30/01/19

Emília Simões ― desafio 162


Guardava aquela pedra, como se fosse o bem mais precioso que havia ao cimo da terra. Tinha-lhe sido oferecida, quando ainda era jovem, por um rapaz de quem chegou a estar noiva. Por vezes, ainda se sentia nas nuvens como naquele dia longínquo. Ajeitou a lenha na lareira e dispôs-se a ler algumas páginas do livro que tinha comprado há dias. Não conseguia concentrar-se. Aquele dia tinha deixado marcas. Era como se tivesse uma pedra no sapato. 
Emília Simões, 67 anos, Mem-Martins
Desafio nº 162 ― pedra, nuvem, terra e lenha como indutoras

Susana Dias ― desafio 162

Houve um tempo cinzento na minha vida.
Colhi muitas pedras, o que me levou a uma reconstrução interna profunda. Foi preciso muito esforço para recuperar a minha terra, o meu eu.
Ajudaram nessa reconstrução as minhas pessoas e a sua capacidade de doação. São a lenha para o fogo que alimenta todo o meu ser. Foi com elas e por elas que voltei a ser capaz de olhar para o céu com nuvens e estar em paz.
Susana Dias, 42 anos, Caldas da Rainha
Desafio nº 162 ― pedra, nuvem, terra e lenha como indutoras

Carlos Rodrigues ― desafio 162


Vinha distraída, pelo caminho das pedras, num dia em que a chuva parecia que não ia parar. O céu estava de um negro que lhe perturbava a alma. Ia ter uma reunião sobre medidas ao alcance de todos para salvar o planeta, logo num dia em que precisava era que a salvassem a ela. Mas à noite, quando chegasse a casa, iria ter o prazer de aquecer os pés gelados na lareira que teriam preparada para ela.
Carlos Rodrigues, 59 anos, Lisboa
Desafio nº 162 ― pedra, nuvem, terra e lenha como indutoras

Maria do Céu Ferreira ― desafio 161


Fagote
Da infância conturbada
De Agostinho José,
Restava mágoa passada
E aquele velho boné.

A avó que o criara
Fez das tripas coração,
Vendo rumo que levara,
Acabando na prisão.

O consumo de Heroína,
Vício tóxico demais,
Fê-lo roubar gente fina,
Deixando fisga e pardais.

Deixou campos, cereais,
Lagares de azeite da avó,
E passou muitos Natais
Em chão de mofo e dó.

Praticando roubo forte,
Comendo moscas e pão,
Tocava agora fagote!...
Essa mesma multidão
Dar-lhe-ia salvação?!...
Maria do Céu Ferreira, 63 anos, Amarante
Desafio nº 161 – 14 palavras com fisga

Maria Silvéria dos Mártires ― desafio 162


Num descampado
Lenha ardia numa chama crepitante num chão de terra
envolvida por pedras que circundavam o espaço.
Porém as nuvens ameaçavam que uma carga de água se avizinhava.
Os ciganos aqueciam-se à volta do fogo e temiam ficarem à mercê
das intempéries sem qualquer proteção.
Mas parece que nada é em vão. As nuvens dissiparam-se
e o sol rompeu no firmamento trazendo aquela gente a alegria de uma carícia um afago deste que quando nasce é para todos.
Maria Silvéria dos Mártires, 72, anos Lisboa
Desafio nº 162 ― pedra, nuvem, terra e lenha como indutoras

Ana Seixas Silva ― desafio 79

Às vezes sentia-se distante, como se – por qualquer razão – se ausentasse de si próprio.
Andava por andar, falava porque alguém o questionava, seguia porque tinha que ser.
Procurava o que todos procuramos: a felicidade. Desejava a aventura, a poesia e buscava o amor.
Tinha uma vida quase perfeita, casado com o seu amor do liceu, 2 filhos, casa, carro: quase felizes, num sempre muito pequeno. Afinal, o “felizes para sempre” era reservado, apenas, aos que ousavam arriscar.
Ana Seixas Silva, 45 anos, Nelas
Desafio nº 79 – quase felizes, num sempre muito pequeno

Paula Tomé ― desafio RS 35

O que se diz.
Mesmo sendo meras palavras.
São tons de sim:
Querer conversa, prosa, poema.
Até se diz nada.
Silêncios também importam, muito.
São tons de não:
Dispensar padrões impostos, desconcertam.
Daí, não se é.
Recusar definições vindas doutros.
Não ir por aí.
Visões alheias, vidas desperdiçadas.
Ser como se é.
Querer dançar, sentir, abraçar.
Dito, há que ver.
Escutar, essencialmente, olhando dentro.
Ver o dito, sim.
Conversar, olhar sendo olhado.
Vida, ali e aqui.
Perceber.
Paula Tomé, 46 anos, Sintra
Desafio RS nº 35 – até 4 letras, mais de 4

Iara C ― desafio 158


Carolina estava impressionada à despedida. Entrou nautocarro tremendo. Adormeceu lentamente. Quando acordou assustou-se porque não viu ninguém, pois estava na última paragem. Levantou-se foi até à porta e saiu. Quando saiu lembrou-se da despedida e ficou muito triste. Chegou em casa deu comer ao seu gato e foi descansar. Passado algum tempo ela acordou foi fazer o jantar. Depois disso foi dormir e andava sempre deprimida… Até que encontrou o seu amor e ficou muito feliz.
Iara C, 6º A, CPL - CED Nuno Álvares Pereira, Profs Teresa Monteiro e Sandra Gonçalves
Desafio nº 158 – acróstico de CEIA DE NATAL

Helena Rosinha ― desafio 157


Desperta estremunhada e busca pela mãe, precisa dela para sentir-se segura, amparada, alimentada. Pia, pia… Nada, cesta vazia, barriga cheia de ar. Ajeita-se entre as ramagens a ver se enxerga para lá das hastes, a taparem-lhe a vista; estica-se, quase se levanta; vertigens inesperadas fazem-na recuar. Mas insiste; desistir, nunca! Respira, bate asas, lança-se em queda livre - a primeira investida para grandes aventuras. Um dia, mais crescida, vai disparar céus acima, viajar, cruzar mares, ser feliz, afinal!
Helena Rosinha, 66 anos, Vila Franca de Xira
Desafio nº 157 ― hist de coragem sem O

Celeste Silva ― desafio 43


Bate a chuva na vidraça,
com toda a força a brotar
parece a mais pura linhaça,
que meu cérebro pretende lavar!

Ao escutar tão sonante melodia,
minha alma parece acalmar,
será apenas breve fantasia,
pois logo irei acordar!

Como é belo seu encanto, 
capaz de meu espírito serenar,
observo as gotinhas com espanto,
imaginando-as lágrimas a chorar!...

Continuo o meu sonho...
continuo a divagar...
e, no mais belo ato de complacência, 
sinto que também comigo querem chorar!...
Celeste Silva, 55 anos, Gondomar 
Desafio nº 43 – imagem de uma gota a cair numa superfície lisa de água

29/01/19

Desafio nº 162

O que vos peço hoje parte de quatro palavras e gostava que associassem a cada palavra uma emoção, um sentimento, ou até uma aprendizagem:
PEDRA
NUVEM
TERRA
LENHA

O nosso texto será construído com uma grande parte destas palavras/ideias. Podem usar as originais ou não, fica ao critério de cada um. Não precisam de as destacar no texto, o importante é o que daqui resulta.

Eu fiz assim:
As pedras do caminho sobre a lama guiavam-na, enquanto os pensamentos alimentavam uma tempestade furiosa. Não se sentia zangada, nem sequer triste, sentia apenas a dor da injustiça, um fogo brando que a ia consumindo. Despira a culpa sem aflições e tudo se esclarecera. Mas o facto de a terem imaginado culpada chocara-a. Quando chegou ao dique, percebeu. Uma luta entre castores e duendes destruíra a estrutura. Era culpada, afinal. Quem a mandara sonhar com semelhantes criaturas?
Margarida Fonseca Santos, 58 anos, Lisboa
Desafio nº 162 ― pedra, nuvem, terra e lenha como indutoras
MAIS TEXTOS

27/01/19

Mafalda S ― desafio 158

Como estava irritada, a Débora encostou-se nantiga torre amarela lá da escola e acalmou-me.
― Porque estás assim? ― perguntou-me.
― Gozaram comigo…
― Não ligues, eles são parvos!
Pouco depois, voltaram a gozar comigo, mas não liguei. Nessa tarde, procurei a Débora, mas não a encontrei. E fiquei preocupada.
Descobri-a presa numa rede! Estavam a tentar tirá-la, mas não conseguiam. Fui tentar ajudá-la, mas disseram-me que eu não iria conseguir. Afinal, consegui.
A partir daí nunca mais gozaram comigo.
Mafalda S, 6ºC, 5ºB, Escola Dr. Costa Matos, Gaia, prof Cristina Félix
Desafio nº 158 – acróstico de CEIA DE NATAL

Beatriz R ― desafio 158

Carolina e Inês andavam dégua, nunca andavam tristes, andavam lindas. 
Elas adoravam aquele passatempo, gostavam dos seus animais, que tinham como nome Estrela e Turquesa. Todas as manhãs as meninas iam com as suas éguas passear ao ar livre. Depois do passeio tinham direito ao descanso.
Já tinham participado em nacionais em que a égua da Carolina, que é a Estrela, ficara em quinto lugar e a égua da Inês, a Turquesa, ficara em segundo lugar. 
Beatriz R, 6ºC, 5ºB, Escola Dr. Costa Matos, Gaia, prof Cristina Félix
Desafio nº 158 – acróstico de CEIA DE NATAL

Margarida F ― desafio 1

Querida tia:
Nem imaginas o susto que apanhamos! Houve um incêndio na cozinha. O fogo deflagrou por causa do fogão, que a Teresa deixou ligado por esquecimento. A cozinha ficou desfeita... até pensávamos que estávamos no sítio errado. A sorte foi que o nosso cão Caju veio connosco à praia.
Mando-te esta espátula em forma de pena como recordação das poucas coisas que sobraram da cozinha.
Beijinhos da tua sobrinha,
Matilde.
P.S.: Tenho saudades do teu sorriso.
Margarida F, 5ºB, Escola Dr. Costa Matos, Gaia, prof Cristina Félix
Desafio nº 1 – palavras impostas: pena, sorriso, fogo

Rodrigo T ― desafio 1


Há alguns anos, um pássaro constantemente perdia penas. O pobre pássaro ficou muito irritado com o seu defeito e, então, resolveu fingir que estava morto. 
Certo dia um incêndio ocorreu no local onde o pássaro se encontrava. Mal ouviu alguns barulhos, abriu os olhos, viu a sua asa ferida: então começou a piar. Um menino que por ali passava, chamou os bombeiros. 
Já com o pássaro afastado do fogo o rapaz, com um sorriso, levou-o ao veterinário.
Rodrigo T, 5ºB, Escola Dr. Costa Matos, Gaia, prof Cristina Félix
Desafio nº 1 – palavras impostas: pena, sorriso, fogo

Carolina L ― desafio 1


Era uma vez uma menina que morava na cidade de Resende. Ela vivia com os seus pais e irmão. Os pais dela tinham muitas dificuldades. Há dias até tinham comido apenas um pão ao jantar. Passados alguns dias, a casa dela começou a arder e o pai, aflito, gritava:
Fogo! Ajudem-nos! Aí a nossa casa!
Desde então, a menina nunca mais teve o mesmo sorriso feliz. Os vizinhos tiveram muita pena porque aquela família tinha perdido tudo!
Carolina L, 5ºB, Escola Dr. Costa Matos, Gaia, prof Cristina Félix
Desafio nº 1 – palavras impostas: pena, sorriso, fogo

Carolina L ― desafio 1


Era uma vez uma menina que morava na cidade de Resende. Ela vivia com os seus pais e irmão. Os pais dela tinham muitas dificuldades. Há dias até tinham comido apenas um pão ao jantar. Passados alguns dias, a casa dela começou a arder e o pai, aflito, gritava:
Fogo! Ajudem-nos! Aí a nossa casa!
Desde então, a menina nunca mais teve o mesmo sorriso feliz. Os vizinhos tiveram muita pena porque aquela família tinha perdido tudo!
Carolina Leite, 5ºB, Escola Dr. Costa Matos, Gaia, prof Cristina Félix
Desafio nº 1 – palavras impostas: pena, sorriso, fogo

Kélvio C ― desafio 160


O Figueiredo vivia numa cidade.
Certo dia, viu um foguetão a ser lançado para a lua. Figueiredo foi para casa e viu o pai a tocar fagote e a mãe a cozinhar no fogão. Estava com fome e comeu alguns figos da figueira que tinham no quintal. Comeu tantos que lhe começou a doer o fígado e chamou a doutora Fagundes . Esta parecia um foguete!
Trazia uma figura que pegou fogo. O Figueiredo desatou a fugir.
Kélvio C., 6º M, Profs Elisa Ferreira e Sandra Gonçalves - CPL CED Nuno Álvares Pereira 
Desafio nº 160 – plvrs com FAG, FIG, FOG, FUG

Leonor P ― desafio 150


O Diogo era um menino gordo e grande porque comia muitas guloseimas.
Um dia, o rapazinho estava no quarto a estudar e decidiu pegar no agrafador e agrafar os dedos. Gritou tanto, cheio de dores, que ficou também com dores de garganta.
A tia, que estava a limpar o pó, assustou-se e deixou cair a estatueta do dragão do FCP que o tio tanto adorava.
O Diogo foi ao hospital: tinha o dedo e as amígdalas inchadas!
Leonor P, 5ºB, Escola Dr. Costa Matos, Gaia, prof Cristina Félix 
Desafio nº 150 ― 6 palavras com GD

Jaime A. ― sem desafio


Um dia igual aos outros. Sentou-se na cama, acariciou a correspondência antes de a abrir com um cuidado protocolarmente religioso. Olhou para o relógio: 20h 56; faltavam 4 minutos. Pôs-se a admirar o papel de que eram
feitos os envelopes; 20h 58 as suas mãos suspiravam, trémulas. Às 20h 59 foi buscar um abre-cartas malicioso. 
Reverencialmente, às 21h, penetrou a primeira carta. Não lhe era destinada e nem isso lhe interessava, apenas resolver os problemas dos outros.
Jaime A., 54 anos, Lisboa 

João S ― desafio 150

Era uma vez um menino chamado Diogo. Ele gostava de apanhar flores como gladíolosmargaridas, girassóis, porque a mãe fazia anos e queria dar-lhe uma prenda.
O pai, homem grande e gordo, dizia-lhe para ele ir trabalhar para o campo, mas ele não queria.
Quando ele ficou mais velho passeava nos prados, triste porque a terra estava seca.
Certo dia, foi para a guerra com os gladiadores, e foram várias as guerras a defender o seu povo.
João S, 5ºB, Escola Dr. Costa Matos, Gaia, prof Cristina Félix
Desafio nº 150 ― 6 palavras com GD

Maria do Céu Ferreira ― desafio 149


Madrugada
Vi uma bruxa voar,
Cabelo despenteado,
Levitava pelo ar
Parecia um cão alado!

Vi uma bruxa voar,
Cabelo despenteado,
Estava a rir e a chorar
Com agrado e desagrado!

Vi uma bruxa voar,
Cabelo despenteado,
Dei-lhe um pontapé no ar
E voou um bom bocado!

Pôs-se, então, muito bonita,
Como a lua prateada,
Cabelos longos com fita,
Jovem como a madrugada!

E com a boa magia
Dessa bruxinha formosa,
Acordei sentindo o dia,
Beijada por uma Rosa!
Maria do Céu Ferreira, 63 anos, Amarante
Desafio nº 149 ― ficção e realidade

25/01/19

Celeste Silva ― desafio 161


Lá longe, nas “Cortes do Mofo
Rumo ao lagar de azeite,
Vive o velhinho Tripa
Que toca fagote para seu deleite!
Seu vício musical
Faz o cereal bailar
Acalmando afinal,
Aqueles que o escutam a praticar.
 
Mas, com suaves pezinhos de lã,
Surge o malandro do João
Ripa o boné ao velho
Deixa-o cair no chão.
Rapidamente, Tripa fisga o boné do chão
E, com sua mão tosca
Mata a tóxica mosca
Atingindo a cabeça do João!...
Celeste Silva, 55 anos, Gondomar
Desafio nº 161 – 14 palavras com fisga

Carla Silva ― desafio 153


Recomeçar obrigatoriamente 
A partida obrigatória tivera efeitos retardados. Apertos, arrepios, palpitações. olheiras, tremores, estúpidos remorsos atacavam-na. 
Antes pudesse ocultar todos eles, repudiá-los até acabarem perdidos.
Outrora teimara em reacender aquele amor, porém observara tudo eclipsar rapidamente. A amargura permanecera obstinada tentando edificar raízes algures alcançando poderes ostensivos. Totalmente esgotada recusava-se a alimentar planos obscuros. Talvez emergisse recalcada, algo abananada, porém obtinha tranquilidade e renovada abertura. Assim, por opção, tentaria esquecer. Recomeçaria apresentando alegria, pois outra tática era ridículo acalentar.
Carla Silva, 45 anos, Barbacena, Elvas
Desafio nº 153 ― frases com APOTERA

Natércia Tomás ― desafio 161

Enterrando até às orelhas o velho boné às riscas, tão sebento e cheirando tanto a mofo, Samuel atento, pousou silencioso o fagote na mesa e apontou cautelosamente a fisga em direção à mosca solitária que teimava em pousar no saco de cereal que abandonara no chão. Errou o alvo. Ficou muito desanimado e perdeu o rumo: tinha que praticar. Abusara do azeite ao almoço, esse vício tóxico que lhe dava volta à tripa e o deixava enjoado.
Natércia Tomás, 65 anos, Caldas da Rainha
Desafio nº 161 – 14 palavras com fisga

23/01/19

Natalina Marques ― desafio 161


Levava ao moinho o CEREAL, de caminho passaria pelo lagar do AZEITE.
Nesse dia estava com a MOSCA, fazia das TRIPAS coração, para não levar a FISGA.
Deveria ter os pés bem assentes no CHÃO.
À noite  regressou ao VELHO casebre que cheirava a MOFO e atirou com o BONÉ.
Lembrou-se do avô, do TÓXICO  VÍCIO de tocar FAGOTE nos bailaricos da aldeia
Foi PRATICAR, achando que  ganharia uns trocos, se RUMASSE com ele  para a cidade.
Natalina Marques, 59 anos, Palmela
Desafio nº 161 – 14 palavras com fisga

Ana Silva ― desafio RS 48


Acordei cansada, tinha sido uma noite sem sono, num arrastar de dúvidas e decisões por tomar.
Arrastei-me até ao chuveiro e ignorei o reflexo do espelho, não conseguia encarar-me naquele estado caótico.
Deixei a água cair sobre mim e lavar-me os pensamentos negativos: decidi – vou pedir demissão e voltar a África. 
Peguei na toalha, e, enquanto me limpava olhei-me, finalmente, o que vi foi: um rosto diferente no espelho.  Dei uma gargalhada, aberta, estava no bom caminho.
Ana Silva, 45 anos, Nelas
Desafio RS nº 48 ― um rosto diferente no espelho

Carlos Rodrigues ― desafio 161

Apareceu com o velho boné para ensaiar na banda onde tocava fagote. Tinha o vicio de praticar e usava um espaço da casa, onde guardavam o azeite e os cereais, para treinar. Pena que cheirasse a mofo, parecia um cheiro tóxico entranhado no chão, mas ele já estava habituado.
Hoje teve a visita do neto que trazia a fisga para matar as moscas que ali abundavam. Miúdo de tripa sensível, tinha um rumo na vida. Ser músico.
Carlos Rodrigues, 59 anos, Lisboa
Desafio nº 161 – 14 palavras com fisga

22/01/19

Apoio às escolas - jan-fev 2019

Já aqui está:
http://www.77palavras.margaridafs.net/index.php/blog-dynamic/65-apoio-as-escolas-jan-fev-2019


Beatriz O ― desafio 160


Era uma vez uma família. O filho fazia os trabalhos de português e disse à mãe que tinha aprendido quatro palavras: figura, fogo,  figo fagote. Para além dessas, descobriu como se escrevia fuga.  Estava muito contente. A mãe respondeu-lhe que estava muito feliz e que tinha ficado com muita vontade de andar de foguetão. Mas o  filho respondeu que ela tinha de dizer  fag, fog, fig. Ups! Enganou-se e a mãe fugazmente foi para o fogão.
Beatriz O, 6º A, CPL/CED NAP, prof Teresa Monteiro
Desafio nº 160 – plvrs com FAG, FIG, FOG, FUG

Susana Dias ― desafio 161


Naquele dia fiquei sem chão.
Estava a praticar com a fisga, e até o velho boné me caiu.
Fiquei sem rumo, quando olhei para o meu relógio...
Corri tanto para chegar a tempo ao meu vício, as aulas de fagote!
Chegado lá, nem mosca vi. O local cheirava a mofo e a detergente tóxico. Mal se respirava.
Senti a tripa enjoada e saí a correr.
Aproveitei o meu tempo e fui à mercearia comprar azeite cereal.
Susana Dias, 42 anos, Caldas da Rainha
Desafio nº 161 – 14 palavras com fisga

Iris R ― desafio 160


Numa tarde de sol o senhor Figueiredo estava na sua horta a tocar fagote.
Quando ouviu um som estranho era a figueira a cair. Começou a escurecer e fez uma fogueira. Sentou-se a admirar as fagulhas.
No dia seguinte, pela manhã, comeu  muitos figos. Tantos comeu que lhe começou a doer o fígado.  Mesmo assim decidiu fazer uma fogaça no fogão.
Veio o neto que afagou,  o avô apagou o fogo que incendiava a cozinha e fugiu.
Iris R, 6º M, CPL/CED NAP, profs Elisa Ferreira e Sandra Gonçalves
Desafio nº 160 – plvrs com FAG, FIG, FOG, FUG

Graça Pinto ― desafio 161


André rumou ao monte onde o avô tinha um lagar de azeite. Desde que este falecera, jamais visitara aquele lugar de infância. Ao chegar ficou sem chão. A casa cheirava a mofo, uma mosca zunia prisioneira. No sótão, boné e fisga, responsáveis de ralhetes, vicio de apanhar passarinhos. Na parede o velho fagote, que o avô em notas tóxicas teimava praticar. Entardecera! Suas tripas reclamaram. No armário, nada!  Apenas uma lata de cereal. Saíu até à vila.
Graça Pinto, 60 anos, Almda
Desafio nº 161 – 14 palavras com fisga

Zelinda Baião ― desafio 161


A cidade pululava. Zunia, como moscas, ébria. E ignorava-o. Um chão era tudo o que tinha. Isso, uma manta, em fiapos, cheiro a mofo e azeite e o velho boné que repousavam ao lado da caixa de cereais. De dia vagueava, o rumo incerto. O ar, tóxico, uma agonia. À noite, insone, via-se, miúdo, uma fisga numa mão, na outra o fagote. Para praticar. Imposição paterna. Depois, adulto, gozara à tripa – forra. E acabara ali. Maldito vício!
Zelinda Baião, 55 anos, Linda-a-Velha
Desafio nº 161 – 14 palavras com fisga

Maria Loureiro ― desafio 161


Sentado no chãoboné estendido, roupas com cheiro a mofo, entrega-se à caridade alheia. O desemprego, o vício tóxico do álcool, a autocomiseração, tornaram-no um velho desamparado. Ouvi-lo falar é uma lição. Menino trabalhou no campo, exímio na fisgaafugentava os pardais do cereal. Com o pai, homem sempre pronto a ir aos fagotes, produzia azeite muito procurado. Rumou a norte. Apesar das tripas revoltas, tornou-se embarcadiço. Da prática da pesca, lembra-se das moscas. Nunca diz porquê.
Maria Loureiro, 64 anos, Lisboa
Desafio nº 161 – 14 palavras com fisga

Roselia Bezerra ― desafio 161


Só pesca milagrosa
Um velho pescador olhava o mar. Adorava ficar contemplando a maré que nem sempre estava para peixe.
Sentia-se como tombado ao chão, quando exercitava praticar a pesca, quase que por vício tóxico, seu morinete, como fagote, tinha mofo, só dava mosca na tripa que colocava como  isca e nada mais.
Atirava o chapéu da cabeca rumo à casa, nenhum peixe fisga e passava no mercadinho a providenciar azeite e cereal para incrementar seu jantar sem peixe sonhado. 
Roselia Bezerra,
64 anos, ES, Brasil
Desafio nº 161 – 14 palavras com fisga

Paula Castanheira ― desafio 161


Chão do Douro ganhara em dinamismo, o que perdera em moscas.
Anastácio, Presidente da Junta, mudou o rumo daquela terra. Libertou-se das mentes tóxicas e apostou na produção de azeite cereais.
As velhas fardas sacudiram mofos de anos e emproadas saíram à rua. Os instrumentos brilhavam, enquanto os bonés protegiam as orgulhosas cabeças da banda. António, praticante de fagote desde menino, dava asas ao vício.
As crianças fisgavam tripas doces.
Havia palmas, sorrisos e muita esperança!
Paula Castanheira, 54 anos, Massamá
Desafio nº 161 – 14 palavras com fisga

Maria Loureiro ― desafio 158


César entendeu ir, antes descurecer, nadar atão afamado lago. Na verdade não era um lago, mas um pequeno afluente do Nilo. Cavalgava rodeado dos centuriões de confiança. Ia ensimesmado. Aquela história, ainda ciciada, dum homem que nasceria por aqueles lados e sublevaria a organização social do império, andava a incomodá-lo. Decidiu regressar, tinha um compromisso. De visita, Calpúrnia aguardava-o. Sempre com más notícias e mal disposta. Outro César enfrentaria aquela história quase cinquenta anos depois.
Maria Loureiro, 64 anos, Lisboa
Desafio nº 158 – acróstico de CEIA DE NATAL

Sílvia Rodrigues ― desafio 161

Ao longe ouvi o som forte e melodioso de um fagote. No ar, pairava um cheiro estranho que fazia lembrar o odor do azeite. Rumo à descoberta, coloquei o meu velho boné na cabeça, vesti um casaco fininho, uma tripa de tecido que cheirava a mofo, e caminhei pelo chão de areia e pedras brincando com uma fisga. Encontrei-o no campo de cereais a praticar. Nem uma mosca o perturbava. Música, um vicio tóxico no bom sentido.
Sílvia Rodrigues, 43 anos, Faro
Desafio nº 161 – 14 palavras com fisga

Carolina S ― desafio 157


Num vale distante em Trevelin, havia uma menina chamada Camélia.
Esta usava sempre uma peça magenta. Era pequenina na altura em que a recebera, mas, uma vez que Camélia tinha uma característica distinta das restantes amigas, a peça ainda lhe servia.
Até que, um dia, Camélia decidiu subir à serra e, na altura em que a luz saiu de trás das nuvens e a atingiu, Camélia sentiu-a subir pela sua alma. Nesse instante, apesar de assustada, cresceu.
Carolina S, Colégio Paulo VI, Gondomar, Prof.ª Raquel Almeida Silva
Desafio nº 157 ― hist de coragem sem O