourenço e Vera Saraiva
Desafio nº 90 – com provérbios contraditórios

Rita Q ― desafio 90

Os cozinheiros não sabem o que pôr no prato, pensam que “duas cabeças pensam melhor do que uma”. Acrescentam pitada aqui, pitada ali, até que juntaram o que conseguiram. Chega a hora de servir os pratos e o cliente diz:
― Mas que raio de coisa é esta? Tem tanta coisa junta que está horrível!
― Como é que isso pode estar mau? Nós acrescentámos tudo.
Os cozinheiros acrescentaram tudo o que conseguiram, mas “cozinheiros demais entornam o caldo”.
Rita Q, 13 anos, 8ºano, AE de Alandroal, profs Cristina Lourenço e Vera Saraiva
Desafio nº 90 – com provérbios contraditórios

Maria Leonor G ― desafio 90

Na aula de ciências.
― Meninos, vamos começar a ficha.
― Pode ser a pares? – perguntou a Joaquina.
― A pares? Por que razão querem fazer a pares?
― Porque sabemos que “duas cabeças pensam melhor que uma”.
― Pode ser! ― disse a professora Carla.
Na aula de Espanhol.
― Bom dia, meninos, vamos fazer um trabalho de grupo!
― Podemos ter cinco pessoas no grupo? ― perguntou, a Inês.
― Calma lá! “Cozinheiros demais entornam o caldo”. Podem ser três pessoas no máximo!
Maria Leonor G, 13 anos, 8ºano, AE de Alandroal, profs Cristina Lourenço e Vera Saraiva
Desafio nº 90 – com provérbios contraditórios

Margarida G ― desafio 90

A professora disse para fazer um trabalho, que podia ser individual ou a pares, eu decidi ficar com o meu grupo de amigas, porque “duas cabeças pensam melhor que uma”.
Encontrámo-nos todos em minha casa para fazer o dito trabalho que a professora pedira, mas em vez de fazermos o trabalho ficámos a falar, a rir, a jogar e no final não fizemos trabalho nenhum, tivemos uma má nota e então pensei ”cozinheiros demais entornam o caldo”.
Margarida G, 13 anos, 8º ano, AE de Alandroal, profs Mariana Charrua e Vera Saraiva
Desafio nº 90 – com provérbios contraditórios

Margarida F ― desafio 90


“Duas cabeças pensam melhor que uma”, como por exemplo o caso do Zé que estava a servir a Teresa no café, de repente, ela lembrou-se de que precisava de umas coisas da mercearia do Zé. Foram para a mercearia.
Graças ao Anastácio a calculadora do Zé estava estragada e agora ele tinha de fazer as contas “de cabeça”. Mas Zé era mau a matemática, e Teresa também, então Marco foi ajudá-los mas “cozinheiros demais entornam o caldo”.
Margarida F, 13 anos, 8ºano, AE de Alandroal, profs Cristina Lourenço e Vera Saraiva
Desafio nº 90 – com provérbios contraditórios


Lucas R ― desafio 90


Uma pessoa com 25 anos já tem, normalmente, um trabalho e responsabilidades. O trabalho tem de ser bem feito, nem demasiado lento, nem demasiado depressa. Os trabalhadores que fazem o trabalho rápido e mal são “apressados que comem cru”. Mas também há os trabalhadores que fazem o trabalho rápido e bem feito, é por isso que se diz “Tempo é dinheiro”, é por isso que devemos fazer o nosso trabalho sempre bem feito e ao nosso ritmo.
Lucas R, 14 anos, 8º ano, AE de Alandroal, profs Mariana Charrua e Vera Saraiva
Desafio nº 90 – com provérbios contraditórios

Eduardo G ― desafio 90

Já dizia o velho ditado: “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”.
Vejam o que aconteceu à Leonor:
Todos os alunos estavam a fazer ficha de avaliação de matemática, mas o João não sabia a maioria das respostas e perguntou-as à Leonor.
Tanto insistiu que a Leonor se sentiu obrigada a dar-lhe as respostas.
No dia de receber o teste, teve negativa. Também se diz que “se Deus não quer, os anjos não ajudam”.
Eduardo G, 13 anos, 8º ano, AE de Alandroal, profs Mariana Charrua e Vera Saraiva
Desafio nº 90 – com provérbios contraditórios

Mafalda F ― desafio 90

A professora mandou fazer um trabalho de grupo, mas eu não queria fazer com ninguém, porque trabalho melhor sozinha.
― Sim, sim, mas “duas cabeças pensam melhor do que uma” ― disse a minha amiga.
― Eu sei, mas depois, com tanta gente, e a dizer tanta coisa completamente diferente, fico bastante confusa.
― Concordo contigo, mas se cada um der uma ideia e se nos entendermos, chegamos a uma conclusão.
― “Cozinheiros demais entornam o caldo” nunca ouviste? Prefiro fazer sozinha.
Mafalda F, 13 anos, 8ºano, AE de Alandroal, profs Mariana Charrua e Vera Saraiva
Desafio nº 90 – com provérbios contraditórios

Ana R ― desafio 90


“Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje”, tens razão, tenho que ir fazer os trabalhos de casa, amanhã posso não ter tempo para os fazer, prefiro fazê-los agora do que não os fazer e ter má nota. No entanto tenho um teste para a semana, ia estudar agora, mas não posso, a professora ainda não deu aquela matéria, por isso não vou perceber, como dizia o provérbio: ”Não metas a carroça à frente dos bois”.
Ana R, 13 anos, 8ª, AE de Alandroal, profs Mariana Charrua e Vera Saraiva
Desafio nº 90 – com provérbios contraditórios

Alberto B ― desafio 90

“Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje”, por isso vou-me já inscrever no clube, vou já treinar! O melhor é fazer isso, pois amanhã posso ter outra coisa para fazer e hoje treinava já!
Cheguei ao campo, estavam lá colegas e deram-me um equipamento. Inscrevi-me e perguntei-lhes se já podia treinar, eles disseram que não, pois ainda tinha de fazer exames médicos e aí percebi que não devia” pôr a carroça à frente dos bois.”
Alberto B, 13 anos, 8ª, AE de Alandroal, profs Mariana Charrua e Vera Saraiva
Desafio nº 90 – com provérbios contraditórios

Gonçalo G e Miguel B ― desafio 89


Era uma vez um elefante chamado Zacarias que vivia na cidade
Elefantia. Ele e os amigos pulavam, brincavam e jogavam alegremente
nos lírios gigantes. Mas o que eles não sabiam era que essas plantas
deitavam um pólen muito tóxico e ficaram muito doentes, com uma
terrível tosse seca. No dia seguinte, o Zacarias foi ao hospital. Devido
ao pólen nos pulmões foi operado urgentemente. Os médicos utilizaram
um agrafador mágico e ele ficou curado em meia hora.
Gonçalo G e Miguel B, 7º B, AE de Gavião, prof Susana Amorim
Desafio nº 89 – hist c tosse+lírio+elefante+agrafador


Mafalda S ― desafio 1


Um dia, quando andava a passear, encontrei um cão numa casa que estava a pegar fogo. Ele estava sujo, com fome, e com muito medo! Eu tive muita pena dele!
Levámo-lo para casa, demos-lhe banho e comida; ficou no meu colo até estar quente e não ter medo.
Quando ele viu que não lhe fazíamos mal começou a brincar comigo e chamei-lhe Rex. Fiquei com um grande sorriso quando os meus pais me deixaram ficar com ele.
Mafalda S, 5ºB, Escola Dr. Costa Matos, Gaia, prof Cristina Félix
Desafio nº 1 – palavras impostas: pena, sorriso, fogo


Manuel P ― desafio 1

Certo dia, uma bruxa muito má decidiu dar um passeio para ver se descobria coelhos para comer.
Ao fim de muito tempo voltou com uma dúzia de coelhos para o seu castelo magnífico.
Entretanto a bruxa decidiu fazer uma poção maléfica, que levava uma pedra com fogosorrisos de crianças e uma pena de avestruz.
No dia seguinte foi a casa do rei, meteu a poção na comida de sua alteza e ele morreu envenenado.
Que má!
Manuel P, 5ºB, Escola Dr. Costa Matos, Gaia, prof Cristina Félix
Desafio nº 1 – palavras impostas: pena, sorriso, fogo

15/11/19

Helena Rosinha ― desafio 189


Amigos de berço, Susto e Medo, foram observados, analisados por pensadores, sociólogos. Medo, mais introvertido, paralisava facilmente. De medo. Outras vezes, revelava-se violento, vingativo. Por medo, provocava dissabores, conflitos. Susto protegia-o, mas Medopossessivo, exigia-lhe fidelidade absoluta. “Só o medo da solidão nos une”, disse-lhe SustoMedo pressentiu o abandono e teve medoSusto fazia parte da sua vida — Medo & Susto, inseparáveis, universais.
Entre ameaças, discussões, Medo arquitetou histórias de meter medo ao susto. 
E assim perduram.
Helena Rosinha, 67 anos, Vila Franca de Xira
Desafio nº 189 ― muito medo…

3º/4º ano GA B ― desafio


Num castelo assombrado vivia a família dos Fantasmas Glutões. Eram muito fortes, comilões e gostavam de pregar valentes sustos às pessoas que entravam no castelo.
Para criaturas sem corpo físico, os Glutões conseguem gerar quantidades inacreditáveis de odor corporal. As pessoas desmaiavam com o cheiro, os Glutões sopravam e estas começaram a esvoaçar, como folhas de outono, para fora do castelo.
Junto ao castelo há um lago com água esverdeada que evita a morte destas corajosas pessoas.
3º/4º ano GA B, EB Galveias, professora Carmo Silva
Desafio nº 180 ― 10 palavras do livro que estamos a ler
“Para criaturas sem corpo físico, os Glutões conseguem gerar quantidades” (Gravity Falls – Diário 3, Disney)

Elsa Maria ― desafio 185

Era-lhe indiferente viajar para a Irlanda ou para Idanha-a-Nova.
Ir era o que importava agora.
A cidade irritava-a. Os impacientes automobilistas que, irados apitavam as insuportáveis buzinas aos irreverentes peões nos sinais intermitentes, as pessoas que indelicadamente ignoravam com imponência as saudações matinais, impressionava-a a indelicadeza dos transeuntes que invariavelmente se atropelavam, incomodava-a a ganância de irem aos tropeções só por idealizarem a vitoriosa chegada à meta.
Imaginou-se num mundo melhor.
Ir, era a palavra de ordem.
Elsa Maria, 55 anos, Lisboa
Desafio nº 185 ― palavras com i

Graça Pinto ― desafio 190

Jamais pensaria fazer tal. Balbuciei não ser capaz. Judiaram comigo para participar. Birras proibidas, disseram todos! Joana insistiu tanto que bateu palmas logo que jurei representar “Pai Natal”. Basilar… esta minha decisão. Janota o meu figurino. Burburinhos irei criar certamente. Júris avaliarão umas dezenas. Brilhará o escolhido, distribuindo jogos a imensas crianças, brinquedos que provocarão sorrisos. Beneficiada, contemplada de abraços, jubilei de alegria dos beijos das muitas crianças. Julgo ter sido talentosa. Bem sucedida concluíram os demais.
Graça Pinto, 61 anos, Almada
Desafio nº 190 ― de 3 em 3, B ou J

Mónica Marcos Celestino ― desafio 190


A toada
Brotava entre a densa bruma
o alegre e jovial som da guitarra
baldando, feiticeiro, as mágoas.

Jubiloso, ao rebolante ar, jorrava
com atempado compasso
baladas cheias de melancolia
benzendo, embriagador, a tristeza.

Bailarino, as cinzentas nuvens baloiçava
e, como intenso jato,
os enamorados peitos
batiam num momento conseguia.

Beligerante, com sensual ardor,
bramava nas tempestades
e jazer fazia os pesares.

Brincalhão, ao luar acordava
beliscando os corações adormecidos.
Jamais música de tal beleza
enlevo o espírito barulhento.
Mónica Marcos Celestino
, 47 anos, Salamanca (Espanha)
Desafio nº 190 ― de 3 em 3, B ou J

13/11/19

Carla Silva ― desafio 184


Apertem 
Apertem... não me importo mais. Acham que me incomoda o facto de me atirarem para o meio destes troncos velhos? Não... Talvez num outro tempo.
Talvez me sentisse incomodado com esta humidade e esta escuridão que me confunde de tal modo que não distingo o dia da noite, mas que de certo modo me tranquiliza.
Afinal ela não é tão grande nem tão gelada como a que trago no meu íntimo. Por isso apertem. Apertem até sufocar. 
Carla Silva, 46 anos, Barbacena
Desafio nº 184 ― monólogo de lenha