30/09/18

Chica ― desafio 150


Que confusão
Puxa que GRANDE confusão aconteceu naquele dia!
O semáforo trocou as cores rapidamente e Beto, já embalado pelos drinques que irresponsavelmente ingerira antes de dirigir, não teve tempo de frear o carro que, voou sobre o GRADIL daquele prédio lindo e novo, apenas INAUGURADO.
GUARDA chega ao local apressado ,mas Beto teve mais uma péssima ideia: ofereceu um litro de AGUARDENTE que no carro tinha.
Quis fazer um "AGRADO"...
Acabou atrás das feias, frias, inóspitas GRADES...
Chica, 69 anos Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil
Desafio nº 150 ― 6 palavras com GD

Desafio nº 150

Vamos lá dar a volta aos neurónios…

Encontrem 6 palavras que tenham G e D.

Agora, o texto terá estas 6 palavras e terá de ser escrito em… 77 palavras! ☺

Usei estas:
GORDA – DENGOSO – GUEDELHA – GENIALIDADE – GORDURENTO – GRANULADO

Nunca fora gorda, mas o seu andar, dengoso e insinuante, só atraía figurões que ninguém queria. Eram sempre os mais gordurentos que a seguiam. Vinham ter com ela, de guedelha afogada em brilhantina, e falavam-lhe ao ouvido.
Aí, com a genialidade herdada da mãe, exímia vendedora de feira, atacava-os no ponto fraco:
― Tão gordo que está! Já pensou em emagrecer? Tenho aqui um granulado que faz maravilhas. Não quer experimentar?
Caíam sempre. Emagreciam em sofrimento por ela.
Margarida Fonseca Santos, 57 anos, Lisboa
Desafio nº 150 ― 6 palavras com GD
Ouvir este ou outros textos aqui - Diário 77 ― 98 ― Caíam sempre      
MAIS EXEMPLOS

28/09/18

Zelinda Baião ― desafio 145


O dia começou quando ela acabou pondo um ponto final no assunto. Suspirou. A noite fora intranquila. Em sobressalto. Vira passar, à sua frente, códigos, comandos, cabos ligados, desligados e ligados outra vez, num enervamento que não ajudava. Pensara, seriamente, em acabar com tudo aquilo. Irada, ainda se aproximara da janela. Mas precisava dele. A teimosia venceu e saudou o primeiro raio de sol. Conseguira: o computador estava a funcionar e havia um ponto final na tese.
Zelinda Baião, Linda-a-Velha, 56 anos
Desafio nº 145 ― o dia/noite começou quando…

27/09/18

Apoio às escolas - Outubro 2018

Já podem ver o documento de Apoio às Escolas,
aqui:
http://www.77palavras.margaridafs.net/index.php/blog-dynamic/63-apoio-as-escolas-outubro-2018

Vamos a isto?

Tomás P. ― escritiva 36

No passado jogo de domingo, estabeleci um ponto de contacto entre a minha cabeça e o ombro de um dos jogadores da equipa adversária. Tive de ir para o hospital, levei quatro pontos. Mas nada a que não estivesse habituado!
Que dia péssimo! E perdemos o jogo! No meu ponto de vista, não foi merecido, contudo nem sempre ganha a equipa que joga melhor, mas, sim, aquela que marca mais pontos. Foi o ponto final deste dia.
Tomás P., 14 anos, Esc Sec João da Silva Correia, S. João da Madeira, prof Ana Paula Oliveira
Escritiva nº 36 ― os «pontos» na história

Mariana L. ― escritiva 36


Querido Matias,
Chegamos a um ponto em que tenho de te escrever esta carta. Já não vou omitir mais os meus sentimentos, temos de pôr um ponto final a isto.
O nosso amor é como um jogo, sempre que tento marcar um ponto tu defendes. Não entendo o teu ponto de vista. Às vezes és um ponto de interrogação, outras vezes apenas uma virgula. Vem ter comigo ao nosso ponto de encontro, veremos se isto vai resultar.
Mariana L., 14 anos, Esc Sec João da silva Correia, S. João da Madeira, prof Ana Paula Oliveira
Escritiva nº 36 ― os «pontos» na história

Diário 77 ― 97 ― Era tarde


Agora, que o dia chegava ao fim, apetecia-me gritar que tudo não passara de um desperdício! E de quem era a culpa? Minha, como sempre. Deixara-me levar pelas ideias dos outros, pela ideia que fazia dos outros, pela ideia que tinha sobre o que os outros pensavam de mim. Ignorei-me. Agora era tarde, o dia passara, a oportunidade também.
Sonhei? Nem hesitei… nem sonhei.
À minha frente, os sonhos dos outros ocupavam o meu espaço. Aprendi? Talvez…
Margarida Fonseca Santos
Desafio nº 22 – frase simétrica


Diário 77 ― 96 ― Aprendiz de guerreiro


Há histórias que nascem dentro de nós para nos arrumarem e porem em paz com o mundo. Foi o caso de «O Aprendiz de Guerreiro», que escrevi para reencontrar o meu caminho. A escrita no passado, agora é tempo de reler.
Um rapaz com uma sensibilidade diferente, levado para um campo de treino de um ditador, descobre que existe uma Resistência a viver nas sombras do déspota. É uma história de força, amizade, coragem, sacrifício e autoconhecimento.
Margarida Fonseca Santos
Desafio nº 21 – a propósito de uma ilustração de Inês do Carmo


OUVIR

26/09/18

Filomena Galvão ― escritiva 36


Deixou o carro em ponto morto. Saiu e marcou o ponto. O dia ia ser longo. Tinha de rever o texto ponto por ponto. Tinha de o ver sobre o ponto de vista da defesa e do da acusação. Ainda teria a conferência de imprensa às oito em ponto. Só depois iria até ao ponto de encontro: restaurante Ponto Final. Depois o teatro esperava-a e certamente ir-se-ia socorrer do ponto, pois não conseguira decorar o seu papel.
Filomena Galvão, 57 anos, Corroios
Escritiva nº 36 ― os «pontos» na história

Diário 77 ― 95 ― Belmira, Belmira

A Belmira sempre Comeu Doces E, agora que Ficou Gorda, anda triste. Hoje começou jejum, mas Infelizmente convidaram-na para Lanchar. Mesmo tentando resistir, Não conseguiu. Os Petiscos eram Quase todos Razoáveis, muito Saborosos, Teve de devorar Uns, já se Xiiii! Zás! Xavier, ao Ver aquilo, Uivou, Transtornado. “Se Realmente Queres emagrecer, não Podes comer doces!” Ouvindo-o, Não comeu Mais jejuou, Irritada. “Logo Hoje, que Grande Falhanço!” E, De regresso a Casa, Belmira Aprendeu!
Margarida Fonseca Santos
Desafio nº 20 – usar o alfabeto duas vezes no início das palavras e por ordem! 

OUVIR 

25/09/18

Diário 77 ― 94 ― Suplício


Aquilo estava mesmo a correr mal. De nada servira a birra monumental para escapar à sopa – resultara num segundo prato obrigatório, que agora esperava que Mariana o engolisse, alinhadinho com o primeiro. Seria como engolir um sapo! Iria lembrar-se disso, para nunca mais fazer uma birra daquelas… Ainda para mais, o pai gesticulava, falando nas OPAs que estavam na moda e ameaçavam o seu império. Após 42 minutos e 52 colheres, terminou o suplício. Livra, que coisa!
Margarida Fonseca Santos
Desafio nº 19 – anagramas dentro da história


OUVIR

24/09/18

Elsa Alves ― desafio RS 37

Em novo fora utilizado por mão hábil, esboçando retratos, sombreando paisagens, em folhas brancas. O seu dono era verdadeiro artista e, com a sua ajuda preciosa, conseguiam desenhos perfeitos. Um dia viu-se posto de lado, substituído por outro. Velho, gasto, foi atirado para o chão, sem piedade. Inesperadamente, agarrou-o uma mãozinha de criança. "Pai, posso ficar com este lápis pequenino? É mesmo bom para as minhas primeiras letras." Afinal o seu fim de vida não seria triste...
Elsa Alves, 70 anos, Vila Franca de Xira
Desafio RS nº 37 – o lápis caído no chão

Ana Paula Oliveira ― escritiva 36


“Ponto de encontro: restaurante Ponto Final, 20h.”
SMS que lhe colocou um enorme ponto de interrogação: deveria aceitar o convite?
Decidiu-se. Teria de colocar os pontos nos is, não podia adiar mais.
Zélia não é mulher para dar ponto sem nó. Nem na costura nem na vida. Por isso mesmo, aquele encontro veio no ponto exato. Encheu-se de paciência para ouvir explicações e, quando quis atacar, não conseguiu. Limitou-se a bordar palavras em ponto pé de flor.
Ana Paula Oliveira, 58 anos, S. João da Madeira
Escritiva nº 36 ― os «pontos» na história

Natalina Marques ― escritiva 36


O doce ainda não estava no ponto.
E enquanto isso, foi dar um ponto no vestido, queria marcar pontos no novo emprego.
― Olá, chegaste mesmo no ponto.
― Sim, que se passa?
― Passa-se que o ponto do teu primo… faltou ao ponto de história.
― Esse meu primo saiu-me um belo ponto.
― Porquê, os «pontos» encobrem-se uns aos outros?
Ele sorriu e saiu sem responder. Tocou-lhe no ponto fraco.
Irritada, regressou à cozinha;
― Bolas, o doce passou do ponto.
Natalina Marques, 59 anos, Palmela
Escritiva nº 36 ― os «pontos» na história

Helena Rosinha ― escritiva 36


Ponto de Geometria de surpresa. Detesto! Não estudei…
Questão um – “Defina ponto”.
Esmero-me na redacção – (dois pontos):
“Conjunto de questões para fazer o ponto da situação das aprendizagens”.
Bem fácil, afinal, basta raciocinar. O professor, sempre de ponto em branco, saiu-me cá um ponto… Seguem-se questões mais complicadas, exigindo conhecimento a um ponto que não atinjo.
Avaliação? Zero pontos! Sorrindo, o professor lê alto a minha resposta. Risota geral.
Humilhada, fiz ponto de honra, aguentei-me sem chorar.
Helena Rosinha, 65 anos, Vila Franca de Xira
Escritiva nº 36 ― os «pontos» na história

Programas Rádio Sim - semana 24 setembro 2018



Todos os programas, sempre com Helena Almeida e Inês Carneiro, 

nas Giras e Discos, podem ouvir-se aqui (ou pelos links que estão em baixo).

Indicativo do programa:








- Música e letra: Margarida Fonseca Santos; 
Arranjos, direcção musical, piano e voz: Francisco Cardoso
- Histórias de Cantar CD - Conta Reconta

Diário 77 ― 93 ― Vitória inigualável

Podia ter fugido, podia até ter inventado uma desculpa. Fiz de outra forma, talvez melhor, pelo menos para mim. Ela chegou, com as suas propostas autoritárias e despachadas. Congelou-me num instante, reagi de seguida. Coloquei os meus argumentos de forma ordenada, sem deixar espaço para as suas investidas inibidoras. Virei-lhe as costas, sem piedade. Ficou a falar sozinha, sei disso. Eu também. Fiquei a repetir para mim mesma: consegui! Uma vitória inigualável. Aprendera a recusar, sem hesitações.
Margarida Fonseca Santos
Desafio nº 18 – palavras proibidas: não que mas pois como verbos: estar + ser


23/09/18

A propósito ou o propósito dos desafios de escrita


Pediram-me, há umas semanas, que explicasse o que entendo por desafios de escrita. Prometi que o faria, aqui vai:
Para mim, os desafios de escrita (ou workshops de escrita criativa) não se destinam a formar escritores ― isso, ninguém o poderá fazer senão o próprio. Ser escritor é caminhar por um percurso

Theo De Bakkere ― escritiva 36


A rosa-dos-ventos
Paciência nunca foi um ponto forte desse anterior ponto. Já dez em ponto muito passadas, estava a ponto de se ir embora, quando os estudantes chegaram ao ponto da partida. Guiar a tal ponto que tudo ocorreria convenientemente, devia pôr ponto à vozearia e imediatamente pôr os pontos nos ii. Ninguém o interrompeu.
Que estudantes exemplares, na sombra da torre de Belém, podia, ponto por ponto, discorrer com pontos e vírgulas sobre a rosa-dos-ventos e seus pontos.
Theo De Bakkere, 66anos, Antuérpia ― Bélgica
Escritiva nº 36 ― os «pontos» na história

Paula Castanheira ― escritiva 36


― Meus caros, chegámos a um ponto sem retorno! O stock parado em armazém é o nosso ponto fraco.
― Dr. Gaspar, tudo depende do ponto de vista.
Todos olharam para Bonifácio, como se ele fosse um ponto de mira.
― A rotação de stock baixou nove pontos percentuais. Não lhe parece grave?
― Permitam-me.
Bonifácio determinado, avançou para o flipchart e mostrou ponto por ponto, o plano, que viria a ser o ponto de viragem da ‘Gaspar e Filhos Lda’.
Paula Castanheira, 54 anos, Armona, Algarve
Escritiva nº 36 ― os «pontos» na história

Afonso ― desafio 3


Era uma vez 10 grandes amigos que foram fazer um piquenique no parque das termas em Vizela. Para o lanche, levaram 9 croissants para a maioria e 2 natas para a Joana; 4 garrafas de água e 7 pacotes de 1/2 litro de Compal. Eles chegaram às 3 horas e foram brincar no parque infantil. Pelas 5 horas foram dar um mergulho nas águas quentes e às 6 horas foram lanchar. Finalmente às 8 horas foram embora. 
Afonso, 8 anos, Paços de Ferreira, prof Joana Pinto
Desafio nº 3 – números de 1 a 10

21/09/18

Diário 77 ― 92 ― A partir de hoje

Queria dar-lhe o aval que me pedira, mas nunca cheguei a fazê-lo.
Era uma criatura sinuosa, de palavras moles e sentidos escondidos, olhos onde nunca transparecia a alma. Chamavam-lhe tantos nomes diferentes que nunca cheguei a saber o verdadeiro.
Passaram-se três meses e três dias sobre o pedido e a minha inação. Sei que assim foi, ela mesmo mo lembrou. Senti o golpe na nuca e ouvi dizer:
Lava-me esta casa! A partir de hoje, é minha.
Margarida Fonseca Santos
Desafio nº 17texto que contém pelo menos uma palavra simétrica


20/09/18

Marta Sousa ― desafio 81


Julinho Pitorro gracejou mas as pessoas não reagiram. Falou mais alto, gritou, mas não funcionou. Seria por não o escutarem? Foi para outro local. A festa era espetacular, um sucesso, mas não para ele. Quando os minutos para o ano 2019 sumiam-se num ecrã, Julinho encontrou finalmente quem o quisesse escutar e rir um pouco. No entanto, quando gracejou, fez piruetas e até riu, ninguém o acompanhou. Saiu à meia noite a chorar sem graça, nem festejo.
Marta Sousa, 32 anos, Barreiro
Desafio nº 81 – Julinho Pitorra, humorista sem graça

Francisca Reis ― escritiva 36


É este o meu ponto de partida: quem conta um conto acrescenta um ponto. Mas jamais a tua teimosia seria um ponto final nesta amizade. A nossa zanga dependia do ponto de vista.
Já eram nove em ponto e eu desejava atingir o teu ponto fraco; ia retomar a conversa sobre o meu erro no ponto final (nunca fora boa na pontuação).
Dei um ponto na blusa como me pediras e pus os pontos nos is. Desculpa...
Francisca Reis, 17 anos, Cantanhede
Escritiva nº 36 ― os «pontos» na história


Marta Sousa ― desafio 83


– Vem cá, ó Freitas! – gritou ela de dentro do prédio. Gritava muito mais, dizia-lhe tarefas para fazer. Ela pensava que ele estava ali para a ajudar nas mudanças e remodelações. Contrariado foi e seguiu-a a andar para um lado e para outro e a dizer coisas que era necessário fazer. Ele nada anotava. Quando ela se calou, ele apenas disse:
– Vim só entregar esta carta que estava na minha caixa de correio.
– Ah! – disse constrangida. – Obrigada.
Marta Sousa, 32 anos, Barreiro
Desafio nº 83 – texto sobre imagem de Francisca Torres

Chica ― escritiva 36

Pontos e pontos
Ela chegara ao ponto máximo de sua decepção.
Ao aceitar o convite, ficou acertado o ponto. Estaria lá às vinte horas em ponto. Isso o que pensara.
O ponto do GPS parecia não estar bem no ponto!
Aquela voz falava tanto, ao ponto de deixar qualquer motorista tonto!
Girara, dobrara esquinas e após um tempão, quando parecia ter chegado ao ponto, um telefonema:
― Volta logo, mamãe! João caiu, teve um corte e precisará fazer pontos na emergência!
Chica, 69 anos Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil
Escritiva nº 36 ― os «pontos» na história
Publicado aqui: https://chicabrincadepoesia.blogspot.com/2018/09/pontos-e-pontos.html

Marta Sousa ― desafio 80


A Peluda era uma aranha muito estimada. Apesar de quase todas as pessoas olharem para ela com repulsa, Octávio cuidava dela e dava-lhe comida, limpava-lhe a casa. Enfim, era tudo para ela e ela tudo para ele. No entanto, a última vez que tinha arrumado a casa tinha-lhe deixado umas coisas estranhas e vermelhas. Batia-lhe no vidro mais vezes e havia mais pessoas por ali. Até arranjou um chapéu vermelho pontiagudo a condizer e disse-lhe: Feliz Natal!
Marta Sousa, 32 anos, Barreiro
Desafio nº 80 – o Natal da aranha

Maria do Céu Ferreira ― desafio 143


Zizi
A formiguinha Zizi
Trabalhava sem parar,
Por aqui e por ali,
Labutava até tombar!

Carregava, carregava,
Atulhando o seu celeiro,
Mas, um dia, atropelada,
Rebolou pelo ribeiro!

Salvou-a o pato Ziquito,
Livrando-a da sua dor
E, com bailado bonito,
Declarou-lhe seu amor!

A formiga atarefada,
Manquejando, manquejando,
Não via ou ouvia nada
E lá ia carregando…

Então, Ziquito zangado,
Parou-a com o ditado,
E envolveu-a no bailado:

― Formiga justa na dor
Não calca aos pés o amor!
 Maria do Céu Ferreira, 63 anos, Amarante
Desafio nº 143 ― novo ditado popular

Marta Sousa ― desafio RS 34


Ele vivia em sonho e o sonho abria portas para a realidade. Tanto que sonhava-se a pintar e pintava na realidade com símbolos e tinha tintas que manchavam os dedos. Era tudo delírios sem começo, nem fim, apenas pequenas cenas de sonhos que por vezes tornavam-se realidade na leitura de alguém. Por vezes até duvidava se tinha alguém entrado no seu sonho pelas portas que deixara abertas… por vezes pensava que era ilusão que alguém poderia percebê-lo...
Marta Sousa, 32 anos, Barreiro
Desafio RS nº 34 – frase de Mia Couto

Marta Sousa ― desafio 68


Mais uma rejeição. Encolheu-se sobre si e afundou-se nas suas dúvidas. Sentiu-se uma folha de papel amarrotada como as que via fora do cesto do lixo enquanto se encolhia no chão. Nunca conseguia acertar. Aquelas folhas diziam-lhe que mesmo não acertando a maioria das vezes ela continuava a tentar. Ela estava amarrotada, mas não iria parar, não pertencia ao lixo. Por isso, levantou-se e preparou-se para enviar o seu livro para outra editora. Ia tentar até conseguir.
Marta Sousa, 32 anos, Barreiro
Desafio nº 68 – imagem de uma folha amarrotada

Iara R. ― desafio 20

A Bia comeu doce de morango em casa do filho da dona Gabriela. Que horror, era intragável!
Ela pediu para juntar leite mais natas. O pior que podia acontecer? A rapariga sentir-se tonta! 
Um velho x-ato abriu o pacote. Zás! Pouco zelo! As peças do xadrez voaram uma a uma, todinhas! Sorte de um raio! Quase partiram o novo e muitíssimo lindo jarro inglês. Honestamente não foi um grande final. 
Entretanto desatou a correr a Bia, assustada. 
Iara R., 9 anos, Lordelo, prof Joana Pinto
Desafio nº 20 – usar o alfabeto duas vezes no início das palavras e por ordem! Uma vez certo, outra ao contrário

Marta Sousa ― desafio 49


Nestas férias aconteceu um a coisa que não vão acreditar. Fui para outra dimensão. Uma dimensão em que tudo o que pensava tornava-se real. Tudo mesmo. O que foi terrível como podem imaginar! Quantos medos passam pela nossa cabeça e até conseguir aprender a treiná-los para o positivo, foi difícil. Depois disso foi simples: pensei numa porta que desse para voltar. Assim que saí percebi que o tempo tinha passado muito depressa e as férias tinham terminado!
Marta Sousa, 32 anos, Barreiro
Desafio nº 49 – história louca de férias!

Diário 77 ― 91 ― Verdade


A primeira recordação da palavra aparecia-lhe confusa, sem distinguir o verdadeiro dentro de si e o que outros afirmavam ser real. Ao crescer, desligando-se do que habitara os seus pensamentos, aceitou-a como algo digno de preservação. Contudo, não se defendeu de ataques onde aparecia dissimulada – viu-se atirada para fora de si mesma. Agora, era difícil perceber a que correspondia, a idade baralhava-lhe as memórias. Arrancou com violência a página onde a verdade se encontrava – estava farta dela!
Margarida Fonseca Santos
Desafio nº 16 – uma palavra que define todo o texto


Escritiva nº 36

Há palavras em português que nos dão pano para mangas, e uma delas é a palavra “ponto”.
Já viram quantos sentidos diferentes pode ter? E com quantas expressões distintas a podemos usar?
Isto sim é que é riqueza e ponto final!
A proposta é essa, usar o mais possível a palavra ponto com diferentes sentidos num texto de 77 palavras. 

Não comecem já à procura do ponto fraco deste desafio e leiam o meu exemplo:
Aquela família era um ponto: a mãe passava o dia a dar pontos a testas endiabradas, o pai a pôr os pontos nos is lá na esquadra, o filho, que não dava ponto sem nó, a cortar e a coser no atelier, onde a avó, mestra da costura era um excelente ponto de apoio. Até o avô, já reformado, não punha ponto final ao dia, sem picar o ponto no café do Nunes, às 8 em ponto.

Paula Cristina Pessanha Isidoro, 37 anos, Salamanca
Escritiva nº 36 ― os «pontos» na história

19/09/18

Diário 77 ― 90 ― Semáforos

"Odeio os semáforos!", livro de crónicas António Lobo Antunes

O trânsito parecia decidir por mim: não iria chegar a tempo. Ainda pensei: “odeio os semáforos!”, seria verdade? Não só não pretendia encontrar-te, como teria detestado despedir-me de ti. Fora uma relação breve, estranha. Não chegara a ser nada. Quando o verde apareceu, acelerei. O coração também. Uma vertigem levou-me para a tua rua. Vi-te, parado no semáforo que se pôs verde para te permitir saíres da minha vida. “Odeio os semáforos”, repeti, desta vez a sério.
Margarida Fonseca Santos
Desafio nº 15 com frase retirada de um livro


18/09/18

Marta Sousa ― desafio 35


Há palavras que nos beijam. Levam-nos na sua loucura, na sua mentira. Levam-nos ao céu, deixam-nos ver o paraíso para depois deixar-nos cair, sem compaixão. Toda a descida somos inundados pelas tristezas profundas. Por todos os pensamentos que no fundo eram sonhos. Sonhos nossos, só nossos. Fantasias mais profundas da importância que queremos ter nos olhos de outro alguém,do que queremos ser e sentir. Ao embater no chão tudo se estilhaça... A mais nobre ilusão morre... desfaz-se…
Marta Sousa, 32 anos, Barreiro
Desafio nº 35 – partindo de dois versos de autor
Há palavras que nos beijam – Alexandre O´neill
A mais nobre ilusão morre... desfaz-se... – A Vida de Florbela Espanca

Carla Silva ― escritiva 35

A varanda 
Ao avistar a varanda outrora florida, agora coberta por uma trepadeira,
recordou as conversas ali mantidas com a avó, e uma lágrima deslizou pelo rosto. 
Após um período conturbado, regressara na esperança de sarar feridas, de encontrar alguma da tranquilidade perdida.
Mas tudo mudara, até o seu porto de abrigo. Apenas a avó continuava igual a si mesma. Como tal, envolvera-a num abraço apertado enquanto lhe sussurrava:
― Tem fé. Nada dura para sempre. Nem mesmo a dor. 
Carla Silva, 44 anos, Barbacena, Elvas
Escritiva nº 35 – varanda florida

Marta Sousa ― desafio 15

O mago chegou a correr. Tinha esquecido da sua vassoura lá atrás e apenas gritava o nome do diretor da escola: Magnus! Magnus! Quando todos se afastaram dele e Magnus chegou-se à frente o mago ainda a tentar recuperar a respiração disse: “ Vermilon está a planear atacar! Pelo que ouvi dizer “será uma coisa terrível, nunca vista!” Magnus assentiu e pediu para os seus companheiros ajudarem o pobre mago que desmaiava de cansaço ou de nervos.
Marta Sousa, 32 anos, Barreiro
Desafio nº 15 com frase retirada de um livro
“Será um coisa terrível, nunca vista.” A Abadia de Northanger de Jane Austen